terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Vai um coxão, aí?


Dia desses visitava no orkut alguns perfis, a maior parte de amigos de amigos. Na conclusão do que vi tinha decidido postar alguma coisa sobre a tendência contemporânea que estes programas provocam em algumas mentezinhas: a exposição voyeurista de corpos como passaporte para a amizade virtual.

Triste se não fosse verdade, mas nos tornamos cada vez mais consumidores de um grande açougue ou verdadeiros açougueiros da Idade Média. Corpos deixaram de ser parte de um todo para serem o todo-em-si. Vendem-nos como bifes de alcatra, acém, contra-filé, peito, maminha, coxa, tanquinho, bundas, etc. Isso quando não mostram outras partes apelativamente. Tudo porque há consumidores famintos da cultura do nada e que dão tudo – literalmente, dão! – ao vender/comprar esses cortes de carne. Em seguida, postam “tem MSN? O meu é...”. Isso quando não resolvem deixar mensagens e scraps típicos de seres-objeto, elogiando as peças que mais chamaram a atenção na vitrine do açougue. Entre tantas perguntas que poderia fazer, me questiono aonde vamos com tudo isso?

Longe de ser uma crítica moralista [atire a primeira pedra quem não aprecia, a seu modo, um bom “corte de carne”!], me enputeço apenas com as visitas inesperadas desses perfis no meu orkut e, pior, com os pedidos pra adicionar na lista de amigos. Eis o cúmulo: as carnes agora saem por detrás das vitrines do açougue e surgem na porta de sua casa oferecendo a si mesmas! “Quer assistir ao vídeo da Cicarelli gemendo na cama? Me add!”, “Putaria no BBB, clique aqui”, “Gatinho, você é uma delícia! A fim de uma real? Tem MSN?”, etcétera e tal...

É cada uma! Confesso aos desavisados que, se precisasse, iria pessoalmente comprar! O que eu procuro há na vitrine de uma das letras do Frejat! E, certamente, não se trata de açougue!

Obs.: All rights reserved para a imagem captada por Breno César.

Um comentário:

Unknown disse...

Filhote, falando sério, eu também ando cheia de tanta baboceiras que escrevem no Orkut. Tem horas que chego a pensar o que passa na cabeça desse povo para inventar tanta coisa.

Acho que esses "tais" deveriam buscar um bom livro, assistir um excelente filme. Sei que ninguém é igual, mas pelo menos poderiam tirar idéias construtivas.

Filho, continue escrevendo, pois seus artigos são realmente muito bons.
Um beijo grande, mãezinha ANNA MARIA

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