terça-feira, 5 de agosto de 2008

El Niño, La Niña e La Alienación


Ultimamente meus posts caminham sobre o tema “amor”, mas, de vez em quando, é bom variar. A época é farta do ponto de vista das possibilidades de reflexão ante o que vivemos. Estamos em ano eleitoral, exceto, talvez para o Distrito Federal. Muita gente surge com idéias extraordinariamente solucionadoras. O simplismo se faz presente em muitos discursos. Resolver-se inúmeros problemas é questão de voto, qualquer voto, pensam alguns. E todos sabemos que não é qualquer voto. É o seu e o meu voto também!

Pesquisa do TSE demonstrou que o interesse do eleitorado compreendido na faixa etária dos 16-18 anos diminuiu drasticamente. Aliás, de 2006 pra cá houve queda no número de jovens eleitores (dos 16 aos 18 anos). Poucos querem se envolver. Poucos querem compromisso.

A palavra compromisso foi pipocada anteontem por um amigo como a antítese para a alienação. Estava na palestra dele (tal como ele esteve na minha, na terça-feira passada). Falei sobre “Alienação comunitária” e ele sobre possíveis respostas para as alienações dentro de um mesmo congresso do qual participamos como convidados. Quem se compromete, age, resumiu. Não teve como não lembrar dos versos de Geraldo Vandré na revolucionária letra de Pra não dizer que não falei das flores: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

Faz a sua parte todo aquele que sabe que deve. Não aguarda passivamente que aconteça. Alienados, portanto, são os que cruzam os braços numa aceitação mórbida do auto-anestesiamento. O mundo ta abarrotado desses “fenômenos”.

A alienação é mil vezes pior que os estragos provocados pelos tornados, vendavais e outros fenômenos meteorológicos que acabam afetando a vida de todo planeta. A alienação arrasa tudo por dentro de nós. Desestimula o pensamento, o que impede o nascedouro da conscientização. Acaba com a possibilidade de reação, pois sem consciência do que rola pelo nosso mundo (tanto na visão macro quanto na visão micro), tudo fica sem explicação e prossegue num ritmo muito bom pra quem vive como elite.

Será que muitos se dão conta desse mal? Isso é algo que me preocupa. A gente pensa em tanta coisa. Esquecemos tantas outras. Será que nos damos conta que a alienação, seja em que nível ou em relação ao que for, sempre será um entrave aos nossos exercícios mais prazerosos de reflexão e ação?

Tal como os meteorologistas, que prevêem a aparição dos sinais que eclodem em tempestades, tornados ou mesmo na aproximação de frentes frias, geadas e etc, nosso papel a cumprir é o de estímulo à conscientização da cidadania. Cidadãos conscientes são avessos à alienação. Vivem certos de que podem e devem desempenhar bem o papel de cidadãos, fazendo dos deveres sua parcela de contribuição para melhorar o mundo, mas também transformando seus direitos no exercício livre e democrático de quem sabe e, porque sabe, faz a hora, não espera por acontecer. Cidadãos comprometidos são beija-flores nas florestas em chamas, são profetas urbanóides em tempos de muitos mandos e desmandos, e são também seres humanos como quaisquer outros, exceto pelo fato de prestarem bastante atenção nas mudanças climáticas. Este ano é um ano de múltiplas variações do clima político e social. Se vai chover ou fazer sol depende mais de nosso compromisso do que da natureza em si. Mas o tempo ainda trará dias mais claros. Outubro é daqui a dois meses. Vamos aguardar as previsões e fazer a nossa parte nos nossos versos!

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