quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Discípulos da hippie viadagem


Jesus multiplicava pães, transformava água em vinho, andava sobre as águas, repreendia ventos e ondas; mas tinha um tesoureiro, recebia ajuda financeira, especialmente de mulheres; dava oferta aos pobres, mandava que dessem de comer à menina recém-ressuscitada, se cansava, tinha sono e sede e precisava de privacidade... Daí o monte solitário, as grutas inatingíveis, o deserto, o quarto fechado nas regiões siro-fenicias, e, sobretudo, daí o barquinho que Ele mandou que tivessem sempre disponível; pois, do barco, protegia-se do assédio da multidão e podia pregar a Paz em paz.

Para Ele, milagre era o que acontecia quando a necessidade se impunha sobre os meios humanos. Do contrário, ao invés de multiplicar pães, Ele dá esmolas; ao invés de transformar água em vinho, Ele pede água para beber; ao invés de andar sobre as águas, Ele usa um barquinho; ao invés de repreender ventos e ondas, Ele contorna o lago pela margem; ao invés de fazer chover maná ou criar dinheiro, Ele depende da consciência dos beneficiados pela Graça. E mais: ao invés de dar a vida eterna no corpo a quem ressuscitara, Ele manda que a pessoa se cuide para não morrer outra vez, e de inanição.

Milagres acontecem, mas é do trabalho que vem o pão nosso de cada dia — pensa um pai sério e crente!

Digo tudo isso por uma razão:

Muita gente que andava decepcionada com o falso evangelho, e que foi explorada emocional, psicológica, afetiva e financeiramente nas “igrejas da angústia”, hoje julga ter encontrado a Graça; porém, em razão dos traumas anteriores, agora, pelo relaxamento, traumatizam a Graça com a indiferença no agir, no trabalhar, no contribuir, no dar-se de modo missionário; e, sobretudo, na consciência de que o Evangelho precisa ser anunciado.

Então, na esteira desse andar, surge aquilo que no passado se chamava de “hippie viadagem”. O que é isso? Ora, é o pessoal que diz que vive do vento, mas na vida pessoal sabe fazer contas. Na década de 70 eram os hippies de boutique.

Sim! É um pessoal cheio de conversa sobre “o espírito das coisas”, mas que não tem espírito para fazer coisa alguma.

Milagres acontecem. Mas o dia-a-dia é feito de mulheres fieis que O serviam com seus bens. Pães podem ser multiplicados, mas o grande milagre é sempre a multiplicação da generosidade.

(...). Continue o generoso e grato a crescer em generosidade e gratidão, e, o indiferente, que continue até ficar empedrado.

É assim que a vida é; na prática! Quem tiver dúvida, que atente então contra si mesmo!

Nele, que andou na Realidade,

Caio

Um comentário:

[Farelos e Sílabas] disse...

Antes de mais nada, esclareço que não quis tornar-me politicamente incorreto com uso de certas expressões que podem (ou não) reforçar conceitos residuais pré-estabelecidos em alguns leitores.

Pensei em "amenizar" o título, mas, sinceramente, iria cometer uma infâmia contra a obra que não me pertence. Mantive pelas razões acima e por acreditar que aqui, pelo menos, leremos o post reconhecendo que a essência do que se falou teve a ver com a ociosidade na fé de determinados grupos tidos como "traumatizados com igrejas", e não propriamente contra pessoas.

Valeu, pessoal!

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