segunda-feira, 21 de abril de 2008

Rabiscos de domingo


Final de semana tranqüilo. Não há agitos, sequer dentro de mim. Cismei de furar uma das paredes do quarto e afixar mais uma prateleira. Parafusos, brocas, chaves de fenda, poeira e satisfação. Encaixotei vários artigos (quase 500!) em caixas-arquivo azuis (pra combinar com as demais). Arrumei gavetas externas. Encontrei cartões postais. Alguns guardei. Valiam à pena. Outros, bem, foram-se à lixeira. Não valiam à pena. De repente, telefone toca. Amigo querendo me ver em hora certa pra desabafar. Não, ao menos por ora! – respondi-lhe. Eu preciso desabafar também, mas no meu silêncio. Recluso. Meditativo. Com minha própria existência. Acho que ele entendeu. Faz parte de alguns investimentos em mim.

Assisti a duas palestras neste domingo, ambas pelo DVD. Refestelei-me como as idéias surgidas no pensamento. Fiz anotações pra não perdê-las todas. Ato contínuo, oxigenado pelo bem que me faz as letras, cantei os versos de “Here comes the sun” sem nem entender as razões. Foi uma prece lírica. Aproveitei e fiz um backup de alguns programas instalados recentemente. Reorganizei papéis supostamente perdidos. Reli cartas recebidas. Namorei algumas fotos. Encantei-me com minha coleção de selos adormecida. Há muito não a via desperta em cores diante de mim. Minha máxima culpa. O mau uso do tempo continua em conspiração. Preciso separar mais tempo pra mim, digo, para as coisas simples de mim. Isto me alivia algumas pulsões. A simplicidade me alivia a pulsão da alma. É como um banner me lembrando que nem todas as coisas estão para sempre perdidas. Saudades, prazeres e sentires de longa data. Isto não se pode perder. Deixar de aproveitar o que está diante de nós também não. Falo da vida. O resto é mera conseqüência.

O ato de escrever aqui assume ares de despudor ao falar pra mim mesmo algumas vezes. Algo catársico demais, sei disso. Funciona, a propósito. É como um conselho. Quem deles não precisa? Palavra em boa hora são como “maçãs de ouro em salvas de prata” – aufere-se da sabedoria salomônica. Dei uma parada. Causei uma vírgula em pleno instante. Rasguei o silêncio fino. De repente, espirros catapultados pela rinite alérgica ecoam. Vários silêncios são rasgados. Melhor parar de mexer em papéis antigos. O papel que diante de mim está chama-se "agora mesmo". Costumamos dizer que a vida é um livro com várias páginas em branco. Novinhas, novinhas. Vamos escrevendo. E tudo se renova lavoisieramente...

A propósito, alguém aceita biscoitos de chocolate?

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