No entanto, 2008 nem se importa com minhas nuances à la Janette Clair. Ele, quando se percebe, foi-se. De fato. À propósito: cadê?
Agradeço por ordem cronológica ao inverso. Estou de pé após três dias com quaisquer dessas viroses anônimas - pelo menos, pra mim - que nos embalam em casacos e cobertores, mas nos deixam chupando dedo, insatisfeitos com aquelas dores todas pelo corpo (precisavam ser tantas?), inclusive no latejo irritante dentro da cabeça. Emagreci 2kg, já considero um ganho inegociável. Tudo bem, não sou homem de dramas. Se possível, teria perdido de outra forma. E sem precisar do incômodo da febre!
2008 foi uma aula com muitos sóis pra mim. Sóis de sol-(i)-dariedade! Tantas lições que me inspirariam mais textos, alguns mais inteiros que os que por aqui semeio em palavras. Cresci pra baixo e para os lados. Alarguei algumas fronteiras. Removi estacas. Levei sustos e nadei nas águas gélidas das frustrações. Mal sabia serem lições de casa. Nada se perde, diria Lavoisier. Em algumas dimensões, encantei-me com a beleza da humanidade que re-LUZ num gesto ou num bom olhar; noutras, todavia, agradeci pelo privilégio de ter descoberto que alguns seres mui próximos, sorrindo e dividindo segredos de liquidificador, eram criaturas bizarras porquanto bifaciais (duas caras pra ser mais explícito na carona do termo). Por insistir naquilo que queria ver, só fui descobrir quando os ventos resolveram ser mais explícitos, transformando-se em vendavais. Houve alguns atropelos, quase cheguei às vias de fato. O resultado é que fui parar num posto médico com a pressão lá na cobertura de um prédio de 17 andares. Era maio, quase na metade do ano. Nunca mais um sorriso e uns tapinhas nas costas soaram como antes.
Os meses foram amadurecendo com as idas e vindas das estações. Os sóis, contudo, sempre despontavam. Nem que estivessem por debaixo das nuvens… Tantos frutos foram colhidos! A cada fruto, uma oportunidade. A cada situação, uma experiência diferente (algumas novas). Diante de mim, no entanto, o encontro com os melhores terrenos férteis para crescer pra dentro e pra fora. Abraços foram muitos. Nenhum deles igual. Assim como cada manhã. Assim como a experiência de me refazer do pó da terra.
Na última colherada em pleno café da manhã, a certeza de que o milagre é possível. Quem duvida é porque teima chamar experiência de experiência. E só.
Um brinde à luz do sol!
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