sábado, 12 de abril de 2008

Flores do Caminho


O Semeador saiu a semear pelo caminho. Sementes caíram no solo. Umas, à margem; outras, em meio a pedras sufocantes (os fardos impostos). Houve, no entanto, aquelas que caíram em bom espaço-consciência na terra. Mas a terra será sempre boa? Sei que tem a ver com a individualidade de quem recebe a semente. Minha reflexão deste dia tem a ver com os processos humanos de mudança de consciência. O enfoque que dou na minha reflexão tem a ver com certos ventos que amigos meus assimilaram e que compartilharam comigo. Todos eles se cansaram de outros processos dentro dos quais eu também vivi. Nem todos me entenderão nesta hora, mas apenas alguns – os que se cansaram também. Pois bem, falaram-me de “espaços alternativos” para se pensar com o pensar livre de fardos, embora podendo germinar e florescer no conhecimento da Boa Palavra de Cristo. O mais contagiante de alguns era o discurso de que nestes ambientes o que valeria seria o “being yourself”. Como sou observador nato, fiz algumas pré-reflexões (que nada mais são que reflexões analíticas) e fui conferir o “pensar” dessa gente. Não posso estabelecer juízos de valor porque ainda estou no processo, por assim dizer. Mas será que ambientes religiosos (aquele o é, mesmo que o discurso de liberdade arrefeça o “establishment”) estão preparados para encarar sem pudor 'LEI-trista' a realidade homogenizadora de que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” ? Será que o crivo inato da moral existente em cada um de nós como padrão cultural aprendido não é capaz de interferir na fé (que é Graça-não-moral) ?

Ainda estou em processo de observação, não apenas do método e do discurso, mas sobretudo da “práxis”.

Oro a Deus como um suspiro de esperança que canto no meu íntimo de que ainda existam espaços-ambientes-consciência dentro dos quais gente cansada e sobrecarregada possa aliviar seus fardos existenciais na dimensão imensurável que a Graça é capaz de propiciar. Que o que me parece propósito em servir como um oásis, uma espécie de estação, no qual qualquer pessoa possa – em tese – sentir-se à vontade para expressar sua fadiga com o mundo, sobretudo o mundo das aparências, seja de fato uma ambiência comum-unitária, não um fim-em-si-mesmo. Que sementes caiam nos corações-terras-férteis, germinem e produzam frutos de justiça, mas jamais a justiça própria. Que das sementes nasçam muitas flores e que a acolhida dessas flores seja diversificada apenas pelo fato que as flores são diversificadas não por uma anti-naturalidade, mas sim porque assim o é desde a Queda (os que quiserem questionar que questionem ao Criador).

Que a boa semente seja – como sempre será – a boa Palavra. Um alimento e tanto quando dissociada de culturas, moral e auto-ingerências!

Que toda a propalada “liberdade”, de fato, mostre-se como efeito de Graça para o viver que agora não mais vive para si, conforme Paulo um dia creu, não se prendendo a velhos paradigmas (institucionais), muito menos aliciando gente boa a teimosia de considerar que se está reinventando “oásis” com nomes mais “cults” para alegria do ego, porém para tristeza do Bem que o Evangelho produz nas mais diversas flores, flores livres – todas elas propriedades exclusivas – do Caminho do Semeador.


NOTA: a imagem de uma flor nascendo em meio as grades me tocou profundamente. Afinal, nada pode impedir o agir de Graça Daquele que ama a todos.

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