segunda-feira, 31 de março de 2008

No comments...

Amo comentar. Amo ler comentários no blog (neste ou em outros que amigos me indicam). Sei que algumas pessoas também. Mas não comentar não significa desapreço, enfim, nada dizer. O “aviso” de ontem mencionava alguns termos que repito apenas para tranqüilizar os visitantes (assíduos ou nem tanto): “focar”, “objetividade” e “interatividade”. E tudo isso pensando no carinho por todos os que um dia comentaram nestas plagas farelescas, diria. Nenhum comentário foi dispensável ou “des-significável”. Nenhum. Muito pelo contrário. Fizeram-me um bem que nem te-vi tem! Tá dado o recado!

Manifestações pela paz


Tava vendo o símbolo humano da paz que os húngaros formaram contra a ocupação do Tibete [foto]. Em muitos lugares vêem-se outras manifestações em prol da paz no Tibete. Neste caso, a “paz” é a desocupação territorial com a conseqüente liberdade política daquele país. Lembrei-me da luta de Gandhi na Índia no século passado. Esforço muito semelhante. Mas a paz se veste de outros trajes. Depende da ocasião. “Deixe-me em paz” é quase sempre um mero “posso, pelo menos...?” Sim, posso, pelos menos, assistir ao filme sem suas brincadeiras? Vem cá, posso, pelo menos, entrar e pegar minha chave? Ah, qual é! Posso, pelo menos, falar pra ele que tô gostando? E segue-se uma eternidade de posso, pelo menos...

As manifestações em prol da paz são diferentes, você pode dizer. E são mesmo. Luta política, engajamento religioso, ativismo de natureza social e organizacional, idealismo “in natura”, verve altruísta, não importa. Acontecem. Quase sempre chamam a atenção, mesmo que não tragam a sonhada “paz”. Mudam as nossas paisagens quase sempre. Mudam as demais paisagens noutras vezes. Nada é como antes quando fazemos alguma coisa em que acreditamos. Jamais. Por isso, creio, “paz” não é ausência de algo ruim ou belicoso, mas a consciência de que depende também de mim. Há um ditado budista que diz que “o que somos hoje e o que seremos amanhã depende de nossos pensamentos”. A “paz” estaria em mim? Não propriamente em mim, mas na teimosa vontade de crer contra as circunstâncias ao redor de mim, ou seja, no exercício da fé que carrego.

“Se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível”, diz Mateus 17. Nada será impossível. Nem a paz. Nem a libertação do Tibete. Eu não duvido!


domingo, 30 de março de 2008

Avisos


Já na próxima semana realizarei algumas mudanças no blog, aumentando alguns posts temáticos sobre a Graça (como se vê acontecer nos últimos dias), mas sem com isso perder a característica “crônica do cotidiano”. Algumas dessas mudanças atingirão os comentários. A partir de abril passarão a não existir, a fim de focar a leitura propriamente nas matérias, deixando pra que os e-mails cumpram esse papel com mais objetividade e privacidade aos leitores. A interatividade, como se vê, não deixará de existir. Beijão.

“O que digo aos ateus?”


“Um ateu não deve chorar jamais, amar jamais, beijar com sinceridade jamais; se preocupar com justiça, verdade, carinho, amizade, amor, e ódio, jamais; e jamais deveria ter ciúmes, e nem se enciumar de nada; menos ainda se importar com a vida e a morte; e, sob hipótese alguma deveria ter dor de consciência; e jamais sentir-se devendo nada aos céus, à terra e menos ainda aos homens; e sem esquecer-se de que tanto faz qualquer coisa, pois, se não há Deus, não há sentido, não há razão, não há por quê; pois, se não há Deus, o que quer que pela força ou pela inteligência ou mesmo pela maldade se fizer impor (caso assim alguém deseje e consiga) — em nada está sendo melhor ou pior do que qualquer coisa ou qualquer um. Sim! Sem falar que filhos nada mais são, em tal caso, que o produto de nós e para o nosso melhor uso e conforto (afinal, somos inteligentes!), não importando o uso.

Sem Deus, com tudo e com nada; e sem sentido para tudo ou nada; mas, havendo sinceridade, pelo menos levando até as ultimas conseqüências as implicações de uma existência sem Deus — dever-se-ia abraçar gelo na alma, sem alma, sem direito a emoção, sem permissão para dançar, sem licença para amar, sem nada a celebrar ou a chorar; sem chegadas e sem despedidas; sem berços e sem túmulos; sem nada além de nada; e, em caso de honestidade maior, abraçando o suicídio como devoção.

Apresente-me esse ateu (ainda que morto), e o saudarei com respeito. Até mesmo Friedrich Nietzsche não levou seu ateísmo até às últimas conseqüências, posto serviu-se todas as possibilidades que somente num mundo com Deus se poderia ter.

(...)

Não se preocupe em provar Deus para ninguém. Seu único discurso sobre Deus é viver Deus com tanta certeza em fé, que nenhum ateísmo seja sequer por você reconhecido, do mesmo modo que você não perde tempo provando sua existência para ninguém que vendo não aceite o que vê: você.

(...)

Deus se entende com os crentes, por que não se entenderia com os ateus?”

Caio Fábio

sexta-feira, 28 de março de 2008

Respeitável público, minha homenagem!

Brincando com folhas do meu calendário de parede vi que ontem [27 de março] foi o dia do circo e também do teatro. A data, segundo soube, foi criada numa homenagem ao palhaço brasileiro Piolin, que nasceu nessa data, no ano de 1897, na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo. Não poderia deixar algumas letras soltas sem juntá-las na palavra “arte”. Por isso, p-ART-ilho por aqui as ART-imanhas de meu bem querer quanto ao universo mágico do circo e o mar de emoções que o teatro sempre causam a quem os vê como p-ARTE-s indissociáveis do sentir a vida... Respeitável público, meus parabéns a estes ART-istas!

Conforme canta a vida


“Viver e não ter a vergonha de ser feliz... cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”. Versos em prosa. Prosa que se desmancha em declarações de amor de Gonzaguinha à vida. Mas o que é a vida se não se sabe viver? Não embarcamos na onda de Roberto ao cantarmos que “é preciso saber viver”? Como viver se há alguns que já morreram? Esses próprios [os que morreram estando vivos] o sabem, não contam objetivamente, mas muitas vezes a ortodoxia e a radicalidade com que devotam sua (des)esperança na vida já é o som de muitas vozes de agonia e morte [o desamor]. Vozes que se tampam com peneiras em plena luz do sol...

Ontem conversava com uma amiga ao lado de quem construímos vários projetos sociais. Muitos deles não vão poder mais existir em razão de absoluta falta de verba. Apenas aqueles que sobrevivem graças às doações continuarão. Trocávamos várias figurinhas enquanto separávamos centenas e centenas de caixas de medicamentos com prazo vencido daquelas outras tantas centenas com validade ao longo deste e do próximo ano. Doações recebidas para o projeto “Farmácia Comunitária”. Tivemos ajuda de outros dois amigos. A oito mãos realizamos a tarefa.

Mas, pensava como existem pessoas que não entendem a vida senão na perspectiva pessoal, única e exclusivamente voltada pra si mesmas. Falo da individualidade egocêntrica. Cada um vê a vida de uma forma, isso é sabedoria milenar. Jesus dizia que tudo dependia do [como] olhar a vida. “Se teus olhos forem bons, todo o teu ser será luminoso”, afirma o evangelista Mateus acerca da lição aprendida [Mt.6]. Nosso olhar não pode ser de todo bom se não enxerga a necessidade de quem tá próximo. O canto à vida, neste caso, soa desafinado.

Olhos vendados para a dor e a aflição ou, quem sabe, para a necessidade dura e castigante do próximo, são olhos que ainda não aprenderam a “cantar, e cantar, e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz”. Aprendemos na vida-escola enquanto caminhamos-vivendo. Vida que se preze é vida que observa a própria luz, mesmo que alguns teimem em dizer acerca de alguém que tal não pode enxergar apenas pelo fato de ser cego. Meu Deus, quantos cegos caminham vendo e quantos não caminham achando que enxergam!

Viver é também olhar pra além de mim mesmo, além de meu próprio orgulho umbilical, e encontrar a certeza de que existem outras pessoas na vida-existência. Muitas das quais muito próximas. Algumas, necessitadas. Nem sempre necessidade física. Isto porque o alicerce do ser de qualquer pessoa não se constrói sem a emocionalidade como matéria-prima. Somos profundamente emocionais, mesmo que alguns se sintam no direito de dizer que são puramente racionais. E alguns aparentemente o são. Fato é que o alicerce será sempre emocional. Pra ser feliz é preciso caminhadas de léguas na estrada-vida, ultrapassando – e muito – a etapa que segue além do “estar feliz”. Viver feliz é pra quem sabe por que está aqui e, por isso mesmo, olha além de si. Quem olha desta forma, não olha, canta enquanto vive!

A vida não barganha, mas faz algumas “trocas” interessantes pra nosso próprio aprendizado. Quanto mais me dou ao próximo, mais recebo da vida. Quanto mais recebo da vida, maior a esperança que há em mim. Quanto maior a esperança, mais consciência há em mim acerca da fé. Disseram que ela remove montanhas. Eu acredito. Montanhas somem do mapa quando acreditamos que é possível. Assim é que canta a vida. Mesmo que nem todos tenhamos vozes pra acompanhar...

terça-feira, 25 de março de 2008

Acerca de uma união e minha oração

Ontem, 24 de março. Dia agitado. Trabalhei até perto de meia-noite. Cheguei em casa nesta terça-feira, isto considerando que ao chegar em casa já eram quase meia-noite e meia. Cansaço. Mas ontem também foi dia de louvores. Aos meus pais. Aniversário de casamento. Minha irmã me liga. Convida para a comemoração surpresa "en petite comitée” na casa dela. Não poderia. Ossos do ofício. Meus pais entenderam. O amor que sentimos uns pelos outros compensa qualquer formalidade.

Mais de 40 anos unidos. Pois é... Bodas de Jaspe. Segredo? Perguntarei a eles se um dia tiver vontade. Vaivéns e auto-conhecimento mútuo ao longo dos anos, mas tudo como alimento e solidez da união que os cerca. A imperfeição deles me fascina. Eles brincam com isso. Cresci feliz em meio a esta humanidade errante. Nunca se exigiu em família que quem quer que fosse tentasse ser perfeito. Nossos erros sempre foram expostos com brandura humanamente aceitável. Isso, ao menos pra eles (e pra nós), serviu de estímulo a um crescimento sadio e longe de disputas ou auto-afirmações de qualquer natureza. Entre eles o “esquisito” era tentar ser quem não se era. Daí vinham as lições. Eles sempre nos expuseram bom senso em todas as coisas, até quando nos diziam que alguma coisa era assim e ponto final. Sem discussões. No amor, a obediência não se confunde com servilismo mas sim com profundo respeito pelo significado da autoridade paternal (e maternal). Respeito porque o ambiente era profundamente amoroso. E ainda o é.

Lembrei de comentar algumas coisas por aqui pelo fato de ver neste momento as fotinhas que tiraram do evento. Faço minhas orações em agradecimento por eles, bem assim ao estilo oriental de ser. Questão de identificação, me entendam. Oração é suspirar com o coração as nossas verdades pra Deus. Às vezes, se ora falando. Mas isso já é hábito ocidental. O que eu queria mesmo era encontrar um motivo para me lembrar deles, só isso. A eles um beijo do filho-aprendiz.

Nota: Na imagem acima, “Jasper Heart” (Coração de Jaspe).

Pensando acerca da liberdade...


segunda-feira, 24 de março de 2008

“Ambientofetas”


“Nem é mais preciso citar a Bíblia para profetizar. A natureza e a Terra são os profetas deste tempo. As pedras, os mares, os rios, os recifes, os corais, os pólos globais, as florestas, os calores, os gases, e todos os gemidos da criação profetizam a quem quiser ainda ouvir.

Um grau a mais no aquecimento global e os campos da América secarão. Um grau a mais e os Estados Unidos se desertificam, enquanto a Inglaterra se torna fértil. Hoje. Já. Agora mesmo.

A Groenlândia está secando e se tornará um campo de pedras e terra seca.

Dois graus a mais e a Amazônia se torna um deserto, todas as cidades costeiras serão afundadas e centenas de ilhas desaparecerão. New York ficará debaixo dágua. A Flórida desaparecerá sob o mar e o Egito será inundado. O Rio Ganges estará quase seco e virá a secar com apenas mais dois graus de aumento da temperatura global. Todos os grandes rios do mundo ou secarão ou desapareceram sob águas imensas. A China terá frio e seco. Seus campos não a sustentarão. A vida no Japão ficará quase impossível.

Com três graus de aumento global da temperatura nós estaremos vivendo em tempos pós-civilizatórios. A humanidade já não suportará o conceito de fronteira. Milhões e milhões mudarão de lugar em lugar buscando sobrevivência. Os mares estarão morrendo. A vida submarina estará em franca extinção.

Com quatro graus de calor global já não é possível imaginar o nível de calamidade no meio ambiente e nas vidas das pessoas.

Cinco graus… Vale a pena?

Se chegarmos ao nível de seis graus de aquecimento global, o que se terá na Terra já não terá qualquer relação com o que um dia teria sido vida — mesmo no pior dia do mundo em qualquer passado.

Quem diz isso são os ambientalistas, e não um profeta apocalíptico.

Os interessados procurem no site do National Geographic Channel o documentário S.O.S. Aquecimento Global, exibido hoje, dia 14 de março de 2008, no Natgeo.

Somente um milagre de consciência humana simultânea e angustiadamente eficaz nas decisões em busca de minguadas soluções poderiam ainda nos salvar de tal futuro de gelo, calor, deserto, enchentes, fome, e retorno à idade das pedradas, conforme também profetizou Einstein.”

Caio Fábio 15/03/08 - Lago Norte - Brasília

Ainda sobre os “ambientofetas”: breve comentário

Lendo o artigo anterior, intitulado "Ambientofetas", vi como o tema meio-ambiente não pode deixar de ser preocupante. O sentir e o pensar acerca do tema no artigo mencionado me soaram urgente e ao mesmo tempo extraordinário. Evangelho é alcance e acolhida de tudo o que é criado. É uma espécie de “resgate pelo direito que lhe cabe”. Direitos só os têm quem merece (o Estado ratifica por meio de leis). É o exercício da cidadania plena. Mas, falando em conteúdo de Graça, somos nós merecedores de qualquer coisa na criação? Não. Avisemos, portanto, aos desavisados que Deus reina! Eis a razão pela qual todas as coisas são Dele, por Ele e pra Ele, adverte solenemente Paulo em Coríntios 11.

O pronome indefinido indefine apenas pra nós o que para Ele lhe é definido porque lhe pertence. Não é à toa que todas as coisas “estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas”, assegura a epístola aos Hebreus. Ele sabe. Nós, não. A natureza geme, mas também urge pela expectativa da libertação do cativeiro da destruição. É Paulo quem diz no capítulo 8 de Romanos. Os “ambientofetas” denunciam como nas “dores de parto”, conforme nos revela Paulo na mesma carta.

Como deter a destruição se não há quem sinta-se enviado por fé em Graça a denunciar o futuro caos? Assim como está escrito: “Quão formosos os pés dos que anunciam”. E anunciam que a Terra é pra ser amada, posto que toda a criação é boa! Onde estão os pés? Onde estão as vozes? Onde estamos para ouvir o que a profecia ecoa ainda hoje: “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos” [Is.45,18].

Quem viver, verá.

Mas eu sei que ainda é tempo!

Nele, que assim diz porque assim é dito no espírito dos Evangelhos,

Cardo


P.S.: Créditos para a imagem com o modelo Daniel Calumbi

domingo, 23 de março de 2008

A Páscoa, o Amor e a Vitória

Feliz Páscoa a todos! Em Libras dizemos “feliz” + “coelho” + “todos”. Ontem recebi aqui em casa a visita de um amigo surdo que, por sinal, me apresentou outro surdo morador no bairro. Papo vai, papo vem, elogios quanto à desenvoltura da língua (os surdos reparam o tempo todo como os sinais são produzidos pelas mãos do interlocutor, é uma espécie de análise da fluência na língua), recebi minha primeira caixa de bombons de presente. Mas páscoa passou a ter o significado imposto pela cultura com seus hábitos e tradições. A gente vai assimilando até não perceber mais o que um dia foi o sentido original. Páscoa nunca deixou de ser festa religiosa; diga-se, a maior festa da cristandade. Maior até que Natal, Quaresma e Pentecoste em importância litúrgica. Celebra-se a ressurreição de Jesus. Numa perspectiva mais intimista, celebra-se a vida em sua plenitude.

Hoje despertei com mais algumas daquelas vontades místicas que, vez por outra, me acometem. Pensei na páscoa e no seu significado. Não me contive. Na hora em que liguei o PC pra rabiscar algumas palavras do que tô sentindo, telefone toca bem ao meu lado. Tocou por três vezes. Parentes desejando feliz páscoa. Aproveito e dou uma ligada para meu sobrinho em São Carlos. Neste ano se mudou de mala e cuia para o alojamento da Universidade Federal de São Carlos. Em seguida, ligação pra Beagá para uma segunda mãe. Papos encerrados, volto ao PC. Não consigo. Mais outra parada. Retorno ao fio da meada por pura inspiração. A família inspira.

Num tempo de pouca meditação (tudo bem, sei que não é um hábito culturalmente ocidental), pensa-se pouco no por que das celebrações que nos impomos (seja por fé, por hábito ou por força das circunstâncias de mercado). Minha consciência, que é despertada por fé em amor, me leva a considerar todas as coisas ao meu redor como algo aproveitável. Em se tratando de páscoa, um toque a mais me inspira nessa hora: a vitória sobre aquilo acerca do qual Paulo chama de “aguilhão da morte”. Não, não tentem me entender nesta hora sem perspectivas de consciência em fé. Não falo de morte como fim do ciclo biológico. Falo de morte como encerramento da consciência pela ausência do amor. “Eis por que há entre vós (...) muitos que dormem”, diz Paulo em Coríntios. O "não amar" algumas vezes pode ser "adormecer" na linguagem profética. Somente quando despertados em amor, agimos com amor. Nós não somos amor nem sabemos amar. Mas pra não dizer que não falei das flores, lembro de João e as fortes doses de amor na sua 1ª epístola: “Quem não ama, permanece na morte” [1 Jo.3,14]. Agora, ferrou tudo. Então, como é que o amor brota em nós? A coisa chega no ápice quando o mesmo João ensina: “Nós amamos, porque ele nos amou primeiro” [1 Jo.4,19]. Alguém nos amou primeiro! A vitória sobre a morte não veio daquela cena de crucificação do Cristo. Nem menos ainda na cena da ressurreição. Tudo aquilo serviu como fatos históricos-existenciais da pessoa de Jesus de Nazaré. A vitória foi antes de tudo isso. Hã? Tá complicado? Todo aquele cenário foi apenas marco visível de uma realidade já existente “antes que o mundo fosse criado”. Não sou eu o autor dessa parada tangivelmente transcendental (por isso mesmo só entendida por fé). Paulo [no capítulo 1 de Efésios], João [no capítulo 17] e Pedro [no capítulo 1 de sua primeira epístola] fizeram essa viagem muito antes de mim como revelação de Graça. E é dentro deste contexto - que se descortina apenas por fé como sinal de Graça agindo em mim - que eu celebro a vitória sobre a morte.

Por ilação, concluo com a mesma extravagância de Paulo aos Coríntios: “O amor jamais acaba”. É verdade. Antes da criação, Amor já havia. O Amor tem vários nomes e é cultuado de várias formas. Timóteo, no capítulo 4 de sua primeira epístola, me dá os sinais que preciso pra certeza que carrego: “todas as coisas criadas por Deus são boas”. E como tudo vem Dele, até o que alguém possa achar que não vem [pela suposição de que alguma coisa foi criada fora de Deus, ou seja, que há outros “criadores”, talvez, até por medo da verdade, por ignorar fatos ou por puro preconceito], as coisas simplesmente se encaixam naquilo que é a verdade pra mim. O Amor triunfa sobre a morte e por essa razão jamais acaba. Eis a Vitória! Páscoa exala esse cheirinho de fé que nem o mais refinado chocolate poderia me dar. E já que fé é certeza, a minha é que sua Páscoa seja tão feliz quanto a minha.

Atchins alérgicos pascais

Crise de rinite me deixa inquieto dentro de casa. Espirros e atchins (um é causa; outro, conseqüência sonora, ta!). Olhos lacrimejando. Não é gripe, mas rinite alérgica. Não sei a quê. Há tempos que meus amigos sugerem ir ao alergista. Falta de tempo. Mal a rinite melhora, esqueço do “problema”. Dia desses uma pessoa me contou que tinha feito o exame anti-alérgico. Fiquei surpreso ao saber o resultado. Alergia ao ventinho provocado pelo ventilador. Gente, minha rinite surge principalmente quando passo horas perto de um. Ar condicionado não me provoca nem a décima parte que um ventilador me causa. Não estou dizendo que tenho a mesma causa que a tal pessoa, mas me deixou com pulgas atrás da orelha. Estou sem ventilador. Comecei a fazer o tal teste. Vamos ver no que vai dar daqui a alguns instantes. Desisti de me dar um presente neste domingo. Melhor, adiei. Não desisti. A rinite me imporia limites que não posso admitir. Rinite e olfato tem tudo a ver. Meu presente seria me permitir a alguns atos gratuitos no Jardim Botânico. Como sentir cheiros e a leveza de fragrâncias com tanto atchim polinizado pelo ar? Olho para o relógio. Dou umas ligações. Não deveria estar aqui. Almoço em família. Hoje é Páscoa.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Meu resumo das sete palavras da cruz

Sexta-feira da paixão de Cristo. Sexta-feira santa. Sexta-feira de ralar sob sol escaldante. Sexta-feira de descanso no feriadão prolongado. Sexta-feira de estréia de shows, eventos, debutantes, roda de pagode e tudo o que cada um de nós quiser que seja. Que seja bom pra nós. Lembro que passei anos e anos vivendo a realidade da sexta-feira santa num contexto religioso praticante. Nada de brigas nem disputas com minha irmã. Trégua. Nada de sons estridentes. Razoável silêncio. Nada de ingerir carne. Abstinência. Nada de muita coisa. Apenas e tão somente cultura.

Para os católicos, adoração do “Senhor crucificado” e procissão do “Senhor Morto”. Para os protestantes históricos, o culto das “sete palavras da cruz”. Ensinei e preguei sobre as sete palavras da cruz. Anos que se passaram. Nunca mudei de opinião. Pra mim, o resumo das sete palavras da cruz era simplesmente a sexta delas. “Está consumado” (Jo.19,30). “Consumatum est”, pra mim, é o auge do ministério de Jesus. “Está consumado” não pode ser entendido sem um mergulho no que seja o propósito da existência do Cristo. Seria apenas um mártir? Um profeta? Um sábio ermitão? Um destacado rabino fora de contexto? Não vem ao caso estabelecer juízos do que penso. O “está consumado” é a plenitude soteriológica acerca da qual Paulo, o apóstolo, tanto escreveu. Chega a dizer poeticamente como “reconciliar o mundo”. Em outras passagens, mais profético, refere-se a um pagamento no “escrito de dívida contra nós”.

E o que tudo isso tem a ver pra mim, pra seu Manoel das couves e pra dona Gracinha do salão de beleza na esquina? Em que o “está consumado” me atinge? Não é o que me atinge, mas como me atinge. Consumada ou concluída é a minha certeza que meu caminhar não pode ser a lugar nenhum e que, portanto, sabendo que “nada é por acaso”, sei ou sinto que a vida é uma semeadura rumo Àquele em quem todas as coisas são início e fim. Estou seguro na certeza, a mesma que me “lança fora todo o medo”. Medo de ser eu mesmo. Certeza que meus passos são guiados e seguidos de perto por Alguém que me ama sem que eu faça qualquer coisa pra incentivar, impedir ou desistir do que sente. Consumados, portanto, estão todos os meus dias ainda que eu esteja vivendo cada um deles como algo inédito apenas pra mim. Certeza que não preciso viver com vestes de desassossego no que me trará o ‘depois de hoje’. Saber e descansar. Não saber e ainda assim descansar. Uns chamam “viver por fé”. Eu chamo “viver com tempero de Graça”. Papo de doido, né? É que de vez em quando me faço de são apenas pra que os loucos me deixem em paz. Só os loucos.



Na imagem acima: "La Pietá", do extraordinário mestre Michelangelo. Basílica de São Pedro.

O mosquito que mata a Rede de Saúde Pública


O bicho é sinistro pra uns. Assustador pra outros. Há quem já o note com estilo electroclash no reino da entomologia. Tudo por conta dos detalhes nas perninhas pintadas de listas brancas. Hábitos diurnos. Picadas nos membros inferiores. Melhor deixar claro: pernas e pés. Ah, bom! Pra mim, como todo mosquito que se preze, o pior é o estrídulo perto de meus ouvidos. Inofensivo? Tudo menos isso! Quando menos se espera, febre alta, dores pelas juntas no corpo, falta de apetite e vômitos. Dengue! Em alguns casos, hemorragia. Cada caso é um caso, sei disso. Mas nem por isso dois vizinhos meus (uma criança e uma adolescente) estiveram internados com a febre hemorrágica. Todos estamos alertas. Minhas pernas não param de balançar. Síndrome das pernas nervosas. A esta hora da noite “aedes aegypti” não me picaria. Faz parte da tensão. Segunda-feira aqui no Rio o ministro da Saúde fará a sua primeira reunião no gabinete de emergência. O sindicato dos médicos do estado denunciará junto ao Ministério Público o caos endêmico dentro do qual estamos vivendo. No mesmo período em 2007 pode-se dizer que ultrapassamos o dobro dos casos da doença. Se não fosse a possibilidade real que leva à morte (são 38 casos de óbitos na capital) ninguém estaria tão preocupado. A responsabilidade é, de início, das redes públicas pela omissão no trabalho de prevenção aos vetores. Verba houve até para implantação dos agentes de saúde. Aonde foi parar? Mais outra daquelas em que a grana estava dentro da cueca nem os mosquitos agüentariam! Arnaldo Jabor acabou de se apresentar no Jornal da Globo. “Estamos andando pra trás... as redes municipal, estadual e federal tiram o corpo quando se fala em responsabilidade... Oswaldo Cruz, onde é que você estará agora?”.

O que um mosquitinho listrado não faz!

Nota 1: Na imagem acima, créditos para Marco Gaiani.
Nota 2: Perdoem-me, mas os dados estão imprecisos. Onde se lê "são 38 casos de óbitos na capital", leia-se a partir deste início de sábado, 22/03/2008, "são 49 casos de óbitos na capital". Uma vergonha epidêmica que poderia ter sido evitada pelos governos.

O surpreendente empadão

Se eu contar quase ninguém acreditará que passei minha quinta-feira toda digitando trabalhos. Detalhe: não é qualquer quinta-feira, mas sim um feriadão que tem início hoje (ao menos para a maioria). Dores nas costas. Sei que tem a ver com posturas incorretas. O dia parecia não muito diferente do rotineiro. Telefone toca. Acertei um compromisso com uma amiga agora à noite. Tudo ok. Hora avançou. A noite descortinou seu cenário sobre o cair da tarde. Em casa, ouço alguém me chamar à porta. Novidade? Lógico que não. Meus vizinhos não me deixam um só segundo. Mal chego, me encontram. É que por aqui criei uma espécie de escritório comunitário. Gosto de chamar “Núcleo de Defesa do Consumidor”, “Núcleo da Cidadania”, essas coisas que advogado inventa. Segunda-feira, à noite, então, atendi o último morador às 23h35min. Eis a razão por que me procuram. Levanto-me da mesa pra ver quem é do lado de fora. Uma vizinha a quem tinha ajudado num contrato imobiliário veio me presentear com um empadão de frango. Mais outro detalhe: ela tinha feito pra mim. Tudo porque nos papos que tivemos à época em que a ajudei (final do ano passado) entramos no tema “culinária”. Daí, me perguntou dos pratos de minha predileção. Um deles foi empadão. Ela não se esqueceu. Surpresa pra mim. Mãos estendidas, recebi o presente. Elogios e beijos em retribuição. Era o mínimo que podia fazer. Ainda não tinha passado por algo semelhante...

Não, não esperem que comentem do meu empadão. Estava delicioso!

A Nigéria é bem aqui

Desde a semana passada tenho visto nigerianos a torto e direito espalhados pelas ruas do bairro. Voltava pra casa depois de um compromisso ao lado de uma amiga quando avistei mais outros nigerianos. Eram 22h30m. “Isso aqui se chama goiaba”, tentava ensinar a mulher ao rapaz. “What?” – foi a reação do cara. Eu observava. Contido e menos crítico que o habitual, comentei com minha amiga a cena. Os diálogos permaneceram. O nigeriano arranhou algumas palavras em português. Não demorou muito, caminhando atrás deles, não me contive numa das perguntas. Mesmo sem motivos aparentes, entrei no papo. Isso mesmo, juro! “Quer ajuda na tradução?”, perguntei pra uma das mulheres. Olharam pra trás. Acenaram com sorrisos. Dali pra frente, ajudei o nigeriano. Foi quando soube que estava embarcado no Cais do Porto bem aqui. Eu moro no bairro portuário do Rio. É comum encontrar marinheiros e embarcadiços soltos pelas ruas. Mês retrasado foi uma leva da China (ou Coréia, Vietnã, Taiwan, etcétera e tal) que despencou dias sem fim por aqui no bairro. Bares e praças eram cercadas de olhos orientais rindo e fumando horrores. Senti-me estrangeiro em meu próprio ambiente. Os ventos mudaram e as ondas (ou naufrágios, sei lá) trouxeram nigerianos dessa vez. Os caras andam bêbados pelas ruas do bairro. Aquele, porém, não estava. Era protestante, disse-me. Não quis demorar no papo. Foi apenas uma ajuda. Despedi-me com simpática educação. Deixei-o ao encargo daquelas duas mulheres que o acompanhava. Minha amiga não falou nada. Já tá acostumada comigo.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Em-contos do final do dia

E não é que São José apronta as suas! Neste dia me lembrei de alguns amigos. Lembrei-me de pessoas que nasceram nesta data. Uma partiu há cerca de dois anos. Acerca da outra, fui-lhe padrinho de casamento. Tenho-as em meu peito, cada uma com sua história. Contar os detalhes não é minha intenção. Senti falta de algumas coisas. Caminhava ladeira perto de casa, por volta das 21h, quando passei na porta do cursinho pré-vestibular que ajudei a criar em 2005. Encontrei-me com uma amiga que me enche o céu de constelações com seu sorriso e compreensão madura. Batemos um papo (detalhe: ela é aluna no pré). Rimos como que de costume. Avistei minha sobrinha, juntamo-nos num só abraço feliz. Em pouco tempo, estava no meio de outros tantos. Todos me foram apresentados. Alunos do pré. Atentos ao que dizia, me pediram pra dar aulas no cursinho. Escapei pela tangente. Preferi ensiná-los ali mesmo, na rua, duas lições porque o desenrolar do papo nos levava para aquele desfecho. A primeira delas vinda de Paulo, o apóstolo gentio. A lei da semeadura. A outra, mais antiga, sabedoria oriental de Salomão. O tempo e seus propósitos. Eles me ouviram com entusiasmo. No meio de uma espécie de “fica mais um pouquinho”, cumprimentei aos que acabei de conhecer e desejei boa sorte à garotada do pré-vestibular comunitário da UFRJ. À minha amiga e à minha sobrinha, demorados abraços de boa noite. Cheguei em casa, cansado porém feliz. Passavam das 22h.

P.S.: A única foto que tinha de minha amiga ao meu lado foi tirada há três anos atrás. Mais magro, sou eu mesmo ao centro.

O dia de hoje é quarta-feira

Quarta-feira tida como santa. Não nos esquecemos que nesta semana todos os dias carregarão adjetivações para a maior festa religiosa cristã. Não, não me chamem ateu. Eu creio na existência, e não na inexistência de Deus. Mais que isso. Respiro tal existência em mim como ar que me conduz a plenos pulmões de Graça. Mas hoje é quarta. Dia de enfrentar a hora do rush, a multidão pelas ruas, os rostos procurando caras em todas as faces que vejo de relance. Alto lá! Todos os dias não são assim? Nem todos os dias carregam adjetivações. Alguns são substantivados, mais densos e mais fechados em si mesmos. Outros, não. São dias pendurados em qualquer coisa que inventemos. Hoje é quarta, mas nem toda quarta é semana santa. Nem todas as semanas santas gestam dias como hoje, que, além de tudo, é dia de São José. Santo protetor das famílias e dos trabalhadores. Acreditem se quiser, mas ao sair do fórum passei pela Igreja de São José, que situa-se bem ao lado. Gente pelo ladrão. Seria ainda a hora do rush? Entre ambulantes e pedintes que aureolavam o quarteirão entre a igreja e o Palácio Tiradentes, sede da Assembléia Legislativa, fuçei a melhor saída daquele tumulto devoto. Atravessei a famosa 1º de Março, caminhando pelo passeio junto a Antiga Sé. O que vejo? Um pelotão de policiais trajados de gala. Conversando e aprumando-se, preparavam pra entrar na igreja. Olhando os detalhes dos vitrais que espigavam da nave, entendi que na igreja em cujo altar foram coroados nossos imperadores, rolava algum barato importante. Bastava observar os galhardetes que escorriam pelos vitrais para o lado de fora. Todos anunciavam as comemorações do bicentenário da vinda da família portuguesa. Quis entrar, mas temi por não encontrar lugar pra mim em toda aquela pompa. A pressa me auxiliou, de certa forma. Meu alvo era voltar pra casa. Passar por ali, àquela altura, foi mera distração.

Comecei falando de uma quarta-feira incomum. Adjetivada. Quarta-feira santa. Quarta-feira, dia de São José, o esposo de Maria, aquela, aquela mesma que é a mulher mais adjetivada que conheço. Mas ela também não é uma simples mulher. Eu sou devoto das adjetivações. Sei dar importância a isso. Respeito Maria e José. Ambos santos. Parecidos com esta semana. Ambos incomuns. Mais cheios de significados que esta quarta-feira. Tenho certeza que, do jeito que viveram, qualquer dia carregava um quê de suma importância. Eles souberam viver por fé. Isto torna qualquer dia santo. E, neste caso, não há necessidade de uma semana de festejos pra que se comprove o que tô falando. Nós somos os dias que fazemos. Santos ou profanos, substantivados, adjetivados ou lá o que seja. Era isso o que queria dizer desde o início. São José foi só um pretexto, assim como o meu dia. Uma quarta-feira dessas, mas não uma qualquer...


Na imagem: Igreja de São José, uma das mais antigas do país. Localizada no Centro Histórico do Rio de Janeiro, bem próxima da antiga Sé (Igreja do Carmo), ao lado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 17 de março de 2008

O sóbrio e equilibrista


Eu não precisaria beber pra saber que sóbrio funciono bem melhor. Eu me sinto melhor. Este “sentir” é fruto de meu caminhar. Nas andanças pela estrada-vida alguns frutos já colhi (mas não pensem que foi fácil porque tudo o que a vida menos oferece – e é bom que assim seja – é facilidade). Aprender com meus próprios erros é um desses frutos-aprendizado. Outro fruto, por assim dizer, seria gozar do equilíbrio no que vier a fazer. Gente equilibrada é sóbria diante das tempestades, mas também permanece eqüidistante ante sua própria cerviz. Não foge à luta, mas reconhece quando não dá pra si o enfrentá-la só. Pede ajuda. Não esmorece. Gente equilibrada equilibra tudo ao redor. A gente vê. A gente sente. É um sentir leve que não cria situações adversas nem nos torna reféns de inúmeras justificativas.

Ontem, à noite, ouvi de alguns amigos entre os quais estive várias histórias. Vi que alguns preferem ser reféns de si mesmos, de seu próprio medo de encarar os desafios. Vi que em outras histórias o que entendia era simplesmente a vontade de mostrar realidades não existentes, como força, coragem, vigor, enfim, mudanças que não aconteciam. Percebi que alguns viviam na corda bamba entre o virtual (aquilo aparentemente aconteceu) e o real (os fatos que qualquer um vê). Percebi que muitos de nós somos vítimas do próprio discurso, mas não somos equilibrados. Não buscamos o equilíbrio. Somos oito ou oitenta nas nossas relações. Viver assim é qualquer coisa menos o exercício do equilíbrio. Eis a razão porque colhemos frutos que nem sempre queremos. Tem a ver com a forma de semear a vida e cada uma de nossas relações com o próximo. Como a colheita seria diferente? Impossível!


Viver com sobriedade tem a ver com o equilíbrio que falei. Venhamos e convenhamos, nada é novo nestas palavras. Aprendi como fruto colhido em Graça que Jesus é um bom exemplo de vida equilibrada. Nas festas e nas bebedices, curtia e certamente apreciava excelentes gorós. Não se recolhia como ermitão, mas também não bebia a ponto de cair pelas vielas de Jerusalém tentando encontrar o caminho de volta. Diante daqueles rejeitados pelo preconceito social (e até moral), não dava as costas mas também não repetia em si mesmo qualquer des-significação pra sua vida. Não é porque batia altos papos com as putas que ele se prostituía. Promiscuía-se, em certo sentido, que é pela semântica pura "estar misturado, junto", mas não se prostituía. Não é porque jantava com coletores de impostos (raça filha da @#$ para a época), como aconteceu com Zaqueu, que entrava em negociatas, tentando não contribuir para o Fisco. Ele amava, mas, se não correspondido, não odiava nem muito menos agia com indiferença. Tem gente que ama e odeia com uma facilidade desumana. Tem gente que aproxima-se e afasta-se com velocidade medida na conveniência. Tem gente que pensa amar mas, na verdade, se o que sente não é algo leve e saudável. Não pode ser amor. Quando não há amor, estabelecem-se outras vertentes. O caminho fica sombrio e a alma desromancia aos poucos.

Tudo me parece ser uma questão de equilíbrio diante de nossas escolhas. Eu apenas ouvia e meditava durante aquele papo. Ri de algumas situações cômicas, confesso, mas não me afastei da meditação um só instante. Buscava sentido em alguns porquês, não em mim, mas na Graça que me instrui. Concluí que nem todos querem de fato equilíbrio em suas ações. E vão colhendo os frutos das plantinhas que não reconhecem que um dia semearam...

Lançamento

Pra quem curte leituras...



A semana santa, os santos e a santidade

Iniciamos a semana dita santa. O termo é emprestado pelo significado que dá-se a ela, a semana. Significados religiosos. Na verdade, trata-se da maior celebração da cristandade. Maior que o próprio Natal, a Semana Santa (e, nela, o Tríduo Pascal) conferem à época um clima que evoca a religiosidade da maior parte da alma cristã. Nós, brasileiros, somos muito sincréticos na mesma medida em que nos vestimos de místicas cores pela nossa cultura. A cultura brasileira é mística. Não há como negar. E dentro desse climão de misticismo, de religiosidade pascal, o que me inquieta é se sabemos o que torna alguém santo. Vou mudar a pergunta. O brasileiro entende o que é “santidade”?

Não tô perguntando nada que as apostilazinhas de catecismo não respondam. Não é sobre isso que pergunto. Nada de sistematizações. A questão é mais ligada ao cerne das coisas e do próprio ser. O que me torna santo? A raiz da palavra “santo” é a mesma para “separado”. O santo é o que se separa. Agora é que são elas. Do quê? Daquilo que carrega significado dentro de um sistema que impõe valores ao material, ao joguinho de aparências, aos toma-lá-dá-cás, às leis de causa e efeito, à moral cínica (vale enquanto não se é flagrado), às leis de Gérson, a toda perversidade travestida de “zelo” e “cuidado” mas que acontece pela via do desamor e da mera tolerância, aos ajuizamentos baratos contra o próximo (tenha o próximo o nome que for!), ao comportamentalismo como sinal de qualquer coisa de fora pra fora, às impostações, às maquiagens, ao estrelismo, à individualidade atroz e predadora e às barganhas de qualquer natureza. Este “sistema” está presente em todo o canto. São poucos os que não se permitem a absorvê-lo. São muitos aqueles nos quais se instalou como valor, fé ou costume. Pra não aderir é preciso contrapor. Pra contrapor, isto é, por-se em lado oposto, somente pela via da consciência. O caminho não chega a ser totalmente racional nem totalmente místico. É algo que só a fé que se desmancha em amor pela existência pode explicar. Não há conceituações. Santidade não se vê no rótulo como algo num “contém glúten”. Reconhece-se em alguém pela disposição em amar com amor que acolhe. Pra fazer tudo isso e não perder sua identidade tem que ser cabra santo!

Uma despedida virtual

Ontem saí do orkut após longos quatro anos e dois meses. Alguns amigos nasceram por meio dele. Mas vejo que apenas aqueles com os quais consigo contatos fora da virtualidade estão sendo mantidos com vínculos. Conheci vários na virtualidade e que ganharam força com o encontro fora do universo dos bytes e megabytes. Gustavo, Marcinho I e II, Kaio e também a linda Madrezita ("mi Madrezita", diga-se) estão nas minhas páginas do coração. Aos demais, como já disse, resta meu coração aberto e receptivo a ampliar os alvos de meus investimentos. Amizades são os melhores investimentos, após nossa auto-descoberta. Agora, certamente, terei mais tempo pra me dedicar a mais estudos, a mais artigos e mais leituras que me aguardam.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Pra que serve esse tal Jesus?


Eu repito a pergunta para os que não me entenderam direito: pra que serve esse tal Jesus, heim? Preciso me lembrar dele como um exemplo de amor ou justiça social? Mas não falta é neguinho que fez abnegações em prol de um ideal. Consultem a História pra se certificarem que não tô de brincadeira! O que a religião me diz? Muita coisa e ao mesmo tempo nada. Complicam com esses lances de teologização do pensamento (isso quando não manipulam traiçoeiramente a seu favor sem o mínimo de bom senso). Quem é que não se perguntou sem medo de perguntar pra que serve Jesus? É uma filosofia de vida? É um desses muitos deuses que há por aí? Pra que serve? De que me serve acreditar ou me lembrar dele?

Será que ele é mais um desses que pede “não esqueçam de mim!”? Que insegurança! Deus que pede pra que dele nos lembremos é porque tem carência emocional. E se tem carência, é falho como um ser humano. Sendo assim, que Deus é esse? Acho que ele não me serve pra nada enquanto eu não encarar a realidade de que o nada pra ele é o começo de tudo. Mas tudo do quê? O de minha própria história. A minha história tem início num ato de Graça, que é amor sem que eu existisse. Ainda. Não sou devedor de nada nem a ninguém exceto Àquele que me amou e me aceitou antes que houvesse História. Só entende o que falo quem se desperta de sonos de incredulidade ou religiosidade pra acordar pra vida como ela é. Deus é! Eu estou sendo. Só quem é amor é, de fato. Eu não sou amor. Aprendo no amor e por todas as suas veredas. Persigo-o como bem-querer pra mim. Mas não sou amor. Amor é Deus. Chamem-no como quiser. Penso que Ele nem se preocupa com isso!

De fato, Jesus não quer que dele nos lembremos por mera lembrança. Não precisaria de marketing algum. É Deus. Ele é! Lendo um artigo do Caio intitulado “É pra obedecer ou esquecer!” fui levado à reflexão que se Jesus quisesse ser apenas lembrado teria pedido um busto numa praça. Ele não queria ser lembrado, mas obedecido em seu ensino e modos de amor. O articulista chega a dizer o que transcrevo: “Esqueça Jesus a menos que você deseje celebrá-Lo fazendo coisas em memória viva de amor por Ele. “Fazei”, diz Ele. Fazei o quê? Fazei o amor valer. Fazei a Graça prevalecer como perdão e misericórdia. Fazei a justiça ser reconhecida não como discurso, mas sim como ato da própria vida. Fazei da vida com Deus a vossa vida entre os homens.” Jesus, então, não serve pra ser lembrado e não ser obedecido. E pra obedecê-Lo, só pela via do amor. Pra amar tem que amar. Preconceitos, portanto, não servem pra quem quer saber de Jesus! Diga isso aos cristãos!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Domingo sem dieta cultural


É assim que identifico o dia que passei ontem. Domingo de sol, aliás, muito sol pelas ruas do Rio. Sol e cultura. Cultura e muito pra ser admirado e ingerido. Exposições, por exemplo, é o que não falta nesta cidade. Pra me empanzinar, resolvi escolher a exposição Família Ferrez: novas revelações, no Centro Cultural Banco do Brasil. Dividida em quatro ciclos e por quatro salões, a exposição é uma aula de história. Fotos do Rio dos anos 1900 à década de 50, mas também um salão exclusivo para imagens do mundo na mesma época. Todas retratadas pelas cinco gerações dos Ferrez. Um primor. Em seguida, almoço e ida à palestra do Caio Fábio no tradicional Colégio Shepard, lá para as bandas da Tijuca. Encontrei-me com amigos aos quais não via há muito tempo. Abraços. Sorrisos. Encantos. Gente pensante espalhada e esprimida num salão que ficou pequeno. Pena não ter levado um gravador. Muitas reflexões dentro de uma reflexão merecia ouvi-la novamente em casa. Era o 1º encontro das Estações Caminho da Graça. Após, papo-cabeça com uma amiga que me ensina até quando fala. Trocando idéias, falei-lhe de alguns planos. Ela, acerca dos seus, convidou-me a uma viagem aos “sons do corpo”. Dia desses falarei melhor sobre o tema. Foi uma delícia. O papo com ela, certamente. Mas me refiro ao domingo inteirinho sem dieta de cultura. Chega de fastio!

sábado, 8 de março de 2008

Pérolas pra bordar neste dia

Dia internacional da mulher.
Eis mais uma homenagem de um homem sensível ao talento da mulher brasileira:

Roberta Sá – “Janeiros”


...
Leila Pinheiro – “Mais uma vez”

A mulher e seus sabores


Os homens me entenderão: mulher é fundamental. O que seria a vida sem elas? O que seria dos homens sem elas? E não me refiro apenas aos desejos, mas sobretudo à própria existência e sensibilidade. A mulher é aquilo acerca do qual Victor Hugo já nos disse:

“A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono;
Para a mulher um altar. (...)

O homem é um oceano; a mulher um lago.
O oceano tem a pérola que embeleza;
O lago tem a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa; a mulher o rouxinol que canta.

Voar é dominar o espaço; cantar é conquistar a alma.
O homem tem um fanal; a consciência;
A mulher tem uma estrela: a esperança.
O fanal guia, a esperança salva.

Enfim...
O homem está colocado onde termina a terra;
A mulher onde começa o céu...”

Invariavelmente mulher e maternidade se encontram, nem que seja numa esquina, sem aproximação. Mulher é mãe das idéias paridas e até dos filhos deste solo. O que seria da mater-nidade sem uma “mater” parindo ou, quem sabe, amamentando? Sei que algumas não conseguem parir e outras não podem amamentar. Mas o sentido do que quis dizer vocês me entenderão. Mulher é palavra única quase intransitiva. Elas sempre transcendem, entretanto. Minhas palavras não assumem qualquer pretensão nessa hora. Olhei pra uma letra e, como numa massa de pão de ló, fui acrescentando curvas em sílabas e temperamentos na raiz do morfema. A silhueta coube à forma a qual untei com manteiga derretida e muitos acentos tônicos. Pitadas de dotes à parte, um segredinho aqui e outro lá. Finalizei com certa inspiração masculina o toque de feminilidade que mexe com qualquer um. Formava-se a palavra, porém, não qualquer uma. Mulher. Minha homenagem neste dia internacional da mulher remonta alguns agradecimentos. Mãe, irmã e sobrinha. Mas também uma infinidade de almas-amigas, almas-mães, almas-irmãs, almas de mulher com as quais enxerto meus dias de outros sabores. Cada palavra tem o seu, sei bem disso. Mas cada mulher carrega a individualidade de um sabor próprio. Eu sinto o aroma pela alma. A alma exala pelos olhos, pelos gestos e por poros que somente a sensibilidade é capaz de perceber. Homem que é homem traz à pele a sensibilidade perceptiva. Isso faz falta. E como faz! Elas sabem do que eu falo. Cada uma a seu sabor, sabe muito bem. Estão vendo o que a vida perderia sem elas?!

terça-feira, 4 de março de 2008

Apenas pra lembrar dos aniversários


Sempre gostei de escrever e-mails pelo Outlook Express, programa de correio eletrônico do sr. Gates. Baixo os que entram pela minha caixa de entrada. Separo-os. Leio todos. Respondo alguns. Recebi um mail de meu amigo Darilton tempos atrás me convidando a fornecer minha data de aniversário. Mensagem automática do Sonico, um programinha latino tentando concorrer com o orkut. Diferenças à parte, gostei porque serve como alerta para os aniversários de amigos sem precisar enviar ou receber recados. Disto, confesso, cansei. Um telefonema ou mesmo um e-mail é bem melhor que aqueles recadinhos “fast food”. Daí, criei uma conta com meu apelido “Cardo” pra poder solicitar datas de aniversários dos amigos e recebê-las no meu alerta. Já avisei que, no meu caso, o programa servirá apenas pra isso. Estou de saco cheio de orkuts, gazzags e seus prolongamentos cibernéticos. Tenham o nome que tiver.

Quaresma com cravo e canela


Enquanto devoro um doce, leio um artigo no jornal sobre a quaresma. Não que eu seja um religioso. Já fui. Restou a visão espiritual das coisas ao meu redor. Mas o calendário litúrgico não é um desses resquícios. Invariavelmente o seguimos. Natal, Páscoa, Semana Santa: veja só a influência nos nossos costumes! E, diga-se, datas ratificadas em lei. Não há como não segui-las. Falava da quaresma. Diz-se ser uma época de conversão. O dólar não está em alta. Não vale a pena esse tipo de conversão. Ao menos, não vale para mais de 130 milhões de brasileiros pobres. Ninguém investe em nada na base piramidal. Trabalha-se. Deixa-se a vida nos levar. Mas a palavra conversão a qual me referi tem a ver com o sentido dela, conforme o original em grego: meta+nóia. Meta [novo]. Nous [pensamento]. Não é adesão religiosa. Tal interpretação é deturpação do sentido original. Mas o que seria conversão?

Converter-se é refazer o velho pensar a partir de um novo paradigma, encarando tudo por outro prisma. A partir da maneira pela qual repenso a vida (e o mundo ao meu redor), é também a forma com a qual construo minha identidade. A conversão imposta nestas letras me instiga a me encarar através de uma nova maneira de pensar. Quando repenso, analiso. Discirno. Eu me visto de novas idéias que se projetarão numa atitude diferente (ou inédita). O que antes era “in” passou a ser “out” apenas porque nem todas as coisas de antes me serviriam pra qualquer coisa neste meu “agora”.

Tava pensando [ou repensando?] sobre quantas mudanças me impus neste início de ano. Foram poucas até o momento. Planejei muito mais quando do término de 2007. Estou em falta. Comigo mesmo! Mas como nunca é tarde pra nada nesta vida, sobretudo no início do ano, interajo comigo mesmo na busca pela conversão diária. Eu, tu, ele, nós, vós, eles, todos precisamos de mudanças. Fazem bem. Acomodam o espírito a novas realidades. São necessárias para os nossos auto-reajustes. Mas também penso que repensar a vida e a nós mesmos é, no mínimo, alucinante. Metamorfósico (Meta+morfos). Sei que os resultados quando brotam transformam os cenários. O maior desafio de qualquer ser humano é a mudança do cenário interior. Essa história de “pau que nasce torto nunca se endireita” é discurso comodista. É a manifestação da síndrome de Gabriela, não conhecem? Quantos não se dizem “eu nasci assim, cresci assim, sempre Gabriela” ? Lavoisier, Einstein e tantos outros provaram cientificamente o contrário. Jesus, segundo os Evangelhos e a partir de uma outra perspectiva, também. E foi com ele que aprendi a simplicidade do significado de “nascer de novo”. É um parto interior. Ao me repensar posturas e outras complexidades que carrego, nasce uma nova maneira de encarar o que tá ao meu derredor. Conversão é, diria, a movimentação de solos mais profundos. Aqueles solos do próprio “eu”. Por isso pode ser vista como um vôo altaneiro pra dentro de mim. Conversão e liberdade são como sol e sentir calor. O tempo é quaresmal. Vivemos época de reflexão e conversão. A gente pensa enquanto repensa. Eu fico por aqui pensando a vida enquanto traço um pote de arroz-doce com cravo e canela. Este é o meu vôo altaneiro do momento. Gabriela não tem nada a ver com isso!

sábado, 1 de março de 2008

443 abraços para o Rio


Minha terra natal completa neste 1º de março seus 443 anos. Longe de ser o município mais violento do Brasil, como alguns sugerem (não estamos nem na 20ª posição, de acordo com dados recentes da pesquisa do IPEA), continuamos sendo a cidade mais conhecida do Brasil (e sobretudo fora dele). E por que razão? Quase nenhuma, talvez. Alto lá, disse "quase". A Natureza pode explicar com melhores contornos que minhas palavras. Belezas naturais. Montanhas como um abraço em seu redor. Verde em quase todo o canto. Clima tropical. Cores almodovarianas. Brisas com cheiro de marés rasas, enchentes, vazantes e cheias. Mas se o melhor do Brasil é o brasileiro, o melhor da cidade são os cariocas. Eu assino embaixo! Bronzeados estampados por toda a pele, mesmo que não se queira tê-los (!). Cultura pelo dia, pelo sol, pelas roupas leves e pelos chinelos (ou rasteirinhas) pra tudo quanto é programa que se queira ir. Todos usamos, quem se importa? Faz parte da alma carioca ser sacana, bacana, dourado, moderno, alegre e tão sexy, como cantou Adriana Calcanhotto. Isso tudo transcende e cria na cidade a cidade que somos e amamos. Passados 443 anos de fundação por Estácio de Sá, o Rio continua lindo. Alô, Rio de janeiro – aquele abraço! É isso aí, Gil!

Águas de março para uma garotinha


Hoje a cidade acordou mais cedo. Não foi impressão minha. A gente quis assim. Dia de se arrumar e ficar mais bela do que já é. Neste 1º de março a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro completa 443 anos. Chove lá fora desde cedo. Águas de março acordaram o Rio. Os céus também tinham o direito de comemorar. Os confetes caem como gotas intermitentes. Prosseguem às vezes. Há muito tempo atrás, lá na maternidade, Estácio de Sá resolveu batizar a criança com a referência ao santo Sebastião. Os franceses já moravam por aqui há quase uma década quando “nascia oficialmente” por ato dos portugas. Tudo bem, os caras invadiram. Mas os portugueses também eram invasores. Todos forasteiros, exceto os silvícolas. Os tamoios (ou tupinambás, como queiram) foram os cariocas natos. [Saiba +]

Daqueles dias recém-nascidos até os atuais, convenhamos, a menina tá bem conservada. Verdade é que a mata nativa já foi escalpelada quase completamente. Resiste à modernidade, no entanto, a Floresta da Tijuca, a maior floresta em área urbana do mundo. Foi o que restou dos cenários daqueles primeiros anos de infância. Mas a vida tem seus viés. A cidade cresceu, ultrapassou mais de seis milhões de habitantes, foi capital de Reino unido (Portugal, Brasil e Algarves), capital de Reino do Brasil, capital de República, enfim, uma celebridade histórica! Hoje chove. A história assegura que no dia 1º de março de 1565 também chovia quando foi fundada no istmo entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar. Águas de março. Elas sempre se lembram quando é dia de comemoração. Fizeram naqueles idos. Revivem o “remake” 443 anos depois. Que comemoração, heim, Rio de Janeiro! Parabéns, menina!

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