Diante das atuais circunstâncias fico me perguntando pra onde ir...
Falei ultimamente sobre meu desencanto do mundo virtual. Não imaginava que viria a ser arrancado tão inesperadamente dele. Há cinco dias estou sem conexão com a internet. De férias, resta-me o PC de casa. Justamente aqui fui ter problemas com o provedor. Não envio nem recebo um único e-mail. Não respondo a ninguém. Perguntas e respostas se acumulam. Pra piorar, a linha telefônica anda baleada. Depois de alguns temporais típicos deste verão, os ruídos me impedem de ouvir e identificar as vozes. Já por duas vezes os técnicos estiveram aqui, a meu pedido. Um deles falou da oxidação já que moro a poucos minutos do mar. E daí, qual a solução – eis minha perguntinha de retórica. Aguardar uma equipe pra reparar os cabos! – eis a resposta que ouvi.
Tenho “amigos virtuais” que, à vista dos últimos e-mails que recebi [antes de ficar “ilhado”], anseiam por um simples alô. Não tenho como “chegar” até eles...
De repente o mundo virtual torna o mundo real mais trabalhoso, diria. Basta ficar desconectado do mundo por alguns poucos dias. Poucos dias?! Tem sido uma eternidade! Nem leio mais às notícias em tempo real pelo portal do G1! Não assisto a um videozinho sequer do Youtube! Na falta de conexão voltei a manusear meu velho e bom dicionário (ah, saudades do meu Michaelis on line!...). Tudo parece meio perdido. Sem direção. A pergunta ecoa pelos corredores do pensamento: aonde ir?...
Que a virtualidade possa ter seus confortos (pra evitar ser repetitivo com as facilidades) não se duvida. Tudo é mais prático. Tudo, não. Quase tudo! Insisto nas reflexões anteriores sobre os cuidados [repito a palavra "cuidados" pra que não me leiam com impressões de inimizade ao mundo virtual] que se deve ter com o coração. Relacionamentos virtuais tendem a ser, em boa parte das vezes, meras projeções. Jogo de aparências photoshopadas. Até o papo é photoshopado com as palavrinhas elegantes e politicamente corretas...
Na falta de internet, os livros e as cartas. Estou chocado com os relatos do Marcelo Quintela lá na Nigéria e o grande problema social com o misticismo das crianças “bruxificadas”. Pobres coitadas, são estigmatizadas assim por lideranças religiosas para “explicar” as mazelas familiares, incluindo-se a própria miséria. Na falta de sono nesta madrugada, a brisa do mar me visita sorrateira pela varanda de meu quarto.
Os pensamentos seguem por conexões que independem da rede internauta. São próprios. Altivos. Saudosos. Inquietos. Preciso voltar ao Jardim Botânico. Preciso de novos encantos. Preciso do aprendizado daquelas raízes. Preciso do solo da realidade, a despeito de todas as facilidades do universo virtual. Mas entre teclados e pele, sou pela pele. Sou pela paz. A dos meus desejos... É pra lá que eu vou. Com ou sem conexão direta... Bom final de semana a todos!