segunda-feira, 17 de março de 2008

A semana santa, os santos e a santidade

Iniciamos a semana dita santa. O termo é emprestado pelo significado que dá-se a ela, a semana. Significados religiosos. Na verdade, trata-se da maior celebração da cristandade. Maior que o próprio Natal, a Semana Santa (e, nela, o Tríduo Pascal) conferem à época um clima que evoca a religiosidade da maior parte da alma cristã. Nós, brasileiros, somos muito sincréticos na mesma medida em que nos vestimos de místicas cores pela nossa cultura. A cultura brasileira é mística. Não há como negar. E dentro desse climão de misticismo, de religiosidade pascal, o que me inquieta é se sabemos o que torna alguém santo. Vou mudar a pergunta. O brasileiro entende o que é “santidade”?

Não tô perguntando nada que as apostilazinhas de catecismo não respondam. Não é sobre isso que pergunto. Nada de sistematizações. A questão é mais ligada ao cerne das coisas e do próprio ser. O que me torna santo? A raiz da palavra “santo” é a mesma para “separado”. O santo é o que se separa. Agora é que são elas. Do quê? Daquilo que carrega significado dentro de um sistema que impõe valores ao material, ao joguinho de aparências, aos toma-lá-dá-cás, às leis de causa e efeito, à moral cínica (vale enquanto não se é flagrado), às leis de Gérson, a toda perversidade travestida de “zelo” e “cuidado” mas que acontece pela via do desamor e da mera tolerância, aos ajuizamentos baratos contra o próximo (tenha o próximo o nome que for!), ao comportamentalismo como sinal de qualquer coisa de fora pra fora, às impostações, às maquiagens, ao estrelismo, à individualidade atroz e predadora e às barganhas de qualquer natureza. Este “sistema” está presente em todo o canto. São poucos os que não se permitem a absorvê-lo. São muitos aqueles nos quais se instalou como valor, fé ou costume. Pra não aderir é preciso contrapor. Pra contrapor, isto é, por-se em lado oposto, somente pela via da consciência. O caminho não chega a ser totalmente racional nem totalmente místico. É algo que só a fé que se desmancha em amor pela existência pode explicar. Não há conceituações. Santidade não se vê no rótulo como algo num “contém glúten”. Reconhece-se em alguém pela disposição em amar com amor que acolhe. Pra fazer tudo isso e não perder sua identidade tem que ser cabra santo!

3 comentários:

ladyneide disse...

Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver..."

Poderíamos aproveitar que a Semana é Santa, pra fazermos um "mutirão" e separarmos tudo que nos distancia de Deus!

"...Recriar o paraíso agora, para merecer Quem vem depois..."

Um beijo...e uma semana santa com dias de paz!!!

ladyneide disse...

Cardo...
esta reflexão me fez lembrar da bela canção: "Sal da Terra" de Beto Guedes que diz:
"...Vamos precisar de todo mundo
Prá banir do mundo a opressão...

[Farelos e Sílabas] disse...

Vou recontar a história que Beto Guedes um dia cantou:


“Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Prá melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois...”



E é pensando no que vem depois, naquele ou naquela que nos acompanha (e cada um tem seu próprio ritmo, por isso, não os embaracemos), que te respondo com alegria em saber que você captou direitinho. Santidade é também o auto-reconhecimento: nós precisamos uns dos outros. E, juntos, dependemos de Deus em nós.

Ótima semana pra você também, sendo santa pela projeção do que estiver em nós!

Brigadão pelos farelinhos impregnados de verdade, carinho e respeito!

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