Mas é-foi-tem-sido preciso cair e levantar seguidas vezes. Existir é percorrer uma longa estrada. É não parar, mas prosseguir adiante. É-foi-tem-sido produtivo crescer por dentro e pra fora nas experiências. Elas não são “boas” ou “más”. São apenas experiências. Assim é tudo no trajeto desta estrada-existencial. Nada é em si mesmo “bom” ou “ruim”, depende de quem vê. E o que vemos nem sempre é o que vemos. Eis-nos uma questão eminentemente interpretativa. Nossa mente absorve o padrão de formação como uma espécie de “chão”. A gente se defende por medo de perdê-lo (falo do “chão”). Assim é que muita gente não ousa questionar por medo. Medo de perder sua própria identidade. O medo faz parar. Interrompe o fluxo de crescimento por dentro. Limita. Impede. Bloqueia.
“Não tenho medo de voar”, aponta a firmeza avassaladora de Clarice em suas obras. “Mas é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre”, completa os versos fortes de Maria, Maria. É preciso ousar desacreditar. Às vezes, é preciso desconstruir pra construir um “novo”. Refazer como um recomeço. Andar confiantemente, transformando o mundo com a renovação constante da mente com vistas a uma experiência do “novo”, do “diferente”, do “desconhecido” e – por que não? – do divino no outro, seja quem for, tenha o que tiver...
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Notas de caderno no final do mês
Último dia de fevereiro, o mês mais curto. Passa tão rápido que não se compara aos outros meses do ano. Quando a gente nota, passou. Quando a gente se dá conta, foi-se. Os anos são como fevereiro. Passei anos de minha vida reverberando discursos que não eram meus, seguindo cartilhas de bom mocismo, pensando a existência sob forte influência maniqueísta, considerando as coisas como “certas” ou “erradas”, “boas” ou “más” por uma questão de interferências morais e religiosas, diminuindo possibilidades por um simplismo arrogante, pois, apesar de tudo, era convicto de estar correto naquilo que defendia. Mas a vida é um espetáculo de verbos, um constante gerúndio, um ‘estar-sendo’ que nos estimula porque não se revela antes do tempo necessário. Eu cresci juntamente com o tempo verbal. Mudei alguns conceitos conforme a experiência de vivê-los. Como disse, questão do tempo - o meu tempo - necessário. Significa que já aprendi? Não, de forma alguma. O amanhã pertence a cada um de nós que o viveremos!
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15 comentários:
Mas, o bom da vida é isso: questionar, mesmo que em alguns momentos vamos sentir medo.
P.S: O relógio tá no horário de verão ainda.
Abs.
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...afinal, estamos em constante trans-FORMA-ação! Se é ‘ação’, é movimento, é pensamento, é vida!
Obrigado pelo toque no horário! (rs)
Abraços!
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Texto perfeito! Estamos em constante mudanças... a cada dia...estar aberto a esse movimento é o que nos move para tentarmos ser uma pessoa melhor... Reiventar-se!!! Beijos Roberta.
Sabe o que é bonito, pois é isto chegou a ti pela tua evolução...
Fique com Deus, menino.
Um abraço.
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Roberta:
Reinventar-se! Eis-nos no processo! Basta ter plena consciência de si, que, por sua vez, não se divorcia da realidade como um todo. Metamorfoses ambulantes, disse num texto meses atrás. 'Metamorfose ambulante', poetizou a filosofia cantante do saudoso Raul Seixas!
Eis o que somos, ups, o que estamos sendo!
Grato, muito grato, pelas sábias ponderações!
Beijos!
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Daniel:
Processo. É-tem-sido. Diariamente. Como você disse, Daniel, evolução. Sim, evolu-AÇÃO. Em sendo assim, movimento gradual buscando o “novo”. Neste caso, o “novo” é o crescimento da compreensão de si e do mundo conforme a visão e o pensamento.
Obrigado pelas [inúmeras e bem-vindas] visitas aqui!
Abraços na altura da presença-presente!
P.S.: Foi você quem, certa vez, perguntou se éramos xarás? Não lembro quem tenha perguntado. Fato é que sou Rick para alguns, Cardo para muitos, Ricardo para os de sempre.
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Obrigada pela visita. Excelente blog. Quero, um dia, potencializar o meu assim. Sou seguidora e vai constar na minha lista. Vi que citas Foucault, estou preparando uma postagem sobre a atualidade de seu pensamento.
É preciso ter atitude e resistência;
abraços
Hugo
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Fátima:
Obrigado pelo retorno. O seu blog, pelo que entendi, pretende ser ferramenta para pesquisa na questão da sexualidade, é isso? Se for, pode contar comigo para alguma forma de colaboração.
E sobre Foucault, mais atualíssimo não poderia ser, disse-me certa feita uma amiga terapeuta.
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Hugo:
Fez lembrar os versos da canção...
É preciso ter raça,
ter gana sempre!
Sim, sempre!
É a vida...
E é bonita!
E é bonita!
Viver...
Abraços!
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Pois é amigo, nos fevereiros da vida é que fazemos um inventário de nossas esxperiências...Eu estou justo agora me inventariando....caramba qta cagada eu fiz, nossa, qta burrice.....em pesar que estou na metade da minha vida, exatamente no meio, pois tenho 36 então provavelmente viva outros 36 depois volto pro pó, então espero que pros próximos 36 eu seja menos imbecil, tomara, peço a Deus.
Abração
PS: Postei a segunda parte de o vingador de lampião, aparece lá.
Meu querido! Ki bom que evoluímos todos os dias... a bel prazer ou a contra- gosto... Faz parte do show, afinal a vida é o PALCO e nós somos os atores principais ou coadjuvantes, conforme escolha... O medo é para covardes! Bjs
Filho, realmente a cada dia me surpreendo com seus textos maravilhosos.
Hoje, através de tantas experiências, algumas ruins e outras boas, sinto uma mudança grande em sua vida e também na minha.
Acho que merecemos compartilhar tudo isso como um exemplo de tantas coisas deixadas para trás e resgatando tudo através de belas experiências que vemos, ouvimos e hoje estamos procurando viver uma vida com os dois pés fincados ao chão. Isso para mim é uma mudança, é um "Não tenho medo de voar", como dizia Clarice.
Sim, filho, precisamos ter "força", "raça" e muita "gana" para reconstruir tudo que um dia perdemos...
Com carinho, filho, receba um beijo da mãezinha.
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Silvinha:
Penso que nossa sina é para fazer diferença em meio aos cenários desta existência. Penso que isso é parte do que você citou – fazer o show -, buscar acontecer e permitir-se. As escolhas são apenas degraus. E que bom que evoluímos diariamente! Sim, como é bom!
Grato pela visitinha! Não esqueça de voltar! Beijos!
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Mãe:
Mudar é, portanto, imprescindível... é frito da Graça agindo em nós, mãe! Como é bom sabermos ser mutáveis, não-fixos, coesos e livres para alçar vôos mais altos que os de ontem!
Com [todo] o carinho de sempre, porém mais alto e cada vez mais certo,
Eu!
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