quinta-feira, 31 de julho de 2008

A identidade do amor


“Amor em qualquer língua traz união”. Retirei a frase de meu arquivo musical. Assisti há algum tempo atrás a apresentação de corais, um dos quais me tocou profundamente. O refrão dizia exatamente o que é verdade pra mim (e pra muita gente). Amor é apátrida. Desconhece fronteiras. Povos. Línguas. Nações. Guerras e quaisquer conflitos que se tenha construído durante sua ausência também desconhece. Ele simplesmente é acima de tudo e de todos. Ele é. Nada mais, além do amor, é. Tudo o mais apenas existe. A natureza inteirinha, rica e multidiversificada, existe. Mas apenas o amor é porquanto amor é Deus, posto que Deus é amor.


Quem ama conhece a Deus, saiba disso a pessoa como informação ou não. Amor não é conceito, definição ou idéia. Amor não é desejo, sentimento, nem posse, nem razão, nem nada que se caiba em qualquer lugar definido ou “esperável”. Amor é sempre Graça de Deus. E o amor, sinceramente, penso, não está nem aí para a devoção racional ou sobrenatural (espiritual) que tenhamos em relação a ele. Ele se faz presente. Age. Acontece. E faz toda a diferença no ser e em cada ambiente por onde seus rastros construam o bem.


O amor não tem pressa, sabe fazer a hora. Ele sabe que vence. Tudo espera, tudo alcança, o que vale dizer prospera em todos os seus objetivos. Tanto no Cristianismo quanto no Espiritismo sabe-se que o amor é mais forte que a morte. O amor jamais acaba, remonta-nos em sabedoria o discurso de São Paulo aos Coríntios.


O amor não é prático. Ele é simples. Não é solucionador, é amigo e solidário. Não é dono, mas naturalmente servo. Não tem razão, mas apenas existe da razão de ser: o amor.


Caio Fábio diz, em “O que é importante?”, que onde quer que você veja alguém que prefere a paz à contenda, que deseja mais a vida do que a “vitória”, que se compraza na verdade e na justiça mais do que em “conquistas”, que não se ensoberbeça e nem se torne arrogante diante de qualquer sucesso, que tenha alegria na alegria dos outros, e se condoa das dores do próximo, e que tendo como, sempre faça alguma coisa, sem jamais tornar-se cínico ou blasé, e sempre reverenciando e respeitando o próximo – saiba: aí está quem ama; e, portanto, é nascido de Deus, pois, ama a todo aquele que de Deus é nascido, e também a todo aquele que sendo de Deus, ainda não se fez Dele nascido.


Para muitos o que digo é uma super-redução. Mas para quem sabe o que amor é, mesmo que seja um Forrest Gump, o que digo diz tudo o que importa na vida e aos olhos Daquele que vê.

Nota: A citação de Forrest Gump, o que inspirou a própria imagem acima, tem a ver com o artigo ao qual me referi “O que é importante?”, no qual se poderá compreender melhor o uso da imagem, sobretudo quando diz: “Pouca gente sabe (como Forrest Gump) o que o amor é de fato. (...) O problema é que ao ouvirmos falar de amor pensamos em tudo, menos em amor mesmo! (...) Amar é uma decisão do entendimento do sentido da vida”.

O amor e o jardim de pedras: quando nossos conceitos e nossas ações escolhem “como” deve ser o amor


Franciscanos recusam alimentos doados por organizadores da Semana do Orgulho Gay


Quantidade de alimentos arrecadados durante os eventos da 3ª Semana do Orgulho Gay de Uberaba é de aproximadamente duas toneladas. Assim como no ano passado, os donativos seriam destinados à Fraternidade de Aliança Toca de Assis (franciscanos). Entretanto, a organização da Semana terá que encontrar outro destino para os alimentos. A fraternidade recusou a doação.

Apesar de sobreviver de doações, os franciscanos resolveram não aceitar os alimentos avaliando as circunstâncias em que eles foram arrecadados. "Somos uma fraternidade católica. É claro que a Igreja não exclui ninguém e ama o pecador. Mas não podemos incentivar o homossexualismo. O homem foi feito para a mulher", ressaltou Irmão Bonifácio, guardião da Toca de Assis. Questionado por que em 2007 a Fraternidade aceitou a doação, o guardião revelou que não estava no local quando os alimentos chegaram. "O religioso que os recebeu não conhecia a origem da arrecadação", disse.

Sueli Arantes Borges, diretora de ação artística e cultural da Fundação Cultural e responsável pela arrecadação dos alimentos, tomou conhecimento da decisão da Fraternidade após contato do Jornal da Manhã, e afirmou estar horrorizada com a postura da Toca de Assis. "Realmente não havíamos comunicado oficialmente a eles que iríamos fazer a doação. Mas, como aceitaram no ano passado, nunca passou pela minha cabeça que esse preconceito iria acontecer", ressaltou.

Ainda segundo Sueli, a Toca de Assis havia sido escolhida para receber a arrecadação, pois no ano passado os organizadores conheceram a Fraternidade e ficaram sensibilizados com o trabalho naquele local desenvolvido. "Fomos até lá e ficamos encantados com tudo. Mas, quando olhamos a despensa deles havia apenas alguns pacotes de feijão e quase nada na geladeira. Agora, não sei nem o que dizer. Para mim, isso não é postura de um filho de Deus", salientou.

Bispo. O JM tentou contato com o arcebispo metropolitano de Uberaba, Dom Aloísio Roque Oppermann, para conhecer a opinião dele sobre o posicionamento da Toca de Assis; entretanto, ele não atendeu a reportagem. De acordo com a secretária do religioso, ele estava em uma reunião que não havia previsão para terminar.

Sobre o novo destino dos alimentos, Sueli revelou que ainda não sabe qual será.


Nota: Artigo de Mário Sérgio (Jornal da Manhã, edição de 29/07/2008)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O que não quero e o que quero


O que eu quero? Melhor quando reflito sobre o que não quero. E o que não quero? A linha que não cabe palavra. A palavra que mal dita, agride. O que foge e leva o que não era seu. O que antes estava e não permaneceu porque sem amor. A idéia que, infecunda, não germinou em ação. A semente que mirrada não vingou plantinha alguma. A vingança que corrói a justiça. A ansiedade que intimida a fé. O calor que a chuva de verão não leva. O tempo que muda bruscamente com a nuvem. A palavra que fura versos num tapete de idéias ocas. Os buracos dos furos da agulha nos dedos de quem escreve. Os buracos dos furtos e das balas no peito de quem passa. As histórias que não queremos ouvir. A vida que nos conta mesmo assim. O abraço apressadamente desabraçado. O beijo insípido e incolor. O tempo fora de tempo. O homem pedrado que não sente. A incerteza atroz que rege o momento seguinte. O instante em que tudo de repente se foi. O susto. O grito. O “foi-se”. A falta de chão, qualquer um, até na realidade. E o que não quero mais não-querer. O que não dá mais pra querer. Estranho é o querer e o poder. Nem sempre somos enquanto temos. Ter-se-ia sem ser? Só o amor constrói o bem-querer. Mas a alma insiste sempre em querer ser mais. Eu disse mais. Ecoa o mais, mais e mais. Mas se não quisesse o que não quero? Dependeria de mim apenas. Vale à pena não querer algumas coisas que deixaram de ser coisas, idéias, atos e preparos. Não quero o que não for meu. Não quero o que foge com a paz. Não quero palavras furadas em papos igualmente furados. Não quero agulhas, furtos ou balas no peito. Sequer a violência eu quero, até a que acontece. Não quero saber pra não saber como proceder. Não quero estar onde minha consciência não se sinta bem. Nem se assente bem. Não quero querer o mal. Não quero o bem mal querido. Indiferença também não quero. O medo quero é lançado distante de mim. O perfeito amor lança fora todo o medo. Medo de querer ser simplesmente eu, muito prazer? O mundo tem muitos quereres. Eu apenas alguns poucos na minha imensidão-de-mim. Mas são legitimamente meus. Eu os germinei como quem quer desde sempre nas minhas terras. Alguns passei a querer depois de me sentir querido. Continuam meus quereres. Mas não quero a verdade-mentira ou a mentira-mentira. Assim como não quero a palavra que não semeia vida ou a mera aparência do bem. Aparência, aprendi, é o que aparenta mas não é. Querer o que não é? Que susto! O homem é o que é. Eis um grito de verdade! Se não me quiserem? É o “foi-se” uma resposta? Um certamente quererá! Caberá a você fazer a melhor leitura Daquele que me quer antes que eu O quisesse em mim!

Perguntaram-me se acredito em Deus


“Perguntaram-me se acredito em Deus. Respondi com versos do Chico:

“Saudade é o revés do parto,
É arrumar o quarto para o filho que já morreu.”

Qual é a mãe que mais ama?
A que arruma o quarto para o filho
Que vai voltar
Ou a que arruma o quarto para o filho
Que não vai voltar?
Sou um construtor de altares.
Construo altares à beira de um abismo
Escuro e silencioso.
Eu os construo com poesia e música.
Os fogos que neles acendo
Iluminam o meu rosto
E me aquecem.
Mas o abismo permanece
Escuro e silencioso.”

Rubem Alves

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Vidas, portas, janelas e varandas


A vida tem seus vieses particulares, bem a seu modo de mostrar-se fôlego de existência sobre a criação. A vida é escola. É caminho. É chão. É solo pra quem pisa. Não se sabe se torto ou com quaisquer certezas. Dependerá de quem pisa, não propriamente do solo.


A vida também é mar de muitas imensidões, cada uma dentro de outra até se esgotar o inesgotável das regiões mais abissais. Até lá, no entanto, há vida manifesta. Só é preciso ir lá pra conferir. Mas vida há. Pra uns, termina. Pra outros, recomeça. Pra uns e outros, reinicia-se. Falo de reinício, o que é diferente de ressurreição. Esta última é palavra-verdade própria do cristianismo. Renascimento é mais adequada como vestes para as religiões orientais. Gatos há que têm sete. Gatos há, eu já vi, com apenas uma vida.


Mas o que entendo por vida prossegue...


Vidas são casas. Há algo diferente em cada um de nós por zilhões de razões, porém todos concordamos que somos casa de nós mesmos. Nós nos aninhamos em nós. Nossa casa é nosso lar. Nosso lar é nossa vida. Há sentido. Todos os sentidos. Por falar neles, às vezes sinto na vida os odores das poesias de Adélia Prado. São olfativas e me inspiram cheiros de lembranças na vida. Sei que minha parcialidade interfere porque gosto de Adélia. Gosto também das construções poéticas nos versos de Alice Ruiz. A cada vez que leio, sei e sinto que a vida é estigma de sentimentos à flor da pele. É o sentir a nossa identidade dentro da casa que nos guarda a alma. Vida quando sentida – posto que há muitos que sequer sentem que estão vivos! – é como porta aberta com brisa expirando e inspirando nos corredores do peito. Fecho os olhos e sinto que meus corredores se iluminam no respirar.


Viver, pra mim, é tal qual palavra que se constrói sentado na espreguiçadeira. Tudo isso, diga-se, dentro da casa que nos habita. Vivo dias nos quais meu maior desejo é refestelar-me num canto qualquer. Não importa qual. Basta o que tiver desocupado e não for de ninguém. É bem ali que me sento dentro de mim sem querer fazer nada. A casa é o nosso bem-querer de nós. Quem não se ama, não sabe se habitar. É casa mal cuidada sob névoas e poeiras de males sem fim lhe sendo encobertas silenciosamente.


Viver é uma ação diária no cuidado de nossa casa-existencial. Viver não é apenas verbo. Ele não satisfaz sem o sujeito “nós”. Viver ensimesmado é conjugação indireta de um verbo que não transita além de si. Isso é trancar as portas e janelas da casa por medo de se perder no outro. Não cai bem. Viver é, portanto, palavra-ação que mexe no mundo da gente e bagunça tudo. Põe diferente a cada dia, de tal modo que nenhum dia é igual ao que se passou. Põe diferente a casa da gente, igualzinho como faz no nosso mundo. E como é bom saber que tudo muda, até a vida da gente quando portas e janelas se abrem.


Sei, contudo, que há portas que se fecham para os precipícios. Janelas há que não se abrem para o que se foi. Mas há janelas e portas talhadas em esperança. São destas que falo quando as abro ao convite do Sol, ao contemplar o raiar de sua Graça em mim. Portas e janelas de esperança. Nem sempre se mostram fáceis de serem reconhecidas. Mas estão lá. Inteiras e vistosas. Abertas como as oportunidades do dia que sempre se renova. É preciso olhos de criança pra percebê-las como são. Crianças vivem suas próprias casas repletas de energia dos sonhos. É preciso mais? Eu ainda tenho muito a aprender com elas...


Além das portas e janelas que a vida apresenta em cada casa, as varandas acordam para seu papel não menos importante.Quem nunca varandeou é porque nunca soube aproveitar o ócio. Escutamos muitos barulhos existência adentro. Como fica o necessário silêncio? Mestre Cohen, na palestra a que assisti em junho passado, disse com propriedade que o silêncio tem o nosso próprio som. Precisávamos ouvi-lo, orientou-nos com monástica sabedoria. Não é fácil ouvir nosso silêncio nos tumultos da vida. Aquietação. Eis a palavra que se estabelece como convite. Aquietarmo-nos um pouco nos ventos e vaivens do estresse diário. Um instante que seja. Isso é varandear no existir que se assenta no canto que a gente mesmo escolhe.


Se me perguntassem o gosto de habitar em nossa casa-existência, evitaria falar do óbvio. Sentir a ternura da brisa que desliza pelo ar através das portas e janelas abertas. Este é o óbvio. Talvez falasse de outros sentires. Alguma coisa próxima de um abraço paternal, quem sabe? Servem outros abraços desde que sejam com expressão protetora e acalentem o som do nosso silêncio. Um abraço bem dado carrega a sensação de uma casa feliz. Por entre os braços, adentro com minha casa dentro da casa que me sorri no abraço. Numa troca de alguns instantes, eu varandeio no abraço bem dado. Ao lado das janelas, que são os olhos, as portas surgem como as oportunidades. As varandas sorriem nos instantes nos quais paramos pra nada fazer senão nos ouvir, silenciosamente, nos abraços. Cada casa tem as suas. Sejam janelas, portas ou varandas. Não importam onde tenham sido construídas desde que haja alicerce firme. Os vieses são particulares nas formas e nos meios que usamos pra aproveitar (ou não) o prazer de viver. Prazer tem a ver com gostos e cheiros de múltiplas lembranças. Prazer de viver tem a ver com as poesias de versos penetrantes. A cada verso, uma palavra construída que cai preparando telhado. Afinal, casa que é casa precisa de telhado.


Portas, janelas e varandas. Depende de quem "se" vê. Depende de como "se" vive. Casa feliz é casa que “se” ama. Pergunte às crianças. Elas sempre verão com o coração que se requer de todos. O "se" foi mais uma partícula ensinada por elas...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Altos papos de domingo


Ontem, ao me reunir nostalgicamente com a turma para a qual lecionei aulas de religião há três aninhos atrás, pude revisitar minhas próprias memórias naquele encontro. Como são todos jovens, novidades sempre surgem com informações do tipo: alguns casaram, outros se tornaram pais (dois deles, pra ser mais exato, foram pais nesta semana, mostrando-me corujamente as fotos no celular). Outros, ainda, falaram dos cursos que fazem nas respectivas faculdades e do prazer de construir alguma coisa na semeadura para um futuro próximo. Alguns, antes muito calados, encarei dessa vez mais falantes (bem mais falantes). Coisas de uma fase extraordinária no caminhar existencial. Infância e juventude, pra mim, são assim. Intensos, diria. Tanto de vigor quanto de experiências e oportunidades em construção. Abraços incessantes, alguns demorados, e outros que não quiseram ser desabraçados. Tudo isso experimentei nas horas reservadas ao nosso encontro. Ao final, conseguiram vender o seu peixe. O “deles”. E o fizeram com tanto carinho que me constrangeria ao negar-lhes um “sim”. Daqui a algumas semanas estarão bolando um congresso para trabalhar algumas idéias que já desenvolvem, foi o que me disseram. E o objetivo no encontro também o foi de me convidar a ser um dos preletores oficiais, falando de Evangelho e engajamento em movimentos sociais e culturais. O protótipo do cartaz (e dos folders) de divulgação me mostraram ontem mesmo. Bastante criativo. Aliás, considerando as idéias que me passaram do congresso, tudo é muito criativo. Debates e oficinas paralelas a respeito de subtemas ligados à ideologia do consumismo, preservação ambiental, cegueira política, entre outros, só ampliou minha certeza que aqueles anos de trabalho com eles resultou em excelentes cabeças pensantes no seio do cristianismo. De resto, altos papos fecharam a noite. De quebra, muitos abraços dados e recebidos com sede de quero mais.


Nota: na imagem acima, alguns deles. Entre jovens e adolescentes, alguns não saíram na imagem. Eu também não saí, mas estava lá, viu! (risos).

Reflexão para um feriado (que não é nosso)


Hoje é segunda-feira, 14 de julho. Aniversário da Queda da Bastilha. Feriado na França. Liberdade, igualdade e fraternidade. Frase atribuída a Jean-jacques Rosseau. Lema dos revolucionistas, baseado na forte influência do Iluminismo. Idéias que também alcançaram o nosso país, mais propriamente nas Minas Gerais, através de um grupo de intelectuais, clérigos e militares que iniciaram uma conspiração contra o domínio da Coroa portuguesa lá (e não no resto do país). O resultado, todos sabemos, acabou dando em pizza em razão de vários outros fatores. Nasceu, no entanto, um mártir. “Tiradentes”, o alferes Joaquim José. Sempre gostei de aulas de História. Sempre gostei de muita coisa ligado às áreas Humanas, seja literatura, filosofia, sociologia e línguas. Mas, os ideais do Iluminismo até hoje permeiam nossas leis, inclusive nossa Carta Magna. A questão é se podemos dizer a quantas andam, na prática, a liberdade de ser, ir e vir em nossa pátria, a igualdade de direitos (mesmo!) e oportunidades de acesso a serviços e a fraternidade acerca da qual tanto falou Jesus desde os idos do Evangelho. A quantas andam tem a ver com nossa predisposição nos engajamentos, nas ações (ou omissões) que são geradas a partir de nossas atitudes individuais e coletivas. Numa frase: o que temos feito? É só pra pensar mais um pouco...

domingo, 13 de julho de 2008

Pérolas de Alice e de Cinara


"te procuro
nas coisas boas
em nenhuma
te encontro
inteiro
em cada uma
te inauguro"

(Alice Ruiz)



"As pessoas precisam de pessoas,
mais que de sol e dinheiro".

(Cinara Diniz)

sábado, 12 de julho de 2008

O amor e o que desejo


Desde há alguns dias tenho refletido sobre as relações humanas. Falei ontem sobre uma vertente dessas relações, talvez a mais importante pra muita gente boa. Ao menos pra mim é, sem dúvida alguma, a mais importante delas: o amor.

Nenhuma casa se mantém firme, de pé, se não for pela estrutura bem fundamentada. Igualmente o ser humano não será saudável se não tiver amor correndo pelas veias. Veja que não falei de saúde física propriamente, mas de saúde emocional. Somente os que amam e se sabem amados obtêm saúde emocional. São sólidos. Não oferecem queixas algumas a quem quer que seja. São felizes. Felicidade é conseqüência de quem ama. Não importa quem. Ama-se.

Pois bem, hoje as palavras engravidaram de outros significados. Não, não mudei pensamento acerca de nada. O que mudou foi apenas a ótica das coisas. Tem a ver com o extravasamento do olhar interno pelo externo. Ao me referir sobre o amor como alicerce, pensei como os alvos desse amor se estabelecem nas nossas relações, no campo subjetivo do desejo humano. Pareço chover no molhado? Explico. Sei do que tô falando. Desejo também tem a ver com as interpretações do nosso olhar. O olhar pra fora é sempre resultante do olhar de dentro de nós.

Minha sensibilidade nestes dias de reflexões assume algumas proporções inimagináveis diante de certas realidades. Falando nelas, penso como cada um projeta aquilo que lhe é agradável num outro ser. Não sei do gosto de terceiros, mas sei o que considero agradável justamente por aquilo que não buscaria pra mim. Eu não buscaria estar com alguém que não tivesse um bom olhar da vida. Seres adoecidos por compulsões estranhas, taras e comportamentos sexuais ao estilo “fast food”, definitivamente, não estariam em minha lista de desejo como homem. Alguns tipos de predicados, como a preguiça, a excessiva vaidade, o individualismo, a ausência de papo sério (tem mais a ver com maturidade do que com formação), mas sobretudo a falta de fé Naquele que é também não me encheriam os olhos. Isso me é importante? Sim, tanto mais quanto quem tem elevada altura (confesso minha fraqueza...), é inteligente e se reconhece pela integridade! E por que a fé é importante? Porque desejar é, pra mim, querer estar junto. E junto por muito tempo. De minha parte, não conseguiria caminhar muito tempo junto sem a troca de energia que a fé produz como resultado do relacionamento dentro do qual Deus estaria. Amor sem Deus é mera convenção a dois. O que sonho é mais enraizado!

O livro do profeta Amós ensina com sabedoria oriental: “andarão dois juntos se não houver entre eles acordo?”. Como posso admitir caminhar por longo tempo juntinho, porém sem acordo no tocante Àquele que é Graça em nós? Não falo aqui de religião, mas de discernimento espiritual em Graça. Papo estranho, não? Graça é tudo e tudo é Graça, ou seja, favorzão de Deus a nós. Vida, ar, sonhos, bem-estar, projetos, família, casamento, enfim, tudo! É tão bom saber que ao seu lado está alguém que também reconhece a imerecida Graça como Bem Maior! É tão bom caminhar rumo ao mesmo alvo, que é Deus, revelado em Graça em seu Filho! A caminhada torna-se prazerosa como um dia perfeito. Como, de fato, o é! Mas, como diria um amigo com quem conversei recentemente, cada um é cada qual. E sei que “cada qual” é pra cada um de nós. Os nossos olhares são como filtros que captam o que nos agrada. Isto tem a ver com escolhas que fazemos. Tem a ver com as seleções naturais dentro da natureza de “cada qual”. A subjetividade está no ar. Contudo, não importa de que forma amemos desde que amemos. Não, não estou olhando “pra fora” ao falar de amor porque meus olhos “de dentro” estão enamorados por alguém. Apenas respondi a uma pergunta que semanas atrás me fizeram. “E você, Cardo, amaria que tipo de alguém?” Já respondi. Hoje apenas pus no olhar “de fora” o que nem todos sabiam estar “dentro”. Se até os brutos também amam, por que descartar os pensadores de bem? É mais uma reflexão para o fim de semana.

Nota: na imagem acima, montagem com múltiplas faces de um mesmo sorriso, no caso, o meu.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

A palavra, o verbo e o que agrada


Desde há alguns dias tenho refletido sobre as relações humanas. Falei ontem sobre uma vertente dessas relações, talvez a mais importante pra muita gente boa. Ao menos pra mim é, sem dúvida alguma, a mais importante delas: o amor.

Nenhuma casa se mantém firme, de pé, se não for pela estrutura bem fundamentada. Igualmente o ser humano não será saudável se não tiver amor correndo pelas veias. Veja que não falei de saúde física propriamente, mas de saúde emocional. Somente os que amam e se sabem amados obtêm saúde emocional. São sólidos. Não oferecem queixas algumas a quem quer que seja. São felizes. Felicidade é conseqüência de quem ama. Não importa quem. Ama-se.

Pois bem, hoje as palavras engravidaram de outros significados. Não, não mudei pensamento acerca de nada. O que mudou foi apenas a ótica das coisas. Tem a ver com o extravasamento do olhar interno pelo externo. Ao me referir sobre o amor como alicerce, pensei como os alvos desse amor se estabelecem nas nossas relações, no campo subjetivo do desejo humano. Pareço chover no molhado. Explico. Sei do que tô falando. Desejo também tem a ver com as interpretações do nosso olhar. O olhar pra fora é sempre resultante do olhar de dentro de nós.


Minha sensibilidade nestes dias de reflexões assume algumas proporções inimagináveis diante de certas realidades. Falando nelas, penso como cada um projeta aquilo que lhe é agradável num outro ser. Não sei do gosto de terceiros, mas sei o que considero agradável justamente por aquilo que não buscaria pra mim. Eu não buscaria estar com alguém que não tivesse um bom olhar da vida. Seres adoecidos por compulsões estranhas, taras e comportamentos sexuais ao estilo “fast food”, definitivamente, não estariam em minha lista de desejo como homem. Alguns tipos de predicados, como a preguiça, a excessiva vaidade, o individualismo, a ausência de papo sério (tem mais a ver com maturidade do que com formação), mas sobretudo a falta de fé Naquele que é também não me encheriam os olhos. Isso me é importante? Sim, tanto mais quanto quem tem elevada altura (confesso minha fraqueza...), é inteligente e se reconhece pela integridade! E por que a fé é importante? Porque desejar é, pra mim, querer estar junto. E junto por muito tempo. De minha parte, não conseguiria caminhar muito tempo junto sem a troca de energia que a fé produz como resultado do relacionamento dentro do qual Deus estaria. Amor sem Deus é mera convenção a dois. O que sonho é mais enraizado!

O livro do profeta Amós ensina com sabedoria oriental: “andarão dois juntos se não houver entre eles acordo?”. Como posso admitir caminhar por longo tempo juntinho, porém sem acordo no tocante Àquele que é Graça em nós? Não falo aqui de religião, mas de discernimento espiritual em Graça.

Papo estranho, não?

Graça é tudo e tudo é Graça, ou seja, favorzão de Deus a nós. Vida, ar, sonhos, bem-estar, projetos, família, casamento, enfim, tudo! É tão bom saber que ao seu lado está alguém que também reconhece a imerecida Graça como Bem Maior! É tão bom caminhar rumo ao mesmo alvo, que é Deus, revelado em Graça em seu Filho! A caminhada torna-se prazerosa como um dia perfeito. Como, de fato, o é! Mas, como diria um amigo com quem conversei recentemente, cada um é cada qual. E sei que “cada qual” é pra cada um de nós.

Os nossos olhares são como filtros que captam o que nos agrada. Isto tem a ver com escolhas que fazemos. Tem a ver com as seleções naturais dentro da natureza de “cada qual”. A subjetividade está no ar. Contudo, não importa de que forma amemos desde que amemos. Não, não estou olhando “pra fora” ao falar de amor porque meus olhos “de dentro” estão enamorados por alguém. Apenas respondi a uma pergunta que semanas atrás me fizeram. “E você, Cardo, amaria que tipo de alguém?” Já respondi. Hoje apenas pus no olhar “de fora” o que nem todos sabiam estar “dentro”. Se até os brutos também amam, por que descartar os pensadores de bem? É mais uma reflexão para o fim de semana.


Nota: na imagem acima, montagem com múltiplas faces de um mesmo sorriso, no caso, o meu.

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