domingo, 30 de março de 2008

“O que digo aos ateus?”


“Um ateu não deve chorar jamais, amar jamais, beijar com sinceridade jamais; se preocupar com justiça, verdade, carinho, amizade, amor, e ódio, jamais; e jamais deveria ter ciúmes, e nem se enciumar de nada; menos ainda se importar com a vida e a morte; e, sob hipótese alguma deveria ter dor de consciência; e jamais sentir-se devendo nada aos céus, à terra e menos ainda aos homens; e sem esquecer-se de que tanto faz qualquer coisa, pois, se não há Deus, não há sentido, não há razão, não há por quê; pois, se não há Deus, o que quer que pela força ou pela inteligência ou mesmo pela maldade se fizer impor (caso assim alguém deseje e consiga) — em nada está sendo melhor ou pior do que qualquer coisa ou qualquer um. Sim! Sem falar que filhos nada mais são, em tal caso, que o produto de nós e para o nosso melhor uso e conforto (afinal, somos inteligentes!), não importando o uso.

Sem Deus, com tudo e com nada; e sem sentido para tudo ou nada; mas, havendo sinceridade, pelo menos levando até as ultimas conseqüências as implicações de uma existência sem Deus — dever-se-ia abraçar gelo na alma, sem alma, sem direito a emoção, sem permissão para dançar, sem licença para amar, sem nada a celebrar ou a chorar; sem chegadas e sem despedidas; sem berços e sem túmulos; sem nada além de nada; e, em caso de honestidade maior, abraçando o suicídio como devoção.

Apresente-me esse ateu (ainda que morto), e o saudarei com respeito. Até mesmo Friedrich Nietzsche não levou seu ateísmo até às últimas conseqüências, posto serviu-se todas as possibilidades que somente num mundo com Deus se poderia ter.

(...)

Não se preocupe em provar Deus para ninguém. Seu único discurso sobre Deus é viver Deus com tanta certeza em fé, que nenhum ateísmo seja sequer por você reconhecido, do mesmo modo que você não perde tempo provando sua existência para ninguém que vendo não aceite o que vê: você.

(...)

Deus se entende com os crentes, por que não se entenderia com os ateus?”

Caio Fábio

Um comentário:

[Farelos e Sílabas] disse...

Hoje, 13/08/08, li um comentário curtíssimo de alguém que sequer mostra-se publicamente. Assim sendo, mesmo crendo na livre expressão, convém que o direito em questão seja exercido por alguém que, no mínimo, não tem vergonha de pensar o que pensa.

Enquanto não assinar o comentário, mostrando-se quem é, valho-me no meu direito de não dar crédito às fanfarrices de quem não sabe contestar como adulto o que posto.

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