quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O que nos torna felizes


Entre mortes e feridas nem todos se salvam. Os mortos e feridos pelas ruas das grandes cidades me comprovam fatos. Uns são alvejados por balas “perdidas” mas achadas em quem por elas é atingido. Uns são poupados apenas porque não lhes chegou a vez. A boa sete não encaçapou. É questão de tempo, o tempo dos outros. O nosso tempo vai sendo costurado pela insegurança do momento seguinte. O que será que será, dizem os versos de Chico Buarque. Pensava a questão da segurança pública quando resolvi parir palavras por aqui. Conheço muita gente que sobe e desce morros nessa cidade. Todos os dias num vai-e-vem necessário. Eles sentem medo, nem sempre sabem se voltam. Mas seguem. De repente, pensei a questão da segurança interior. Somos fabricados com extrema delicadeza pelo Criador. Temos componentes interessantíssimos contra tanta coisa. A dor é um deles. A fome, mais outro. E o que falar da segurança interior?

Há tempo passou na Tv um comercial do Pão de Açúcar narrado pela poesia de Arnaldo Antunes. “O que faz você feliz?”, perguntava o próprio Arnaldo. O conjunto de palavras era de uma simplicidade daquelas que a gente só vê nos pores-de-sol de verão. Lindas. Os ecos daqueles raios de por-de-sol invadem meu parágrafo-instante e me atingem numa manhã londrinamente carioca. O que é que nos torna felizes?

“Feliz é o homem que não se condena naquilo que aprova”, dizia Paulo, o apóstolo. Sábia decisão. O problema é que alguns nem sabem quem são ou por que vivem, como então saber aquilo a cujo respeito não se condenaria ao aprovar? Cada um sabe de sua própria história. É a hora. Felicidade é segurança interna. Ela é “in” pra se tornar “ex”-terna quando é tanta que não se contém. Vaza pelos olhos. Escorre fácil no sorriso. Felicidade é um pão desfarelado! Ser feliz é mais um daqueles componentes que todos temos. Nem todos sabemos. Fato é que temos. Há muita insegurança a nossa volta? Verdade. Há insegurança gestada dentro de nós? Quase sempre há (mesmo que não confessemos). Eu 'kiko'? Eu insisto em viver. É a teimosia de uma fé nos meus sonhos. É a pulsão que me faz querer ser feliz. Isto é que me alia àquelas gentes que sobem e descem os morros. Nem percebo, mas faço isso todos os dias. E sempre volto.

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