Eu penso todas as vezes vir aqui, deitar sobre uma linha imaginária e sonhar palavras, significados, sinais, qualquer coisa que instigue o momento a ponto de modificá-lo. Penso, mas me retraio. Deixo para o instante chamado depois. Os meus dias, melhor, as minhas últimas semanas foram carregadas de frutos penosos de trabalhos e outras atividades que sobrecarregaram a minha carga natural das coisas e de mim mesmo. Sobrecarga já é um peso só na palavra, dá nó só de ler! Não deveria ser assim. Carga, por si só, já denota o peso das coisas. Imagina, então, a sobrecarga!
Palavras, palavras e palavras... Na vida se aprende que somos mais que a palavra, mais que os signos das coisas, mais que qualquer emblema... somos o que somos, e isto transcende, salta para além do olhar de quem quer que seja. Maior do que nós somente o Bem que fecunda a terra e dá crescimento aos nossos sonhos. Maior do que nós é quase um eufemismo, mas dá no mesmo. Somos o que somos, e isto é o que importa.
Bem, isto é o que deveria importar. Mas nem sempre [se] é assim. Os dias passam, os costumes vão e vem num tricoteio efêmero do tempo, e, no entanto, as mentes pouco absorvem as certezas mais óbvias. Afinal, eu sou o que sou mas não sou sozinho! Há vida na terra, dentro em mim e – pasmem, desavisados! – fora de mim também!
E se há vida pro lado de fora, há jardins que não foram plantados por mim – embora deles possa até cuidar, quem sabe... Eis a questão: há mundos pra todos os cantos e pra todos os lados. O meu. O seu. O dele. O dela. O daquele outro ainda indecifrável. O daquela sequer aparecida, mas certo que existirá. E por que não sabemos as lições mais simples da sobrevivência? Por que ignorar qualquer outro universo para além de mim/de nós? Por que a verdade soa sempre como o último grão sobre o prato diante dos famintos?
[Instante mudo, falta palavra exata, nem precisa, basta a pausa...]
Por que, heim? Sei lá! A gente é assim, coisa de nossa pretensão, dos quereres que a gente [sobre]carrega. Cansei disso há algum tempo, só não cansei de mim. Eu preciso de sonho pra sobreviver, pra tocar em frente, pra continuar querendo além de. Querer faz bem. Bem faz querer o Bem!
Eu quero apenas um cafezinho ao pé da varanda. Quero, se possível, as horinhas de descuido para ouvir histórias, qualquer uma delas. Quero o sabor de família na quentura da xícara, aquela que a gente pega sem levantar os dedinhos, mas, às vezes, nem se importando se um deles faz graça e se arrebita frente aos demais. Quero na simplicidade a sua companhia, mostrando presença e força no silêncio da naturalidade das coisas. Quero observar a família do jeitinho que é, assim como eu também sou, mas sem querer mudar nada em mais ninguém. Quero lançar sobre o sonho o cuidado de ser sem sobrecargas, sem cobranças, sem lembranças, desde que esperanças...
Mas se minhas últimas semanas foram tão cheias, já nem peço mais licença para deitar nestas linhas e fechar os olhos pra fora de mim. Quero mergulhar naqueles sabores ditos ainda há pouco. Quero experimentá-los com a quentura do cafezinho vespertino recém saído do bule. De prazer em prazer as palavras vão vindo a convite do tempo, que não para, mas faz dengo na medida em que as coisas ficam mais leves, mais equilibradas e maiores que nós. Bem maiores que nós. Como é cada um de nós... É por isso que vim, vi e venci (a preguiça, a saudade de rever o carinho de todos, o tempo que não me dispunha, o vácuo, o lapso temporal...). Isto me faz um bem danado!
Nota de rodapé: saudades de vir aqui, de roubar letras, de correr em disparada, de trepar na cerca e fugir fabricando as minhas próprias palavras. Gosto de inventar a rebeldia. Gosto tanto quanto o cafezinho aos pés da varanda... basta me convidar na leitura que eu sigo mais as palavras!
Eu quero apenas um cafezinho ao pé da varanda. Quero, se possível, as horinhas de descuido para ouvir histórias, qualquer uma delas. Quero o sabor de família na quentura da xícara, aquela que a gente pega sem levantar os dedinhos, mas, às vezes, nem se importando se um deles faz graça e se arrebita frente aos demais. Quero na simplicidade a sua companhia, mostrando presença e força no silêncio da naturalidade das coisas. Quero observar a família do jeitinho que é, assim como eu também sou, mas sem querer mudar nada em mais ninguém. Quero lançar sobre o sonho o cuidado de ser sem sobrecargas, sem cobranças, sem lembranças, desde que esperanças...
Mas se minhas últimas semanas foram tão cheias, já nem peço mais licença para deitar nestas linhas e fechar os olhos pra fora de mim. Quero mergulhar naqueles sabores ditos ainda há pouco. Quero experimentá-los com a quentura do cafezinho vespertino recém saído do bule. De prazer em prazer as palavras vão vindo a convite do tempo, que não para, mas faz dengo na medida em que as coisas ficam mais leves, mais equilibradas e maiores que nós. Bem maiores que nós. Como é cada um de nós... É por isso que vim, vi e venci (a preguiça, a saudade de rever o carinho de todos, o tempo que não me dispunha, o vácuo, o lapso temporal...). Isto me faz um bem danado!
Nota de rodapé: saudades de vir aqui, de roubar letras, de correr em disparada, de trepar na cerca e fugir fabricando as minhas próprias palavras. Gosto de inventar a rebeldia. Gosto tanto quanto o cafezinho aos pés da varanda... basta me convidar na leitura que eu sigo mais as palavras!
33 comentários:
Nossa que saudades de passar por aqui e ler um texto seu viu...
você é show.
abraços
de luz e paz
Hugo
saudades de você vir aqui plantar sementes de inteligência
saudades
muitas saudades
Nossa, bem vindo ao Partitura!
Adorei o blog, tua escrita é fluente, fantástica, gostosa de ler.
Certo que te sigo, voltarei.
Abraços. Bom fim de semana. Que venham mais linhas, significados, sinais...
===
PRIMEIRAS PALAVRAS:
Huguinho, o sentimento é recíproco, não é pouco, é o suficiente, coisa nossa, do texto, da saudade!
Serginho, você é mais que fala, mais que palavra, mais que sílaba; aliás, uma é muito pouco. Você pede mais, em versos, em palavras, em gestualidades e em gana pra ser mais que um!
“Saulo, Saulo, por que me persegues!?” – [risos] Paráfrase ao texto do livro de Atos, papiros do séc. I da Era Cristã.
Obrigado, Saulo. Abraços seguem nas linhas, nas esquinas delas, coisas de parágrafo, uma mesma idéia!
A todos, farelos de GRATIDÃO pra empanturrar a fome da leitura!
Bom final de semana!
===
Varri e juntei tudo ao coração, os farelinhos que deixou lá no InterTextual.
Bem vindo, amigo, e continue espelhando teus fragmentos.
Volto aqui mais tarde pra ler este texto. Vasculhe o InterTextual! Faça uma bagunça por lá, deixe mais farelos e sílabas.
:)
Nossaaa !
Sabe que as vezes me pego a pensar na vida dos outros, no mundo delas, quais os dramas da cada um ,as laegrias, o que pensam no dia a dia, já falei uma vez que gostaria de passar uns dias "dentro" de outras pessoas para ver como é...e ver se eu sou normal hahaha, pq eu penso tantas coisas, e de forma rápida e as vezes tão diferente...que fico com a curiosidade de conhecer o mundo de dentro de alguém !!!
Mas não acho que tenham que ser mundos iguais não, acho que todos os mundos de certa forma se completam e assim como um rosto eu acho que não existem mundos 100% iguais.
Complexo demais hahaha !!
Beijos
===
Marcio:
Já estou munido de pá, vassoura, lupa, enfim, todas as ferramentas para minha varredura apurada das letras que encontrar... os caminhos seguem me convidando... curioso – uma raridade em mim! – pego os atalhos só pra encurtar as possibilidades!
(...)
P.S.: As reticências apenas denotam o “às vezes” que me toma quando fico na observação... no interesse da ação...
===
===
Ana:
Menina, mas a gente entra e sai das pessoas pelo olhar! As janelas da alma se abrem (ou não) conforme a aproxima-AÇÃO. Bem, é assim que existo. Mas uma coisa é certa: não há mundos iguais. Isso mesmo, de certa forma nos completamos... [que belo!]
Gosto de afirmar a minha individuação [não a individualidade] enquanto SER, mas, por outro lado, estou absolutamente CONVICTO que não vivemos sem o qualquer-outro, o que esteja ao lado, o próximo. Existir até que se existe, mas é aquilo: existir é pouco pra mim, o que mais quero é viver, é pôr significados nas palavras que fabrico de mim, a maior parte delas no silêncio das minhas ações.
Abraços descomplicados, temperados de sal, de sabor!
===
===
RECADINHO DERRADEIRO:
Este recadinho é para os que me lêem na surdina, no silêncio dos mundos, no passo suave sem rastros de presença notada. Sei que VOCÊ me lê. Dá pra sentir, a palavra me conta tudo.
Fica aqui, pra todo mundo ver e ler: OBRIGADO. Estou aqui, como vês, assim, bem assim como [me] lês!
Indecifrável para uma só palavra, às vezes... :)
===
As vezes temos de dar um tempo para nós próprios, mas não quer dizer que estejamos parado realmente...
Acabei pensando assim ao ler o texto.
Fique com Deus, menino.
Um abraço.
===
Daniel:
Poizé... somos palavras-andantes no texto da vida. Quem para é ponto. A gente faz, no máximo, uma vírgula aqui e ali ou segue imprimindo reticências... pra variar!
GRATO, meu rapazinho.
O abraço, o carinho e a presença.
===
===
[feliz] aniversário, Hugo! És sempre [bem]-vindo aqui, "HSLO"!
P.S.: É apenas pra registrar também fatos do lado de fora-de-mim!
===
===
P.S.: Aos novos nestas terras, outro registro em forma de farelos: quem desejar me seguir no twitter basta acessar @amigocardo
===
Retribuindo a visita gostei mto daqui. Voltarei!
===
Ston: Rapaz, rapaz...
>> Assim seja, naturalmente! À vontade! <<
===
Hmmm.. retribuindo a sua visita. Achei que iria parar e ler só o último texto, mas fui me encantando de uma forma que li quase todos! :)
Seja Bem-vindo! :)
Te sigo agora!
Hmmm..
Seja bem-vindo!
Acho que também vou ficar aqui pelo seu cantinho por um tempo!
===
Lucas:
Sejamos mutuamente bem-vindos aos olhos, as janelas da alma, por meio dos quais a gente entra e faz visitas nos jardins alheios, nas leituras de todas as palavras!
E já que estás temporariamente [“por um tempo”] nesse cantinho, tire as sandálias dos pés e valseie entre os períodos, orações e frases soltas. Fico daqui olhando teu palavrar!
===
Belo texto para sábado a noite.
besos
===
Rodrigo: Nos embalos de sábado, à noite, os braços saúdam o caminhante que chega e que semeia seus passos nestas sílabas convexas...
Saludos com otro beso!
===
Cardo menino, já era hora né? rs
Saudades daqui, dos farelos soltos, rsrs
Agora tá me devendo visitas heim? rsrs
Bjos meu carioquinhha, rs
===
Dilsinho: Sim, anjo! Já era hora! Eu te devo o calor do abraço, do tato, da mão, da saudade, do sorriso e de tua baianidade, que é só tua, mas faz de conta que é pra alguns outros, os que te sabem o valor e dentro dele, a amizade!
Beijo[s] perdidos e achados!
:)
===
Gostei do blog
Beijão de Londres e otima semana
Dan
www.sembolso.blogspot.com
===
Daniel: Entre. Repouse os olhos na leitura. Descanse. Afinal, a distância foi-é longa...
Obrigado pela gentileza das palavras. Tenha uma ótima semana, rapaz!
===
Ai Cardo que lindo menino, desse jeito eu vou ficar todo todo e acabar me apaixonando, rsrs
Bjo meu carioquinha, rs
Nossa, que blog ein? Intenso e facil de gostar, to de olho.
===
Dilsinho:
Querido, basta lembrar os versos de Milton: “Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito.” Enquanto a gente se lembra, dança num passo só, assim, harmonicamente... isso, isso mesmo! Viu só!?...
Bj, bj! :)
Dexland:
Olhos e almas. Pode ficar de olho, rapaz. Pode abrir a janela. Ladrões aqui não escavam nem roubam. A palavra apenas pede passagem... o resto nem o vento leva [porque a gratidão é convite e é sinal verde para o eventual retorno!]...
===
Cardo, tu tá muito relapso com meu blog viu? Nunca mais foi lá fazer uma visitinha, rs
Bjo menino
===
Tem certeza? Olha lá, heim...
===
É isso, precisamos dos sonhos pra viver e a vida pode ser extremamente simples e boa!
Gde abraço!
===
Marcos:
Isso! Eu digo ponto final.
Acrescentar mais o quê?
Abraço saudoso, amigão!
===
Sim meu filho, te leio na surdina, em silêncio e meditando em cada palavrinha que você escreveu nesses dois últimos textos.
Sei que sempre faço comentários muito longos e por isto hoje vou dizer que cada dia me encanto com as palavras paridas a cada momento de sua vida e isto me faz refletir muito, pois você tem me ensinado bastante.
Te escrevi quando cheguei de São Paulo, explicando porque não estava entrando na internet e contando do casamento do seu mano Paulo.
Ontem o Gulherme do Chico foi empurrado de dentro do ônibus quando voltava do colégio e teve uma fratura exposta abaixo do punho. Foram momentos de pânico porque por milagre não passava nenhum carro, pois foi em plena rodovia quando retornava para casa. O médico disse que foi um milagre. Graças a Deus está recuperando.
Resolvi te dar notícias aqui, pois vejo que você lê e responde a todos os seus blogueiros.
Sábado estarei viajando com Adriana e as meninas, vamos para uma pousada.
Parabéns pelos belos textos escritos e "momentos",
Um beijo da mãe que nunca deixará de ser mãe.
Postar um comentário