quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A quem pertence a Terra


Conversando com um amigo, ontem à noite, pertinho do Arpoador, ganhei de presente uma revista publicada em dois idiomas (português e inglês) intitulada Onda Carioca. Muito bem apresentada, fotografias extraordinárias das belezas desta cidade e um texto preciso e com um bom argumento, costurando fatos da cidade e do país. Lendo-a no caminho de volta, em meio ao gostinho de sal que sobe quando as ondas rasgam as pedras, deu pra perceber que há coisas interessantes. De relance, meus olhos bateram num artigo de duas páginas escrito por uma pessoa a quem admiro: Leonardo Boff. São muitos os motivos para admirá-lo. Falo sob o prisma do ser humano engajado que é tanto na gestação de ideias a partir do pensamento filosófico quanto na desconstrução de um "status quo" (o empedramento da religião). A teologia, no caso dele (como no do filósofo e teólogo Rubem Alves), lhe tem sido alicerce para uma sensibilidade ímpar para com os problemas de nosso lar, o planeta Terra.

Como ontem falava sobre a saída da extraordinária senadora Marina Silva (e a possível filiação ao PV), pessoa encantadora pela “sabedoria simples dos caboclos do acre”, como ela mesma disse na ocasião em que a conheci no ano passado num seminário da OAB/RJ, achei oportuno o link com o tema do papo e o artigo do mestre Boff. Pois, ele nos diz:

“A quem pertence a Terra? Ela, na verdade, pertence aos que detêm o poder, aos que controlam os mercados, aos que vendem e compram seu chão, seus bens e serviços, água, genes, sementes, órgãos humanos, pessoas feitas também mercadorias. Estes pretendem ser os donos da Terra e dispõem dela como bem entendem. Mas são donos ridículos, pois esquecem que não são donos deles mesmos, nem de sua origem nem de sua morte.

A quem pertence a Terra? Fico com a resposta mais sensata e satisfatória das religiões, bem representadas pela judaico-cristã. Nesta, Deus diz: “Minha é a Terra e tudo o que ela contém e vocês são meus hóspedes e inquilinos”. (Lv 25,23). Só Deus é senhor da Terra e não passou a escritura de posse a ninguém. Nós somos hóspedes temporários e simples cuidadores com a missão de torna-la o que um dia foi: o Jardim do Éden.” (Leonardo Boff, extraído de “A quem pertence a Terra”, edição 25, agosto de 2009, da revista “Onda Carioca, pág. 13)


Nota: a imagem acima faz parte da campanha mundial da ONG WWF pela preservação das florestas.


And the honor goes to...


Dois importantes cidadãos americanos foram homenageados na semana passada pelo presidente Barack Obama em cerimônia na Casa Branca. O político Harvey Milk e o tenista Billie Jean King receberam a Medalha Presidencial da Liberdade, maior condecoração oferecida a civis norte-americanos. Entre os homenageados um fato em comum: ativistas gays. No entanto, isto é apenas um detalhe. O fato é que não se pode negar que cada um deles foi um luzeiro naquilo a que se propôs!

O arcebispo Desmond Tutu, cidadão sul-africano, reconhecido não apenas pelo Nobel da Paz mas também pela defesa dos direitos das minorias (étnicas, religiosas e sexuais) também recebeu a homenagem.


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Nas reticências...


A primeira delas__________

Sou um isso. Constante. Um amante. Tanto da justiça quanto das letras, da política em prol das minorias e dos convites à singularidade da vida. Não sou qualquer vida. Sou a minha própria. Íntegro. Inteiro. Sem coisificações. Exceções. Senões. Bemóis. Emotivo à raiz de mim. Atraído pelos seres altos na simplicidade, na pacificação e na generosidade. Errante-e-aprendiz. Um binômio. No meu bolso, apenas algumas moedas. E sonhos de sobra!





A que vem depois__________

Já escrevi muito, em muitos textos em vários perfis.
Já cansei de responder aos outros-fora-de-mim.
“Quem sou eu” agora é pergunta retórica:
Sou uma antítese. Um anti-herói.
Diferente entre os diferentes.
Reexistindo tardiamente.
Fora dos padrões.
Blasé. Mas,
De pé.
Por

Neste [singular] Dia dos Pais...




Hoje, domingo com céu pra lá de azul. Cores fortes contrastando com algumas pinceladas de muitas lembranças. Todas boas, deixo bem claro. Talvez por isso mesmo, vale salientar que as lembranças que mais permearam o firmamento no azul do [meu] pensamento foram as que meu pai deixou nos anos que desfrutei de sua presença-companhia. Hoje foi mais um daqueles exercícios para revisitar meu baú de [boas] lembranças dele. Senti falta dos sabores dos seus sorrisos e das palavras de gratidão quando lhe dava aquele abraço bastante filial, uma espécie de código sob cuja identificação nos reafirmávamos pelo carinho. O carinho a nosso modo. A aparente austeridade de meu pai revelava na intimidade dos mais chegados uma comicidade ímpar. De tudo fazia piada. Éramos bons amigos. Leais e ainda assim imperfeitos dentro de nossa construção de homens. Confesso, doeu um pouco lembrar tanta coisa. Saudade tem um que dessas coisas. Às vezes, dói, né?! Há quatro meses digo que sim. E muito.

Lembrei-me de meu pai até quando decidi comprar um bouquê de flores azuis um pouquinho antes da hora do almoço. Devocionalmente, ofereci à sua memória. Eu e meus pensamentos celebramos um ritual profundamente particular, tanto que só meu “eu” participou... O primeiro Dia dos Pais sem a presença física do pai a gente nunca esquece. Porém, mesmo sem esquecer, a gente caminha sob inspiração de quem soube ter sido por ele muito amado. Foi a partir daí que lembrei-me do poder da gratidão. É tal como água banhando o sorriso das flores do jardim. Sei o quanto sorriem. Torna-se evidente quando as cores se levantam para o brilho passar. Há um viço nisso tudo. Flores. Cores. Jardins vivos de lembranças. O saldo foi positivo. Toda boa lembrança é sempre positiva.

No decorrer do dia, uma palestra com o advogado Marcelo Turra para a qual tinha me agendado a assistir. Era o final da tarde. À noite, um aniversário. Não era de pessoa, mas de pessoas. Um grupo que milita em prol de um mundo mais justo. Estive em ambos os compromissos. Foi lindo encontrar e reencontrar tanta gente amada. Eram as minhas flores com sorriso de vida. Mais uma vez, percebi viço em tudo aquilo. Flores. Cores. Vidas. Pessoas. Histórias. Aqueles jardins!

Na volta, caminhando para pegar o metrô, meu amigo Pierre aponta o deslumbre com a vista. Olho correspondendo em reverente atenção. No alto do Corcovado, um Cristo cujo coração iluminado destoava na paisagem eternizada como cartão postal desta cidade. A iluminação em homenagem ao Dia dos Pais foi a atração para milhões de pessoas que avistaram o Cristo Redentor na noite deste domingo, 9 de agosto.

Com um azul no manto e um tom diferenciado no rosto, o monumento ganhou também um “coração” de luz. “A ideia era humanizar a estátua”, explicou o idealizador do projeto, Peter Gasper. O barato de tudo era que a luz vermelha simulava artisticamente os batimentos cardíacos. Eis nos detalhes as cores e o viço que compuseram o cenário do meu Dia dos Pais. Um jardim vivo de boas lembranças e com muitos aromas de saudades...





P.S.: O texto, ainda que escrito no domingo, acabou sendo publicado no primeiro minuto desta segunda-feira por alguns problemas técnicos com a internet. Eis a razão pela qual o tempo verbal no decorrer do texto faz menção ao [presente] domingo, o Dia dos Pais.

sábado, 8 de agosto de 2009

No encontro, eis-nos achados




Há um preço que poucos pagam, nem tanto pelo valor em si mas muitas vezes porque o que é caro requer um esforço muito grande pra se conquistar. Penso exatamente na liberdade. Não a vejo como mera palavra, mas um estado de ser o qual é visto pelas lentes da autoconsciência. Quem se sabe livre deseja ardentemente liberdade pra si e para os outros. Não existe espaço algum para manifestações egoísticas do ser. Quem se sabe livre, enche-se de indignação quando assiste alguém escravo. É tal aquele que se sabe perdoado. Invariavelmente, derramará perdão (pois a autoconsciência do prazer que causa é algo pra ser compartilhado). Tudo o mais é assim quando o ser não é egoísta...

Pensando um pouco no que o ser da gente é capaz de promover quando sabe compartilhar a alegria de um encontro, lembro-me da história muito antiga de uma dona de casa extremamente pobre que, certo dia, resolveu fazer uma faxina daquelas com o propósito de encontrar o que lhe era caro. No caso dela, uma moeda perdida e o significado emprestado a ela (a moeda). Tratava-se de seu tesouro pessoal. Era-lhe como tábua de salvação para, quem sabe, muitos apuros de ordem material. Não era qualquer coisa. Não era sequer “coisa”, uma “res” (do latim). Nada disso. Era um pedaço significativo da costura de muitos sonhos. Os sonhos daquela pobre mulher. O barato da história é que termina com o encontro da dona de casa com seu tesouro. Mais que isso, a alegria dela ao celebrar o tal encontro. Dizem que chamou a vizinhança da comunidade onde morava e os seus amigos discerniram que os sonhos daquela mulher não seriam sonhos em vão. Ali todos se viam nivelados pela necessidade e também pela alegria. Tanto foi que a alegria de uma foi a alegria da galera toda. O prazer de uma acabou contagiando a muitos.

Fico pensando na liberdade quando veste o ser humano de esperança e fé. Aqui, por favor, não me leiam com significados vinculados a qualquer religiosidade. É a fé que impulsiona a crer na possibilidade, no potencial que existe em nós. Pois, então, quando o ser humano se liberta impossível que mudanças não sejam acarretadas pelo processo. Quando são visivelmente boas, muitos compartilham da realidade de tais mudanças (até quem nunca gostou da gente). Afinal, não se esconde a candeia debaixo do alqueire. O que é luz sempre iluminará pelo simples e ao mesmo tempo majestoso exercício de viver.

Penso que o maior legado que a gente pode oferecer pra nós mesmos é a própria liberdade. Liberdade pra ser. Liberdade pra promover a construção de uma casa alicerçada na verdade. A maior de todas, creio, a verdade do ser.

Estas linhas são rascunhadas e ao mesmo tempo pinceladas do encontro tido com os amigos da Comunidade Betel nesta última quinta-feira. Assentados numa reunião que realizamos cada qual foi pondo suas próprias considerações acerca de si e das mudanças advindas no entendimento de sua liberdade. Mas, diga-se, a liberdade a partir da verdade. Lágrimas. Alegrias. Retrospectivas. Confissões. Uma satisfação contagiante pela serenidade e pela desinstitucionalidade do momento. Ninguém ali quis mostrar-se perfeito. Antes, pelo contrário, era o privilégio de se saber humano e acolhido no encontro dos semelhantes imperfeitos que fazia a diferença.

A verdade quando inserida num ambiente de acolhimento pelo outro se torna uma ferramenta de Graça que promove a comum-UNIÃO. E a coisa não ficou só entre nós, houve um ajuntamento de lembranças acerca de muitos outros seres humanos, os quais foram lembrados. Falou-se das necessidades do país, a sede de justiça e de conscientização política. Falou-se dos que não caminham na verdade e se dissolvem sendo muitos ‘eus’. Solidarizamo-nos com os agentes do Bem neste mundo, independente do que sejam, do que tenham ou no que creiam. Lembramo-nos do Gabriel Buchmann, brasileiro que buscou conhecer o mundo a partir da miséria para melhor servir como gestor, porém foi encontrado morto nesta semana, no Malawi. Foram momentos muito enriquecedores pra mim. Como disse na ocasião, aprendemos uns com os outros no encontro, mesmo no silêncio que tal encontro algumas vezes provoca. Silêncio, todavia, não silencia os ecos da alegria.

E foi justamente neste cenário de alegrias e recordações que nosso grupo – falamos emprestando o sentido de ‘família’ àquele ajuntamento – completou três anos de existência. Senti-me como a tal dona de casa que vibrou com seus vizinhos pela moeda que tinha encontrado.

Olhando fixamente nos olhos dos que ali estavam presentes, percebi que todos éramos os donos e as donas de casa daquela velha história contada por Jesus nos Evangelhos. Ali, cada qual havia se achado em algum momento na trajetória da vida. Cada qual havia discernido mudanças significativas em si e a partir de si no encontro. Penso que sejam valores imensuráveis frutos dessa tal liberdade igualmente imensurável! Que tesouro!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O mundo ainda caminha no aprendizado


Depois das indignações a que me permito nesta liberdade que me dou [falo dos posts a seguir], a certeza que ainda aprendemos a lição mais básica ensinada pelo Cristo: o amor, que, a contrário do que muitos pensam, não é plena aceitação do outro; antes, é respeito pelo direito que o outro tem de coexistir, acolhendo-o dentro do que se espera do respeito. E isto, diga-se, ainda que se tenham pontos de vista diferentes. Verdades próprias e acerca das quais não se abra mão. Até aí, a paz prevalece. Entretanto, é quando nossa verdade precisa ser a verdade do outro a qualquer custo que o respeito é ferido. Por mera conseqüência, o conflito elimina a paz, que, por sua vez, estanca o processo de semeadura do amor. Sem sementes de amor o mundo se torna um vasto campo de individualismos se auto-destruindo. Os “ismos” só não podem é contra o amor. A lição ainda faz parte da aula. E assim vamos caminhando...


Nota: imagem colhida dos Out Games, na Dinamarca, 2009.

Primeira Indignação


Eu me pergunto o que os homens estão fazendo do planeta! Até quando a Mãe Natureza suportará as dores com tanta agressão que lhe causamos? Dentro de nossa realidade, trazendo a responsabilidade pra bem perto, dados oficiais do próprio Governo informam que o desmatamento em junho na Floresta Amazônica alcançou uma área correspondente a metade do município do Rio de Janeiro – leia-se a segunda maior cidade do país –, onde vivo. Putz! Quanta loucura!

Pior se torna quando nos assentamos à mesa de qualquer Café e, indiferentes, nos consolamos esperando saber qual será o tamanho do desmatamento no mês de julho... Até quando?

SOS!


Nota: a imagem acima foi captada durante o mês de junho de 2009. Revela o desmatamento causado pelas madeireiras ilegais. Acima, imagem do desmatamento na Ilha de Marajó (PA).

Segunda Indignação


Viver não deixa de ser uma loucura diária, bem sei. Mas, convenhamos, há muita gente doente (na psique) lançando o ódio que sente contra si mesmo na direção dos outros. Gente que não se ama, por isso adoece nutrindo o ódio. Mais uma vez o mundo (leia-se planeta) paga a conta!



Neste final de semana (01/08) um desses doentes lançou seu ódio num bar (Café Noir), na cidade de Tel Aviv, na esquina das ruas Ahad Haam e Nachmani, e disparou contra os homossexuais. Em seguida, fugiu.


Os disparos mataram Nir Katz, 26, e Liz Tarbishi, 17, além de deixar 15 feridos a tiros e também pelo tumulto. Deste total, três estão internados em estado grave. O atentado é considerado o mais grave da história de Israel contra gays.



Que a comoção contra o terrível episódio (incitado pela semente do preconceito, quase sempre concatenado a discursos advindos da religião quando esta confunde fé com moral, o que é muito comum nas principais religiões monoteístas) venha nos chamar à reflexão de que não apenas naquele país (Israel) mas também neste (Brasil) o ódio prevalece em muitos outros episódios parecidos. Os atentados feitos – consciente e inconscientemente – contra a dignidade de um semelhante ser humano falam por si. Versos me incomodam com o significado dado a eles na voz de Renato Russo ao dizerem, profeticamente: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã". Pra pensar.





domingo, 2 de agosto de 2009

Vitórias da democracia – Parte 2




Quem diz que a democracia não se manifesta nas mínimas coisas do dia a dia (falo em conquistas de uma forma geral) é porque não aprendeu a discernir que uma nação se torna mais forte quando reconhece seus feitos. Como brasileiro, orgulha-me ver a brilhante (e histórica) participação do Brasil no Mundial de Natação em Roma.


Parabéns, César Cielo! Olhem para a imagem e, sinceramente, se questionem se é preciso dizer qualquer coisa a mais?!


Vitórias da democracia – Parte 1




Dia 31 de julho de 2009 entrou para a história do Conselho Federal de Psicologia. O até então inédito caso da psicóloga evangélica Rozangela Justino tornou-se o primeiro a ser publicamente condenado pelo colegiado de seus pares no Plenário Ético do CFP. Ela incutia nos seus pacientes seus argumentos de natureza moral, ideológica e sobretudo religiosa para fazê-los crer que, sendo o que eram, não poderiam viver felizes e, segundo ela, serem "aprovados" por Deus. Detalhe: a psicóloga recebia e ainda recebe o apoio do segmento religioso evangélico, que, inclusive, se mobiliza nos seus representantes junto ao Congresso para derrubar por meio de legislação (decreto legislativo) a excelente norma infraconstitucional que lhe serviu de esteio para a sua justa e histórica condenação - a Resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia.

Res, non verba, ou seja, realidade, e não apenas palavras, fato é que há luz no fim do túnel! Reafirmo que existe um estado democrático de Direito neste país constitucionalmente laico e livre dos cabrestos ideológicos de qualquer natureza. E tal realidade expôs os sofismas e as falácias da profissional, reverberando o grande mal que acabava cometendo indo ao desencontro da verdade do ser de seus pacientes. Graças a Deus, enquanto houver luz de democracia dentro e fora do túnel, aqui não se instalará um novo Irã!

Como disse no final de um artigo escrito ontem (não publicado no blog), percebemos que as importantes decisões tomadas no histórico 31 de julho de 2009, tanto no Judiciário quanto no âmbito administrativo (no CFP), marcaram simbolicamente o momento para aprendermos com a História a revisitarmos o nosso ideal de Paz, não a Romana, mas a tupiniquim, propagada na literatura modernista de Oswald de Andrade nos idos de 1922, que leva na cor bronzeada por este sol a beleza que toda boa mudança evoca. Mudar pra valores cada vez melhores e que contemplem, portanto, a união entre os semelhantes. Mudar como “conversão” de dentro pra fora. Mudar como exercício do repensamento do que até aqui se feriu (em palavras e falsas promessas baseadas numa visão diminutiva da religião que não religa, mas divide os homens). Mudar a ponto de não mais se reconhecer nos discursos ditos no seio da ignorância, outro fruto produzido pelo desamor.

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