Estou vendo os cabelos brancos refletidos no espelho do banheiro enquanto escovo os dentes. Eles despontam entre os tímidos cachos e se esguicham por sobre o castanho escuro [ainda] predominante. Pensando na possibilidade de uma invasão deles – o que seria prazerosamente bem-vindo! – é que se percebe a dimensão do finito sobre as coisas e do infinito sobre o que nos constitui. Não me refiro ao envelhecimento, o que é tão natural quanto a sede, a fome e o frio. Penso exatamente no percurso do processo, na trajetória de como até aqui se chega. Alegrias, prazeres, lágrimas, soluços, medos, culpas, fugas, prisões, iras, bravuras, covardias, insurgências, tensões, milagres, coisas inexplicáveis e outras tão lógicas que nem se dão valor, a princípio...
Os pés caminham na direção do pseudo-fim, divago num olhar pra dentro. A existência nem sempre é precisa, afirmo pra mim mesmo no mergulho do silêncio. Há dias em que pareço voar, voar. Há momentos em que nem sei por que sinto saudade, a tal vontade de refazer o percurso na própria existência (por lembrança, por fé ou por nostalgia). É coisa do pensamento, eu sei. Mas bem pode ser coisa da vida, a danada que firma o chão sobre o qual caminho. De olhos antes fechados, agora abertos, eu vou. E sou. Maior do que o pensamento. Mais altaneiro que os olhos. Assim, fecundo, de mansinho, de pé até este momento...
Os pés caminham na direção do pseudo-fim, divago num olhar pra dentro. A existência nem sempre é precisa, afirmo pra mim mesmo no mergulho do silêncio. Há dias em que pareço voar, voar. Há momentos em que nem sei por que sinto saudade, a tal vontade de refazer o percurso na própria existência (por lembrança, por fé ou por nostalgia). É coisa do pensamento, eu sei. Mas bem pode ser coisa da vida, a danada que firma o chão sobre o qual caminho. De olhos antes fechados, agora abertos, eu vou. E sou. Maior do que o pensamento. Mais altaneiro que os olhos. Assim, fecundo, de mansinho, de pé até este momento...