Às vezes penso que cadeia ainda é pouco. Há que se pensar além disso sem, contudo, deixá-la de aplicar sob o rigor da lei. A solução ainda está longe disso. Todos estão enfermos, inclusive as famílias. O triste de tudo é que não é apenas aqui, no país. O "curso desse mundo" caminha para a UTI. Que desamor! Que tristeza!
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Que tristeza!
Às vezes penso que cadeia ainda é pouco. Há que se pensar além disso sem, contudo, deixá-la de aplicar sob o rigor da lei. A solução ainda está longe disso. Todos estão enfermos, inclusive as famílias. O triste de tudo é que não é apenas aqui, no país. O "curso desse mundo" caminha para a UTI. Que desamor! Que tristeza!
Quando elas me tocaram, chorei
Nota: dedicado a dois luzeiros no meu caminhar: Kátia, por ter me inspirado com lágrimas enquanto a ouvia cantar, e Lea, por ter me inspirado com lágrimas enquanto a ouvi falar dos “excluídos das estruturas do Poder” como alvo do amor Daquele que é Todo-amor. Falou com tanta verdade que nem ela nem eu nos agüentamos -- por nos sabermos tais "excluídos", não apenas pelo Poder de quem dele se serve mas também por aqueles que se auto-intitulam "Poder" como representantes de Deus na Terra --, choramos. “Aquele que tem um pedacinho Dele dentro de você”, pra mim, foi um desfecho-sem-fim nas palavras dessa grande mulher chamada Léa. Não é simples. É absurdamente belo. Como vocês duas!
A implantação da reforma saiu...
Até lá, posso abençoar com circunflexo.
Voar seguro em qualquer acento.
Enjoar pra dar um ponto.
Final. Não, trema!
Poeminha azul
Pus minhas pernas dentro do firmamento.
Mergulhei-as bem fundo no azul. Submergi.
Renasci. Uma “metanóia”, um novo pensar a vida
Azul. Tudo azul como o mar do céu em mim. Sem merecer!
Cardo, in Metanóia: novo pensamento azul.
Nota: post dedicado à doce Bárbara, pelo seu aniversário neste dia. E pensar que em dezembro terei uma afilhada professorinha graduada em Letras... Luz sobre teu viver!
domingo, 28 de setembro de 2008
Festival de Cinema do Rio
Memórias de quem não irá nunca: Clarice
Não imaginava que iria me apaixonar mais ainda pela aura de Clarice. Ela é danada (“arretada”, como escreve acerca dela meu Serginho), mas dana-se quem pensa o contrário. É dessas que nos esclarece: ‘eu sei o que faço neste mundo: incumbida!’ Não há como não querer senti-la. Mergulhei no seu mundo durante três horas na exposição do Centro Cultural Banco do Brasil. Vi seus retratos particulares, catei os detalhes nos seus documentos, perscrutei seu título de eleitor, a seção em que votava, o passaporte, os boletins, cartõezinhos do INSS, cartas escritas aos 21 anos de idade ao presente Getúlio Vargas pedindo que fosse-lhe deferido o pedido de naturalização como brasileira (o que foi aceito). Encantei-me com a sintonia que nós dois – ela e eu – temos em nossa peculiar história: graduamos no mesmo curso e na mesma Faculdade Nacional de Direito, nasci no dia em que ela deixou de existir (embora o seja sempre, o que é mui diferente), só mudando o ano. Ela costumava emendar o texto da mesma forma que eu no final de meus escritos (crônicas e poesias), sempre puxando setinhas com caneta e bagunçando o coreto de tal forma que ninguém – exceto nós mesmos – entenderíamos os nossos originais. Amei o carinho dela para com o filho caçula, lá pelos idos de 1969, quando o menino ainda era adolescente e fazia intercâmbio nos EUA: “A pessoa que mais te quer neste mundo”, assim assinava no final das cartas cobertas de maternidade. “Não traga gato para este apartamento, exceto se já estiver treinado para os pipis” – foi o bilhete escrito à caneta numa margem de outra correspondência para o filho Paulinho. Ria nos detalhes. Nem me importava com os demais vendo minha autenticidade incorrigível – a liberdade de ser-me. Ouvi-a dizer que, certa feita, pegou um táxi e foi até a Feira dos Nordestinos, no Campo de São Cristóvão, só para sentir o clima do que precisava para uma próxima obra. Pois ao sair da exposição, não é que passei pelo mesmo lugar! Mas nada poderia sentir pela exaustão do que já tinha absorvido. Digerir Clarice não causa náuseas. É um empanturramento satisfatório. Eu é que o diga na constatação da palavra: ela está, nunca foi!
Nota: na imagem acima, Clarice durante a entrevista. Maravilhoso poder ouvi-la num telão enorme. Sentados em puffs ou espalhados pelo chão, como foi meu caso, a maioria dos visitantes se emocionou durante muitas de suas falas e divagações. Que vontade de aplaudi-la. Contido e já de pé, preferi simplesmente suspirar e dizer: sou teu fã, louca em absoluta sanidade perfeita!
A quem honra, honra
Noite de lançamento da obra “Crônicas cariocas e ensino de História”. Bom encontrar grandes amigos por lá...
Nota: na imagem acima, os autores, a obra e eu no Palácio do Catete, RJ.
Palavra que não inventei
Amor. Bolinhas de sabão. O som de copos com água. O som das gotas no chão. Um sorriso tímido. A música por trás dos ruídos. Um barquinho de papel. Um avião nas mãos de um menino. Um coração encostado no outro. Um ou dois para sempres. Uma pipa atravessando as nuvens. Uma sementeira de tulipas. Um par de meias listradas. Dois ou três cata-ventos. Uma palavra inventada.
Rita Apoena, in Sugestões para presente
Nota: o post de hoje segue dedicado à Neidinha, sempre presente neste blog com suas palavras mágicas, amigas e confortáveis para a alma de qualquer ser humano. Uma amiga tão querida que tem se tornado “maninha” ao coração. Só me resta dizer por esta “via” (já que o disse ontem pelas “vias orkutianas”): Feliz aniversário com todas as cores de Graça!
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Sapatilha
Nota 1: para visualizar a reportagem do brasileiro à BBC de Londres, [clique aqui]. Para visualizar o site do bailarino (em português e em inglês), basta clicar no nome logo acima.
Nota 2: na imagem acima, cena coreografada pelos bailarinos da Companhia de Dança Jair Moraes.
Pra pensar
És fascinação
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Lançamento oficial: divulgação
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Meritocracia instalada
Domingo me alimentei de várias formas, não apenas pelo churrasco do qual participei, mas também pelas muitas palavras que ouvi de meu amigo de caminhada, Marcinho Retamero. Não terei pretensão alguma de reproduzir ou testemunhar em letras tudo o que ouvi, mas de uma coisa sei: foi Graça pra meu viver! Primeiro, porque o lecionário litúrgico para o domingo foi justamente a parábola que me representa (a dos trabalhadores na vinha) não apenas num contexto amplo de “metanóia” (o novo pensar a vida, que, já disse uma vez, ocorre em Graça, pondo cores novas no viver), mas sobretudo no meu “infinito particular”; aliás, meu e de Marisa Monte também. Segundo, porque a trajetória de suas palavras foram delineando o que ocorre conosco – todos nós! – desde que nascemos. E eu me senti sendo cortado em pedacinhos dentro de mim mesmo.
Dizia ele que somos altamente meritocráticos em nossos relacionamentos (afetivos, familiares, fraternos e sociais) e conosco também. De fato, o somos. Senão, vejamos. Queremos a troca. Precisamos das carreirinhas de barganha. Satisfazemo-nos em ser recompensados. E assim o é desde os idos de jardim de infância, por exemplo, quando a professorinha promete recompensar o que se comportar e castigar o que fizer bagunça. Passa por toda a adolescência, alcança a juventude e vai se estabelecendo na vida adulta. Mais e mais... Marcinho ainda citou o brilhantismo de Freud que sacou esse “mal” em nós como projeção no outro. E assim vamos vivendo, de méritos em méritos, projetando nossa humanidade adoecida com este “sistema” para quem quer que seja o outro. Tem gente que faz isso até com Deus! A religião - e aqui se diferencia de Graça, pelo amor de Deus! - é expert no catecismo e na práxis deste tema. “Se eu me dedicar à religião, certamente, serei abençoado!”, pensam. "Eu preciso estar na igreja pra que Deus me...". Eis um genoma altamente mercantilista em nosso ser! As bênçãos, portanto, são meritocráticas também. É o tal toma-lá-dá-cá ao qual nos acostumamos e pensamos que Deus também curte. Mas, como disse, Marcinho, “Deus não é homem!”. Ele não cai nessas furadas, nessas esquisitices nossas (aprendidas desde pequenos, é verdade). Projetamos o mesmo comportamento meritocrático nos nossos inter-relacionamentos. “Ah, me dá um beijinho!... Só dou se você me der primeiro...”. “Se ela fez isso, ah, também vou fazer! Isso não vai ficar barato!”. “Me deixou aqui sozinho e foi se divertir? Não perde por esperar!”. “Tenho me esforçado pra agradá-lo e ele não tá nem aí pra mim... vou parar de me esforçar...”. “Quanto que já fiz por ela e o que ganho? Nada. Sou mesmo um otário!”. “Olha quanta gente merece um pouco mais de atenção dele e eu, que o conheço há mais tempo, sou tratado como alguém sem muita importância...”. E assim vivemos. Adoecidos. Meritocráticos. Esperando sempre receber. Viciados nisso, precisando de doses cada vez maiores conforme aumenta a doença em nós. Sem saber amar. Sem saber que amor, quando puro e verdadeiro, dá sem esperar receber. Ama-se por decisão, não por recompensa. Mesmo que a recompensa seja a atenção, o carinho ou a resposta. Quem ama, ama. Quem se sabe amado, sabe-se que é amado. É feeling, vê-se com a vida. Tudo isso faz bem. Exceto o querer em troca, não importa o quê. Graças a Deus porque Ele é Graça, e não impõe “condições” para amar. Graças a Deus por muita gente que aprendeu amar com este Amor...
Nota: “post” dedicado e inspirado nas ricas palavras de meu amigo Marcinho Retamero, pela sua garra, coragem e dedicação no anúncio do amor. Fiquei feliz em saber que ele abriu a Parada de Duque de Caxias com uma oração no alto de um trio elétrico. Isso é, no mínimo, profético! Segue, ainda, a dedicação ao Juninho, amigo que me enviou uma mensagem linda no celular dizendo o quão sensibilizado ficou com as palavras que ele também ouviu do Marcinho no mesmo dia que eu.
Sobre tempo e jabuticabas
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida valer a pena.
Nota: Extraído do Jornal “Extra” (RJ). Recebi de presente de uma amiga. Detalhe: presente que me chegou como um pedaço do jornal sem data, cortado a mão. “- É seu, guardei pra você porque sei que gostará”, disse-me. Após a leitura, sorri e respondi: Verdade. Tanto gostei que hoje mesmo colocarei no meu blog.
Nota de última hora: Coincidência ou não (prefiro dizer “sintonia”), mi Madrezita tinha me enviado um e-mail nesta mesma noite com a mesma sugestão para o blog. Ela havia retirado do Jornal Opinião, por sinal, muito bom. Portanto, a essas duas mulheres em absoluta sintonia dedico este post.
Conversa imaginária
- Fala, meu arretado!
- Tudo. Tava aqui de bobeira, sentado nas pedras do Arpoador, pensei: Vou dar uma ligada [...], a primeira ligada, só pra dizer que o pôr de sol é deslumbrantemente lindo, principalmente visto daqui... algo indecifrável.
domingo, 21 de setembro de 2008
O Rio diz: eu tenho fé
P.S.: Dedico este post a todos que pedem paz com axés, améns e anamastês, sobretudo a dois luzeiros que sei estiveram neste ato e que me fazem bem pela amizade que construímos: Lea e Ana Luiza, minhas “pequenas-grandes-mulheres”.
Pequena reunião familiar

Sábado. 20h. Telefone toca. Camilinha, minha sobrinha, me convida para um churrasquinho. Mais uma vez resfriado, quase desisti. Acho que estou precisando de vitamina C. Os resfriados me amam, só pode ser. Domingo chegou. Manhãzinha batendo na janela. Levanto-me pra ver. Quanto cinza colore a paisagem plúmbea! Estou no Rio ou em Londres? Dúvida momentânea. Domingo com nuvens chorando chuva e vários abraços de garoa. Não iria em virtude da coriza. Desisti de não querer ir. Tenho fome de mais “alguéns” ao meu lado. Acho que vou. Melhor, estou indo. Fui.
Nota: Na imagem acima, Camilinha e eu flagrados na cozinha pelos paparazzi.
sábado, 20 de setembro de 2008
Hermandad
Otávio Paz, in Hermandad (Homenaje a Claudio Ptolomeo)
“(...) Sem entender compreendo:
Também sou escritura
E neste mesmo instante
Alguém me decifra”
Última Parada – 174
O longa-metragem foi escolhido por uma comissão composta por seis profissionais da área. Sabe-se que a decisão pelo filme de Barreto não foi unânime, e sim consensual.
É esperar pra ver, se bem que “Linha de Passe” – vencedor do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes e muito bem recebido pela crítica nacional e estrangeira – poderia ter saído o vencedor.
A 81ª edição do Oscar está marcada para 22 de fevereiro de 2009, no Kodak Theater, em Los Angeles. Um mês antes, no dia 22 de janeiro, serão anunciados os indicados de todas as categorias, inclusive de Melhor Filme em Língua Estrangeira.
Terra fértil para amar - Por Anitta Schver
Um relacionamento não deve completar e sim acrescentar, somar. Ninguém completa ninguém. Viemos sós ao mundo e morreremos da mesma forma. Somos seres em unidade que contribuem para o crescimento coletivo da humanidade. As pessoas dependem umas das outras, o homem vive sozinho mas não sobrevive da mesma forma. É preciso estar bem consigo para fazer o bem a alguém. É bom deixar o coração limpo e livre para chegar alguém e habitá-lo.
É importante remover as pedras, mágoas e medos que ficam no meio do caminho que trilhamos e também resolver as pendências com todas as outras pessoas de forma que você possa respirar aliviado e com leveza para poder abrir os braços para um novo amor...
Verdade, respeito e cuidado sempre. Melhor a verdade que dói do que a mentira que dói. Entre as duas opções, fique com a primeira que terá resultados positivos em breve.
Nós cultivamos pessoas no jardim da vida e é preciso regar as nossas flores diariamente. Elas são frágeis e delicadas, mesmo que algumas finjam que não. [Leia + aqui]
Casas e varais
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Embaixo da porta
(Rita Apoena, in Bilhetes)
Treinamentos & prazeres
Na imagem acima: “Sou cidadão”, por Saulo Mohana.
Nossos atletas valem ouro
Nota 1: na imagem acima, Daniel Dias, nosso “golden boy”.
Nota 2: dedico à sensibilidade da Neidinha, maninha-amiga, que, dia desses, demonstrou uma sintonia incrível comigo ao sugerir um tópico em homenagem aos nossos atletas paraolímpicos. Só tenho a agradecer ao Todo-amor por sua Graça em nós!
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
O que significa escrever
Não quero mais
Portanto...
Não quero mais o ontem que se foi com todas as marcas que já doeram. Não quero mais a nostalgia do que poderia ter sido. Qual o proveito? Não quero mais prender coisas nem pessoas. Quem precisa de mim sou eu que me esqueci por não poucos anos. Quem quiser me amar, que ame. É de graça, jamais cobraria. Mas, um porém é certo: que me ame mesmo coberto de casacos de defeitos e sem pretensões de querer me “endireitar as veredas”. Não quero mais me embriagar com a noite, apesar de não querer largar os encantos da lua. Saibam que meus dias pedem luz solar, e eu sinceramente não raciocino tão bem depois de uma da madrugada. Não quero mais ambientes barulhentos porque não consigo “me” acomodar, só me incomodar (meus amigos me dizem que tô ficando velho, mal sabem que canto os versos de Marisa Monte: “Vivo tranqüilo, a liberdade é quem me faz carinho”). Não quero mais falar e ter que me explicar quando tecerem ambigüidades (não abandonei o trema, viu!) no meu discurso. O que disser, tá dito. Façam suas interpretações e as assumam pra si. Mas há coisas que nunca falei, pensem bem na hora de me cobrar. Não quero mais a companhia duradoura de sentimentos que não me suprem os reservatórios de energia da alma. Não quero mais, ao menos por enquanto, dizer que tá bom assim e que assim ficará. Cada momento tem seu quê de mistério. Por ora, é meu torpor ficar assim, quietinho no meu canto. Não quero mais pular as fases de qualquer coisa. Já disse o que precisava acerca do mistério de cada momento. Não quero mais me agarrar ao ativismo enebriante que ativa o “stress”. Como diria o Marcelo Medici, “a vida é minha, o pobrema é meu”. E por ser a minha vida, tão preciosa a mim e sobretudo Àquele que a deu pra ser significativamente bela, não quero mais que me confundam nas aparências de quem sou e como sou. Não quero mais porque não quero. Quando voltar a querer, a gente chama as reticências e toma umas e outras pra predicar o meu retorno. Ah, sim, não quero mais consumir álcool. Se bem que nunca fui um bebum, mas é que me cansei do incômodo de temer ficar embriagado.
Rapidinhas:
1. Hoje, mais outro sobrinho teen aniversaria. Leo e os seus 16 anos. Aeeee! Parabéns! Já pode tirar o título de eleitor (risos). Luv u!
2. Bem-aventurado é mais dar do que receber. Prédica cristã que me inspira a vida toda como Graça no viver. No entanto, são tantas histórias de gente que me sugou, que não pagou o que devia, que ganhou às minhas custas e não agradeceu, enfim, não vem ao caso. Hoje, no entanto, para minha surpresa, logo pela manhã recebo a ligação de um senhor de idade. Conheço-o há algum tempo. Militar, costuma ser sisudo e cheio de formalidades. Mas quem vê cara não vê coração, diriam os antigos. Ligou para agradecer. Explico: precisando de um dinheirinho extra (sou brasileiro, sabe como é que é...), aceitei a empreitada de “ghost writer” e preparei um minucioso relatório de atividades de um determinado trabalho que ele deveria entregar aos superiores. Trabalho feito, entregue e devidamente pago. Pra mim, encerrado. Que nada! Ligou para agradecer à vista dos elogios que recebeu. Poucos lembram de agradecer quando, de alguma forma, se dão bem. Fiquei surpreso e feliz. Agradeci, evidentemente, mas, como todo “escritor fantasma” que se preze, aplico num outro sentido neste post a famosa confissão de São João Batista: “convém que ele cresça e que eu diminua”.
Talento nato: ouvi e gostei
Como os vídeos que disponho são, na verdade, entrevistas sem tradução para o português, não seria democrático postar nenhuma delas aqui. Saí à cata de um clip sem imagens em power point (não sou muito fã desse artifício em clips), mas não tive muito sucesso. No primeiro, sua audição na segunda fase do programa. No segundo, a canção que é febre nas rádios de lá. “Crush”. Quero apenas aqui ter a chance de mostrar um pouquinho da voz deste moleque de 16 anos de idade, David Archuleta. Pela voz e pelo carisma que tem, a gente ainda ouvirá falar mais dele.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Thinking of you
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Novidade no blog
Nota inicial: It’s too bad. Estava reconfigurando as cores do serviço quando, por descuido, apaguei o contador. Moral da história: a contagem teve reinício agora, segunda-feira, 22h. Quem viu, viu, né, maninha?
Notas de aniversário: hoje é niver de minha grande amiga de infância, Marcinha. Parabéns! Faço questão de registrar o carinho enorme por quem sempre esteve ao meu lado (e vice-versa), até quando insisti na santa loucura de fazer alguma coisa pela população de rua e ela, de pronto, me ajudou com seus serviços de enfermagem pelas madrugadas à cata de gente que ninguém quer abraçar. Nosso trabalho, aliado ao esforço de muitos outros amigos que aceitaram a "missão" (não citarei nomes, éramos mais de duas dúzias), mudou a nossa visão de mundo. Posso dizer isso, inclusive, por ela (e por todos os que trabalharam com coração na palma das mãos). Amanhã, bem sei, o niver de meu amigo poeta urbano, o que mais me conhece por inteiro entre os amigos de perto, Devid. Privilégio concedido por pura Graça, ele bem sabe. Feliz aniversário a estes dois seres impulsivamente especiais! I want cake, everybody!
domingo, 14 de setembro de 2008
Tá dito, Pessoa
Há palavras até que se escrevem.
Prefiro as que a gente sente.
É mais democrático.
E todos entenderão.
Questão de tempo.
De palavra.
De alma.
Tá dito.
La vie à l’Edith Piaf
Nota: Esta veio como inspira-AÇÃO nas palavras de um amigo arretado. Mais uma vez, como já ocorrido, ele saberá. Bom final de semana a todos. Fin de semaine en rose a touts mes amis!
sábado, 13 de setembro de 2008
Des. Maria Berenice Dias, mulher
A desembargadora Maria Berenice Dias foi fundadora e é vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), entidade que veio a transformar o entendimento tradicional do que é uma família.
Maria Berenice Dias também é reconhecida internacionalmente por suas posturas progressistas em relação aos direitos da mulher na sociedade. Ela fundou o Jornal Mulher, o Disque Violência, entre outros projetos mais que vieram a marcar e continuam a influenciar profundamente a sociedade brasileira moderna. É autora do livro Homoafetividade - O Que Diz a Justiça, A Lei Maria da Penha na Justiça, Conversando sobre o Direito das Famílias, entre várias outras obras.
Recentemente entrevistada no Marília Gabriela Entrevista, ela conta que uma vez os colegas da faculdade da filha, diante da militância da mãe na causa homoafetiva, chegaram a questionar a sexualidade de Maria Berenice. Tomando o episódio como exemplo, diz: “Parece que não podemos defender outras causas a não ser a própria!”. Gabi elogia o trabalho da convidada e pergunta qual é sua maior vitória. A resposta: “Ter recebido o título de juíza dos afetos”.
Destacarei, ainda, outras falas que tenho desta admirável jurista na área da família:
“Todo mundo ria, porque era uma coisa completamente fora das possibilidades da época querer ser Juíza, era como se eu dissesse que queria ser astronauta.”
“Quando nasceu meu primeiro filho, me deram licença-saúde e me mandaram trabalhar depois de 30 dias. E falaram assim: Viu como mulher não pode ser Juíza mesmo?”
“Toda essa exclusão que tive ao longo de uma vida foi o que me sensibilizou para esse viés um pouco mais social, um pouco mais atento a essas discriminações.”
Certa vez, numa palestra, Maria Berenice ouviu a pergunta: "A senhora é lésbica?". A resposta veio fundamentada: "Sou lésbica, sou negra, sou vítima de violência doméstica, sou tudo aquilo que defendo e acredito". Isso resume sua trajetória corajosa para quebrar tabus. Detalhe: ela é loira, foi casada cinco vezes com homens e é mãe de três filhos.
“Não se reconhecer a possibilidade do casamento homossexual daqui a 50 anos vai soar tão absurdo como hoje soa absurdo, por exemplo, o impedimento de as mulheres votarem.”
“Sou completamente contra qualquer influência da religião, principalmente na Justiça. Acho horrível a idéia de ter o crucifixo como símbolo no Tribunal.”
Por fim: “O afeto é uma realidade digna de tutela”.
Olhando pra dentro da gente
Foi o que disse a duas amigas na tarde de ontem, dentro do expediente de uma ONG na qual atuo, quando falávamos sobre processos de casamento, escolhas, decepções e controles. Papo sério mas embriagado por muitas gargalhadas. Mais tarde, bem mais tarde, foi o que repeti a um novo amigo também amante da língua e mestre. Boas palavras, Cado! Nossa, apelido quase semelhante ao meu... (rs).
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Libras e uma cultura própria
Você conhece Libras?
Mais de três milhões e meio de brasileiros são surdos, você sabia disso? Uma parcela pequena, bem pequena, dos surdos são considerados oralizados. Surdos que falam Libras e português são chamados bilíngües. Considerando a oralização nos processos de bimodalismo, nada há que se compare à dimensão do universo da língua de sinais. Há muitos sinais em Libras que não tem tradução para o idioma português. Assim como a palavra “saudade” é difícil de se explicar para um estrangeiro, o mesmo acontece com alguns sinais para um ouvinte. Nós, intérpretes de Libras, bem o sabemos!
Os surdos não apenas possuem um idioma natural, possuem também uma cultura própria. Eis a principal razão pela qual os ouvintes nem sempre são pacientes com surdos (e vice-versa). Processos de desconhecimento de suas respectivas culturas (a surda e a ouvintista). Empresas e quaisquer instituições que pretendam se abrir para oferecer oportunidades a surdos ou mesmo para atendimento ao público em geral (escolas, delegacias, bancos, cartórios, hospitais, postos de saúde, balcões de emprego, INSS e muitos outros serviços) precisam conhecer a dita cultura surda. Aí é que está o xiz da questão. Quando aprendem o idioma, esquecem-se da "cultura" desses "brasileiros estrangeiros". Lidar com a língua de um povo é também mergulhar no seu universo particular representado pela riqueza de sua cultura.
Mas, hoje, ficarei apenas com a dica para que alguns se despertem a conhecer o idioma. Numa outra oportunidade falarei sobre meu trabalho com cegos (de maio de 1997 a dezembro de 2000).
Nota: Na imagem acima, Filipe Machado, para quem seguem os créditos.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
11 de setembro: desculpa para outras recordações
Numa determinada época da vida, lecionei religião para adolescentes. Cheguei a criar um grupo de teatro. “Peça-fé-no-ato”. Tínhamos diretoria, eleição e tudo o mais. Era diretor. Produtor. E autor de muitas peças e esquetes. Sempre questionadoras. Eles mesmos, por volta dos 15 a 18 anos, me diziam: “Ih! Se a gente encenar isso aqui que tu escreveu seremos expulsos da igreja!”. Que nada! Jesus era muito mais revolucionário do que imaginamos. Imaginem alguém chegar na cara do clero e dizer contra o stablishment: “as prostitutas vos precederão nos céus!”. Pois ele o fez. O original grego diz exatamente isso: putas. E não “putas convertidas ao cristianismo” como alguns ensinam. Eu me divertia no ensino catequético, verdade seja dita. Tudo o que é feito por prazer torna-se qualquer coisa leve, um hobby. Nunca me expulsaram de igrejas. É, nem tudo é perfeito... Tanto que instiguei para fazerem... Consideraram a briga muito maior do que poderiam crer. E era assim que me sentia uma espécie de Dercy Gonçalves. Talvez cressem não haver mais jeito. Melhor seria não me questionar... (risos). Mas eu mesmo questionava. E tanto que, anos após, mais precisamente em agosto último, os que então eram adolescentes (eles cresceram e alguns até pais já são) me convidaram para dar uma palestra. Relutei, mas aceitei. Não deu outra. Muitos gostaram, exceto os religiosos. Pouparei os curiosos do que rolou ao final da palestra...
Nota: Apenas para constar que na imagem acima vêem-se meus dois sobrinhos teenz, Camilinha e Tiaguinho. Os dois nos seus dezoito anos. O diminutivo - "inho" e "inha" - vem enternecido de carinho desde que nasceram. Lógico que não mudarei. Ao menos neste caso.
Romeu e Julieta na música
Não só de queijo e goiabada se forma um legítimo Romeu e Julieta na gastronomia brasileira. Prato simples, alguns dizem ser tipicamente mineiro. Não há diferença se for ou não, pois a comidinha mineira é tudo o que se pode imaginar de bom. Romeu e Julieta é qualquer coisa que, juntas, acaba nos satisfazendo o paladar. No meu caso, por ora, o paladar musical.
E foi pensando nos recados que recebi, elogiando o vídeo da diva da música portuguesa, Dulce Pontes, que resolvi bem casá-la ao som de outra diva, mas esta conhecida dos amantes de MPB, Maria Bethânia. Dose dupla como um Romeu e Julieta (ou seriam duas Julietas?). Melhor parar por aqui (risos).
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Todos somos o quê na lei?
Quantas violações? Quantas dês-igual-dades? Quantas?
Todos quem? Quem são todos os iguais? A lei? Nós?
As interpretações da mesma lei são iguais? Não?
Somos ou não somos iguais? Ou diferentes?
Iguais ou diferentes: e daí? Repito: e daí?
Onde a lei igual a todos? Que país é este?
Onde todos que calamos? Minorias?
Maiorias? Onde estão os gritos?
Em que parágrafo? Ou artigo?
Falem, meus semelhantes!
Cenas de meu cotidiano
Pequenas notas:
1. Já que falei de sobrinho... Não posso deixar de mencionar que amanhã é niver da Camilinha. Foi assim que eu a chamei desde o primeiro dia. E pensar que completará 18 anos... Vida louca, vida. Vida breve! É Cazuza...
2. Queria tanto ver Clarice nesta semana, mas, pelo andar da carruagem, impossível. Será? Vou insistir contra o tempo. E como não bastasse terei mais outro treinamento no Tribunal Regional Eleitoral.
3. Pra quem curte as obras de Caio Fernando Abreu vai uma dica de um trailer curtíssimo. “Aqueles Dois”. Mera coincidência, mas há muito queria dar um presentinho pra dois Serginhos que me lêem (eles lerão e saberão).
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Deus dá o dom
Alice Ruiz
Os negros e o recente estudo do IPEA: nosso retrato
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em estudo recente divulgado hoje, demonstra que os índices de escolaridade, renda e pobreza da população negra registraram melhoras entre 1996 e 2006, mas as condições de vida continuam inferiores às dos brancos no Brasil.
Segundo dados do estudo, em 1996, 82,3% dos negros estavam matriculados em etapas do ensino fundamental adequadas à sua idade e apenas 13,4% no ensino médio. Em 2006, essa porcentagem subiu para 94,2% no ensino fundamental e 37,4% no médio. A proporção de negros e negras que estudavam no ensino médio, entretanto, ainda é muito menor que a de brancos - que chegou a 58,4% em 2006.
Os brancos ainda vivem com quase o dobro da renda mensal per capita dos negros - pouco mais de um salário mínimo a mais.
Outras constatações do estudo mostram que a população negra é menos protegida pela Previdência Social do que os brancos - especialmente no caso da mulher negra - e começa a trabalhar mais cedo para se aposentar mais tarde.
Especialistas dedicados à questão da desigualdade racial concordam entre si com a raiz histórica deste vácuo econômico entre brancos e negros. Educação básica deficiente e pouco universalizada, a herança histórica deixada por séculos de escravismo e uma tradição de ocupar empregos de pouco prestígio social estão entre as causas da diferença.
Para o sociólogo Rogério Baptistini Mendes, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), o fim da escravidão sem a criação de um mercado de trabalho que absorvesse a mão-de-obra negra e herança de concentração fundiária na mão de ricos produtores agrícolas privaram a população negra de acesso a "mecanismos democráticos de ascensão social, econômica e cultural". "A sociedade brasileira foi constituída em três séculos de colonização e quatro de escravidão. Isso gerou uma estrutura de segregação absoluta que foi sendo superada ao longo do século 20, mas não na velocidade necessária para democratizá-la", foi o que o sociólogo explicou. "Não temos mecanismos para distribuir a renda. É como se no século 21, ainda vivêssemos em uma sociedade escravocrata." Apesar dos tímidos avanços, triste se não fosse nossa realidade. Se quiser saber [+ clique aqui]
Clarice Lispector - A Hora da Estrela
Ainda não estive na mostra, mas assim que puder lançarei algumas palavras pra gente pescar por aqui. Ao sair do Fórum ontem, à noitinha, passei pelo CCBB mas sem muita expectativa. Eu sabia que não abriria às segundas-feiras. Aguarde-me, minha estrela.
sábado, 6 de setembro de 2008
Quando hoje despertei...
- Quem é você?
- “Sou Josué”.
- Ah, é?
- "É", me respondeu sem cerimônia alguma.
Virei-me para o outro lado da cama. O sono era mais forte que meu desejo de acordar. Claro, sabia estar diante de meu sobrinho de três aninhos. Minha irmã tinha aparecido pela manhã bem cedo. O mágico de tudo isso foi a insistência dele mesmo sabendo que eu talvez não acreditasse na única realidade daquele instante: ele estava diante de mim. Eu parecia não me importar. Não se deu por satisfeito. Ele queria que eu me importasse. E não fez por menos. Pulou na minha cama, arrumou-se ao meu lado e pegou a sobra do meu travesseiro. Num ar blasé desses que nem se importam com a receptividade, deu suas ordens. Ele era muito mais do que eu pudesse imaginar:
- “Conta a historinha das formiguinhas pra mim!”
- Claro, respondi em meio a gemidos desconexos de puro sono. E prossegui, revirando-me na direção dele:
- “Não”, respondeu sem tirar os olhos do teto do quarto.
- Uma borboleta colorida. Foi quando uma das formiguinhas resolveu perguntar: ‘Oi, borboleta! Quer brincar com a gente?’
- ‘Que nada!’, a borboleta respondeu em tom de deboche. Mas concluiu: ‘Vocês nem têm asas! Eu só gosto de brincar de voar!’
- “É?”, foi o questionamento monossilábico do meu sobrinho.
- É, elas são assim mesmo. Só porque têm asas. Voar é muito bom. E a gente voa sempre que quer. Elas é que não sabem desse segredo...
Concluí, a meu modo, aquela historinha sem pé nem cabeça - ao menos pra mim. O maior barato é que ele gostou. E o pior de tudo é que nem abri os olhos. A inspiração foi surgindo em meio a sussurros de palavras adormecidas. Este foi meu início de manhã de sábado. Claro, depois tive que brincar e assistir ao DVD dos esquilinhos. Não me perguntem o nome. Coisas de tio, não liguem para meu relato de hoje.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
A reforma ortográfica já começou e não começou
O Brasil vem se preparando para a mudança ortográfica que, além do trema, acabou com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também alterou as regras do hífen e incorporou ao alfabeto as letras k, w e y. As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa --uma população estimada hoje em 230 milhões-- e têm como objetivo aproximar essas culturas, escreveu Daniela Tófoli (Folha de São Paulo, de 20/08/2007).
Não há um dia marcado para que as mudanças ocorram e sejam sentidas de fato --especialistas estimam que seja necessário um período de dois anos para a sociedade se acostumar. No Brasil, a previsão é que 2008 seja o marco divisor entre a antiga e a atual forma. Portanto, já está em vigor mesmo!
O embaixador Lauro Moreira, representante brasileiro na CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), afirma que, tecnicamente, a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início do ano passado. Isso porque a CPLP definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia vigorar. O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro do mesmo ano.
Portugal não tem motivos para a resistência, como ainda se vê nos dias de hoje. Fala-se de uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um conservadorismo lingüístico.
Por ora, só vejo que o trema já foi tarde. K, W e Y são sempre bem-vindas. Tem algumas coisas estranhas, mas a gente se acostuma. Difícil escrever "heróico", "assembléia", "paranóia" sem acento, né?
P.S.: Apenas para homenagear a língua, segue um videozinho de uma de minhas cantoras prediletas da música portuguesa. Dulce Pontes interpretando a famosa “Canção do Mar”.
Lembrando-me de Maude
Na adolescência, porém, passava minhas férias escolares debruçado sobre os livros em plena biblioteca, podem acreditar. Pegava o ônibus e ia ao Centro, na Biblioteca Pública do Estado, bem no meio da Av. Presidente Vargas. Lembro que na hora de fechar, por volta das 19h, a bibliotecária já vinha sorrindo e batendo no relógio de pulso. “Amanhã você volta, tudo bem?”. Sorria e voltava no dia seguinte. A cada período de férias lia umas cinco obras. Foi uma fase que li as obras do Pe. Zezinho de uma vez. Depois resolvi alçar vôos na literatura norte-americana. Gostava de autores desconhecidos e críticos. Foi assim que li “Memórias de uma menina católica”. Em seguida, passei para uma fase mais psicológica, lendo Robert Lauer, Zig Zigliar, Mandino, Colette Dowling, entre outros. Em seguida, descobria-me em novas fases. Tinha entre 14 e 16 anos de idade. Foi um período gostosamente nerdiano de meu ser (risos).
Mas falava de Harold e Maude. No filme, Bud Cort é Harold, um rapaz rico e muito mimado, que tem verdadeira obsessão pela morte. Ele vive simulando suicídios e chega a transformar em rabecão o jaguar que sua mãe lhe dá de presente. A fabulosa Ruth Gordon era Maude, uma velhinha cheia de vida, imprevisível, com muitas histórias, mentiras e idéias mirabolantes. Diga-se aqui, é minha velhinha predileta até hoje. Ambos se conhecem em um funeral e por razões diferentes acabam comutados por um ideal: o de amarem-se. A diferença entre os atores era de 52 anos, mas no filme parecia até mais. Como aprendi com o filme, mais ainda com a obra.
Não sei por que mas acordei com uma vontade enorme de lembrar de Maude. Tem um trecho da obra que fala de pontes, acho-o memorável. Anotei-o numa agenda de 1996. Vou compartilhar porque tem a ver com meu dia.
“A maioria das pessoas vivem fechadas em si mesmas. Moram sozinhas nos seus castelos.
- Bem, cada qual vive no seu castelo – replicou Maude. Mas isso não é razão para não baixar a ponte levadiça e fazer visitas. O mundo não precisa mais de paredes. O que precisa é de construir mais pontes!”
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Um rato na literatura lusa
Tens tempo para brincar
um pouco comigo?
Se vieres, não batas à porta:
ela está sempre aberta.
Corremos juntos
sem nos ralarmos com o gato...
(...)
Hoje perdi-me
num campo de trigo.
Chorei de medo
no meio dos restolhos gigantescos.
Eles, porém, compreenderam
aquela pequena fraqueza.
"Chora pois − disseram-me −
é melhor chorar
do que ficar com um nó na garganta.
Um Rato Fala Com Deus, de Angela Toigo