terça-feira, 9 de setembro de 2008

Os negros e o recente estudo do IPEA: nosso retrato


O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em estudo recente divulgado hoje, demonstra que os índices de escolaridade, renda e pobreza da população negra registraram melhoras entre 1996 e 2006, mas as condições de vida continuam inferiores às dos brancos no Brasil.

Segundo dados do estudo, em 1996, 82,3% dos negros estavam matriculados em etapas do ensino fundamental adequadas à sua idade e apenas 13,4% no ensino médio. Em 2006, essa porcentagem subiu para 94,2% no ensino fundamental e 37,4% no médio. A proporção de negros e negras que estudavam no ensino médio, entretanto, ainda é muito menor que a de brancos - que chegou a 58,4% em 2006.

Os brancos ainda vivem com quase o dobro da renda mensal per capita dos negros - pouco mais de um salário mínimo a mais.

Outras constatações do estudo mostram que a população negra é menos protegida pela Previdência Social do que os brancos - especialmente no caso da mulher negra - e começa a trabalhar mais cedo para se aposentar mais tarde.

Especialistas dedicados à questão da desigualdade racial concordam entre si com a raiz histórica deste vácuo econômico entre brancos e negros. Educação básica deficiente e pouco universalizada, a herança histórica deixada por séculos de escravismo e uma tradição de ocupar empregos de pouco prestígio social estão entre as causas da diferença.

Para o sociólogo Rogério Baptistini Mendes, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), o fim da escravidão sem a criação de um mercado de trabalho que absorvesse a mão-de-obra negra e herança de concentração fundiária na mão de ricos produtores agrícolas privaram a população negra de acesso a "mecanismos democráticos de ascensão social, econômica e cultural". "A sociedade brasileira foi constituída em três séculos de colonização e quatro de escravidão. Isso gerou uma estrutura de segregação absoluta que foi sendo superada ao longo do século 20, mas não na velocidade necessária para democratizá-la", foi o que o sociólogo explicou. "Não temos mecanismos para distribuir a renda. É como se no século 21, ainda vivêssemos em uma sociedade escravocrata." Apesar dos tímidos avanços, triste se não fosse nossa realidade. Se quiser saber [+ clique aqui]


2 comentários:

Anônimo disse...

Filho, que coisa mais triste este artigo sobre retrato das desigualdades de gênero e raça.
Fui até o página onde está o artigo sobre "Retrato das
desigualdades de gênero e raça"
– 3ª edição –
Análise preliminar dos dados

É um "estudo elaborado pelo Ipea desde 2005 com informações sobre a
situação social brasileira sob a ótica dos dois determinantes principais das desigualdades existentes em nosso país".

Meu filho, é um estudo de 15 páginas, mas que deve ser lido para refletirmos como o nosso país ainda está atrasado, quanto a educação, saúde, etc...

Mais uma vez Ricardo, você está de parabéns.
Já imprimi este artigo para ler com calma.
Um beijo, da mãezinha, ANNA MARIA

[Farelos e Sílabas] disse...

...

A mãe é de uma inteligência que me encanta. Queria ter uma única gotinha dessa sabedoria espalhada nos meus vasos sanguíneos. E nem ousarei dizer aqui aos leitores tudo o que você já fez (e ainda faz) porque iriam ficar admirados. Só dou uma dica aos curiosos: não mexam com ela. No primeiro dia de Krav Maga assertou em cheio as bolas do mestre, né, mãe! (rs)

Te amo, inteligente e altivamente bela!

Beso!

...

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