Enquanto andava pela casa, dialogando com meus pensamentos, como de costume, os beija-flores corriam pelo quintal no assovio de palavras que não me pertencem. Isto porque nem todos os vocábulos são formadores de alguma coisa pra mim. Mas, por incrível que pareça, os assovios se transformaram em notas que instigaram o pensamento. Fui me dando conta de que hoje é dia da Bandeira. Gosto tanto da melodia do hino. “Recebe o afeto que se encerra em nosso peito juvenil, querido símbolo da terra, da amada terra do Brasil!”. Pena que não se ensine mais os versos de Olavo Bilac em muitas escolas país afora. Dia desses qualquer farei pedidos aos beija-flores. Eles bem podem ensinar no assovio as melodias que muitos esquecemos ou que outros nunca aprenderam.
“Nossa casa é o canto mais nosso dentro do ser. As piscinas prefiro pensar que são o esplêndido no prazer, as bandeiras são os ideais e os sonhos que se carrega. (...) uma casa bem arrumada tem ares de lembranças, bom senso pelas paredes”
No dia à Bandeira, me pergunto quantas bandeiras já levantei por acreditar no meu tangível ideal, quase um idealismo absoluto como o que encontro nas idéias de Kant e Hegel, embora prefira neste caso a subjetividade do platonismo. Quantas bandeiras baixei por crer que era preciso maior articulação que a simples defesa de um princípio ou de uma idéia ou mesmo por simplesmente acreditar diferente. E fui me dando conta que não é apenas o mundo que gira ou os sentimentos que se transformam, mas a idéia também modifica e, por conseqüência, o ideal.
Não há equívoco algum ao dizer que já acreditei em contos e idéias que não corresponderam aos fatos, aquela velha história de piscinas cheias de ratos nas casas de qualquer um. Quem nunca viu? Quem nunca se percebeu assim? Nossa casa é o canto mais nosso dentro do ser. As piscinas prefiro pensar que são o esplêndido no prazer, as bandeiras são os ideais e os sonhos que se carrega. Não quero me preocupar em falar dos ratos. Só sei que são roedores por natureza.
Ultimamente, porém, ando mais sensível aos vôos dos beija-flores. Graças a eles e ao que me é palpável – o que contrasta com a essência do idealismo – minhas recentes bandeiras são pela vida e pela liberdade de ser. E já que falei em ser, me perguntaram dia desses o que uma casa bem arrumada deveria ter. Pra mim, uma casa bem arrumada tem ares de lembranças, bom senso pelas paredes, calorzinho de alegrias pueris em todo o canto e coisas simples pelo varal. E as bandeiras? A resposta segue por meio de outra pergunta: por acaso, onde é que a gente aquece o coração?
“Nossa casa é o canto mais nosso dentro do ser. As piscinas prefiro pensar que são o esplêndido no prazer, as bandeiras são os ideais e os sonhos que se carrega. (...) uma casa bem arrumada tem ares de lembranças, bom senso pelas paredes”
No dia à Bandeira, me pergunto quantas bandeiras já levantei por acreditar no meu tangível ideal, quase um idealismo absoluto como o que encontro nas idéias de Kant e Hegel, embora prefira neste caso a subjetividade do platonismo. Quantas bandeiras baixei por crer que era preciso maior articulação que a simples defesa de um princípio ou de uma idéia ou mesmo por simplesmente acreditar diferente. E fui me dando conta que não é apenas o mundo que gira ou os sentimentos que se transformam, mas a idéia também modifica e, por conseqüência, o ideal.
Não há equívoco algum ao dizer que já acreditei em contos e idéias que não corresponderam aos fatos, aquela velha história de piscinas cheias de ratos nas casas de qualquer um. Quem nunca viu? Quem nunca se percebeu assim? Nossa casa é o canto mais nosso dentro do ser. As piscinas prefiro pensar que são o esplêndido no prazer, as bandeiras são os ideais e os sonhos que se carrega. Não quero me preocupar em falar dos ratos. Só sei que são roedores por natureza.
Ultimamente, porém, ando mais sensível aos vôos dos beija-flores. Graças a eles e ao que me é palpável – o que contrasta com a essência do idealismo – minhas recentes bandeiras são pela vida e pela liberdade de ser. E já que falei em ser, me perguntaram dia desses o que uma casa bem arrumada deveria ter. Pra mim, uma casa bem arrumada tem ares de lembranças, bom senso pelas paredes, calorzinho de alegrias pueris em todo o canto e coisas simples pelo varal. E as bandeiras? A resposta segue por meio de outra pergunta: por acaso, onde é que a gente aquece o coração?
12 comentários:
Lindinho de mãe, ninguém mandou você fazer o meu coração recordar coisas lindas, sonhos, poesias, cartas...
Pois é a mãe ao ler este lindo texto, mesmo que seja uma homenagem ao Dia da Bandeira, me fez lembrar uma coisinha.
Certa vez eu escrevi uma cartinha e coloquei um lindo beija-flor para enfeitar o e-mail, lembra? Aí eu mandei por ele, vários beijinhos para o filhote, coisas de mãe, e acabei me lembrando dessa poesia
"Como quisesse livre ser"
Como quisesse livre ser, deixando
As paragens natais, espaço em fora,
A ave, ao bafejo tépido da aurora,
Abriu as asas e partiu cantando.
Estranhos climas, longes céus, cortando
Nuvens e nuvens, percorreu: e, agora
Que morre o sol, suspende o vôo, e chora,
E chora, a vida antiga recordando ...
E logo, o olhar volvendo compungido
Atrás, volta saudosa do carinho,
Do calor da primeira habitação...
Assim por largo tempo andei perdido:
— Ali! que alegria ver de novo o ninho,
Ver-te, e beijar-te a pequenina mão!
Olavo Bilac
_____________
Sabe meu anjo, achei lindo, muito lindo cada palavrinha e tenho certeza que tudo isto que você escreveu saiu do silêncio do seu coração.
Sim, os beija-flores levam imensos pedidos e são todos entregues, mesmo sendo através de assovios.
Eu amo esta pequenina-grande ave, pelo seu jeito lindo de beijar as flores e de pegar e levar os pedidos feitos com carinho.
Eu dizia a você em cartas, que queria ser um beija-flor para ir até você e depositar um beijo no seu rosto, lembra filho?
Vou fazer um pedido assim que ver um por aqui neste centro de BH para levar e entregar na sua mão.
Uma casa bem arrumada para mim tem que ter o cheiro do calor humano, de afeto e ternura; recordações boas também e muito amor, pois é nela que aqueço o meu coração...
Será que minha casa está arrumada? É a pergunta que me faço diariamente.
Un besito de su madrezita, Anna Maria
Dentro de tudo que queria dizer, vou me deter à pergunta: o que uma casa deveria ter?!
Som de talheres (muitos) à mesa, mesclados à muitas vozes infantis e adultas, entrecortadas por gargalhadas, uma cantoria desentoada...
Deveria ter um jardim (não abro mão!) Nada melhor do que caminhar sobre a grama molhada enquanto de pensa na vida, se brinca com criança e rola com seu cachorro querido...
Um lugar pra ficar sozinho...não solitário (já que ficamos assim no meio da multidão)...Mas um lugar só nosso...
Um porta, porque acredito que não se deve entrar qualquer pessoa...mas com um capacho daqueles terrivelmente bregas escrito "bem vindo"...por que é bom saber que somos bem vindos...
Uma taça de vinha, uma adega, um saca-rolhas e uma varanda...
Entre outras coisas, é claro...hahaha
Um...minha casa...já dizia o e.t.
Alex
Ainda bem que bandeiras rasgam e podem ser baixadas e aposentadas...
"Simplicidade" sempre me sugere aceitação pura...É muito bom saber que podemos achar pureza dentro da gente, ainda...
Abraço meu amigo
...
Mãe:
Sempre quererei te recordar das coisas lindas. É como se tudo isso se referisse a baldes e baldes com todas as cores e tintas que já pintamos. Há, no entanto, uma longa estrada-vida com muitos recantos para a gente colorir...
“Como quisesse livre ser” é uma aula, digo e repito!
Hehehe! Amei o desejo de seres um beija-flor... mas como sê-lo se sois uma flor?
Sua casinha é aconchegante, se é que cabe uma singela opinião de filhote (sou suspeito pra falar, mas trata-se de uma opinião...).
...
...
Ao Alex (meu amigo singular):
O que uma casa deveria ter? Pergunta tão próxima apenas do caminho do outro, lembras? Te li como quem te ouve em meio às gargalhadas, não por distração, ao contrário, numa reverência ousadamente libertária – sem que os termos se redundem ao óbvio!
Também não abro mão de jardim... beija-flores pra mim devem se aproximar pelas cores vivas de plantas e flores de verdade, nada artificial. De irreal já nos bastam os delírios entre duas ou três garrafadas do Porto...
Varandas... falei delas num texto antigo por aqui mesmo... varandas e quintais... quanto convite ao bem-estar!
Melhor parar pra não fazer convites daqueles que se aceitam desde que trazendo as taças...
...
...
Robson:
Tudo depende apenas do que nos parece mais urgente, mais firme como solo a caminhar...
No tocante à simplicidade, faço de suas palavras um eco na garganta de “eu também”.
Quantos abraços sejam precisos, amigo!
Fique com Deus!
...
Não preciso de convites...se tiver na porta algum capacho brega, eu entro...trazendo as garrafas, já que as taças você as disse ter...hahaha
É...eu mesmo riu me relendo...mas sabe do que mais?! Rir é o melhor remédio...hohoho
Beijos, ó!
Alex
...
Alex-tão-singular-que-chega-a-ser-próprio:
Rir estimula zilhões de células e conexões intra-qualquer-coisa!
Você é um estímulo, ô beberrão!
Traga as garrafas!
É imperativo!
Cumpra!
Bj.
...
Querido Cardo, quando vc diz que não se ensina mais os versos de Bilac nas escolas faz-me lembrar dos tempos em que eu ouvia, lia e cantava versos dos hinos nacional, à bandeira, da independência, e por aí vai. Era realmente um tempo diferente desses em que tudo o que os adolescentes sabem é funk e hip hop...
Vc é refrescante. Ler o que vc escreve faz muito bem ao coração.
Um ósculo,
Sergio
Obrigado pela visita...e muito mais por permitir que eu descobrisse Farelos & Sílabas...boas lembranças tive sobre o Hino a Bandeira...
Lindas por sinal..
Abraços
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Sergio:
As épocas mudam, é verdade; a gente é que nem sempre sabe como lidar com a mudança dos climas e das estações. Mas não será por isto que a gente deixará de comemorar o sol dos verões, os de antes e os de agora.
No tocante a algumas mudanças – você citou as novas gerações -, penso que os pais (os responsáveis, em geral) têm sua direta participação em tudo isso. Assim como as tradições se passam pelas mais diversas gerações, os bons hábitos também. Educar é, portanto, a arte de FORMAR o indivíduo. E uma forma sadia de construir GENTE BOA é através de uma boa matéria-prima!
No mais, fica o sinal do mesmo ósculo num comentário que pra mim foi refrescante de ler!
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Raí:
O tempo causa milagres, a começar na lembrança... vivo a cada momento de milagres, mas apenas para fortalecer os laços deste presente!
Agradecemos, portanto. Uma conjugação bilateral, assim como sorrir e viver contente!
Abração!
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