O que é a vida senão seus mistérios? Neles, sorrisos, lágrimas e desencantos. Claro, os encantos também. Uma escola! Acabou de sair aqui de casa um casal querido desses que a vida nos presenteia quando menos se espera. Não os via há exatamente um ano. Moram em Cuiabá. Nada de nomes por razões que se tornarão óbvias a seguir. Vieram visitar amigos no Rio. Lembraram-se de mim. Chegaram sem avisar. Uma surpresa. Ainda bem que estava em casa quando chegaram. Fotografias tiradas antes mesmo de entrar aqui em casa. Tantas fotos que me escondi atrás das mãos espalmadas. Depois, rendido, tive que me permitir à sessão paparazzi. À contra-gosto. Em seguida, seqüência de abraços, boas-vindas e tascos graúdos de boas conversas. Dentro delas, lembranças e afetos como recheio de massa. Nostalgia como cobertura de glacê. Sorrisos como cereja pra enfeitar. A vida e seus viéses como receita pra nos questionar qualquer possibilidade... O que é de pura certeza e o que se torna incerto, diria, impossível nesta vida? Juro que não sei. Nos últimos dias confesso que tenho sabido assustadoramente cada vez menos. Quê?! Um “self decreasing”? De modo algum! É que depois de um certo tempo a gente só sabe que nada sabe. E de não-sabendo-o-que-sabe em só-sabendo-não-sabendo o aprendizado leveda...
Eles se casaram tendo um (ele) dito a outra (a ela) que era soropositivo. Isto ainda no namoro. Não houve impedimento no coração de nenhum deles. Menos ainda no dela, que não é soropositiva. Religiosos, creram nas suas convicções de que o amor realiza milagres. Eu não duvido. A vida é prova-em-si: um milagre audacioso (e inigualável) do amor. Nem a clonagem é capaz de reproduzir tamanha perfeição (no máximo, apenas a imagem; não a consciência).
"Hoje, no entanto, um sol que recusa se pôr. Foi decisão deles. Os tempos nos obedecem quando viver vale à pena."
Eles se casaram tendo um (ele) dito a outra (a ela) que era soropositivo. Isto ainda no namoro. Não houve impedimento no coração de nenhum deles. Menos ainda no dela, que não é soropositiva. Religiosos, creram nas suas convicções de que o amor realiza milagres. Eu não duvido. A vida é prova-em-si: um milagre audacioso (e inigualável) do amor. Nem a clonagem é capaz de reproduzir tamanha perfeição (no máximo, apenas a imagem; não a consciência).
"Hoje, no entanto, um sol que recusa se pôr. Foi decisão deles. Os tempos nos obedecem quando viver vale à pena."
Casados, decidiram pela gravidez. Um enredo honesto consigo mesmo pressupõe o clímax. Ela engravidou e a criança nasceu. Há mais ou menos seis meses atrás. Uma graça. Perdoem-me a estúpida redundância: uma graça desta Graça, que nos envolve o Dom da Vida. Discreto, impus a felicidade sobre qualquer curiosidade. Nada perguntei sobre saúde, tratamentos, essas coisas. Queria ouvi-los com cordial naturalidade. Estavam tão felizes que me contagiaram com tamanha perseverança e fé.
Nem sempre foi assim, pude ouvi-los. A bonança que se fez foi precedida de temporais e confusão nas regiões mais abissais do ser. Delírios e quase desistência. Solidão, medo e dor do inevitável. Hoje, no entanto, um sol que recusa se pôr. Foi decisão deles. Os tempos nos obedecem quando viver vale à pena. Por falar nisso, combinamos ao longo da semana um passeio com pôr-de-sol. Despedimo-nos. Foram-se e me deixaram numa tarde menos anuviada. Sentei-me diante do teclado, pensei com o baralho de letras próximo dos dedos e esbocei um pôr-de-sol estampado diante do que aprendi. Milagres da vida, coisas que não se repetem em qualquer um. Uma história que precisava compartilhar.
Nem sempre foi assim, pude ouvi-los. A bonança que se fez foi precedida de temporais e confusão nas regiões mais abissais do ser. Delírios e quase desistência. Solidão, medo e dor do inevitável. Hoje, no entanto, um sol que recusa se pôr. Foi decisão deles. Os tempos nos obedecem quando viver vale à pena. Por falar nisso, combinamos ao longo da semana um passeio com pôr-de-sol. Despedimo-nos. Foram-se e me deixaram numa tarde menos anuviada. Sentei-me diante do teclado, pensei com o baralho de letras próximo dos dedos e esbocei um pôr-de-sol estampado diante do que aprendi. Milagres da vida, coisas que não se repetem em qualquer um. Uma história que precisava compartilhar.
4 comentários:
Que beleza meu anjo.
Sei quem é o casal e que Deus continue abençoando ricamente a vida deles e da criança que nasceu. Eles merecem porque desde o início do namoro que eles creram no milagre e para Deus nada é impossível.
Eles estiveram esteve aqui em casa com o pai dela, pouco antes do paizão falecer.
Levei-os na casa da dona Minnie que os presenteou com aquele livro que você também ganhou certa ocasião quando esteve aqui. O pai dela fez questão de orar a pedido da dona Minnie e depois foram embora.
Imagino a sua alegria com a chegada deles, de surpresa, em sua casa. Sei do cuidado que você teve com "ele" na época da separação do primeiro enlace.
Deus prepara tudo para que Seus filhos possam ser felizes.
Um beijo, meu lindo,com muita saudade.
Sua mãezinha mineira que te ama muito, Anna Maria
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Lindona:
São coisas da vida, vamos lá procurar entendê-la, não? Mas surpreendi-me mesmo, porém, em se tratando daquele orelhudo (sempre o chamei assim...rsrs...), tudo é possível... lembro quando aparecia aqui pra pegar um rango... rsrs... não mudou nada, exceto pelas gordurinhas recebidas a prêmio!
Mas o casal é muito carinhoso, de uma sensibilidade incrível para com as coisas, verdadeiros amigos.
Eles se lembram de ti, mãe, com muito carinho. Tanto que antes de vir pra cá deram uma passadinha numa tal de “Lagoinha” pra te ver por lá, pode uma coisa dessas? (rsrs)
Beijo saudoso, e por que não?!
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o mundo seria mil vezes mais lindo se todos os casais fossem lindos assim.
=)
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Teresa:
O amor sempre constrói, sempre acredita, ainda que todas as línguas se calem!
O amor se regozija com a esperança e o sonho, desde que firmados nos solos de verdade.
Ah, o amor... concordo contigo!
Obrigado pela visita!
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