
segunda-feira, 31 de março de 2008
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Manifestações pela paz
Tava vendo o símbolo humano da paz que os húngaros formaram contra a ocupação do Tibete [foto]. Em muitos lugares vêem-se outras manifestações em prol da paz no Tibete. Neste caso, a “paz” é a desocupação territorial com a conseqüente liberdade política daquele país. Lembrei-me da luta de Gandhi na Índia no século passado. Esforço muito semelhante. Mas a paz se veste de outros trajes. Depende da ocasião. “Deixe-me em paz” é quase sempre um mero “posso, pelo menos...?” Sim, posso, pelos menos, assistir ao filme sem suas brincadeiras? Vem cá, posso, pelo menos, entrar e pegar minha chave? Ah, qual é! Posso, pelo menos, falar pra ele que tô gostando? E segue-se uma eternidade de posso, pelo menos...
As manifestações em prol da paz são diferentes, você pode dizer. E são mesmo. Luta política, engajamento religioso, ativismo de natureza social e organizacional, idealismo “in natura”, verve altruísta, não importa. Acontecem. Quase sempre chamam a atenção, mesmo que não tragam a sonhada “paz”. Mudam as nossas paisagens quase sempre. Mudam as demais paisagens noutras vezes. Nada é como antes quando fazemos alguma coisa em que acreditamos. Jamais. Por isso, creio, “paz” não é ausência de algo ruim ou belicoso, mas a consciência de que depende também de mim. Há um ditado budista que diz que “o que somos hoje e o que seremos amanhã depende de nossos pensamentos”. A “paz” estaria em mim? Não propriamente em mim, mas na teimosa vontade de crer contra as circunstâncias ao redor de mim, ou seja, no exercício da fé que carrego.
“Se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível”, diz Mateus 17. Nada será impossível. Nem a paz. Nem a libertação do Tibete. Eu não duvido!
domingo, 30 de março de 2008
Avisos
“O que digo aos ateus?”
Sem Deus, com tudo e com nada; e sem sentido para tudo ou nada; mas, havendo sinceridade, pelo menos levando até as ultimas conseqüências as implicações de uma existência sem Deus — dever-se-ia abraçar gelo na alma, sem alma, sem direito a emoção, sem permissão para dançar, sem licença para amar, sem nada a celebrar ou a chorar; sem chegadas e sem despedidas; sem berços e sem túmulos; sem nada além de nada; e, em caso de honestidade maior, abraçando o suicídio como devoção.
Apresente-me esse ateu (ainda que morto), e o saudarei com respeito. Até mesmo Friedrich Nietzsche não levou seu ateísmo até às últimas conseqüências, posto serviu-se todas as possibilidades que somente num mundo com Deus se poderia ter.
(...)
Não se preocupe em provar Deus para ninguém. Seu único discurso sobre Deus é viver Deus com tanta certeza em fé, que nenhum ateísmo seja sequer por você reconhecido, do mesmo modo que você não perde tempo provando sua existência para ninguém que vendo não aceite o que vê: você.
(...)
Deus se entende com os crentes, por que não se entenderia com os ateus?”
Caio Fábio
sexta-feira, 28 de março de 2008
Respeitável público, minha homenagem!

Conforme canta a vida
Ontem conversava com uma amiga ao lado de quem construímos vários projetos sociais. Muitos deles não vão poder mais existir em razão de absoluta falta de verba. Apenas aqueles que sobrevivem graças às doações continuarão. Trocávamos várias figurinhas enquanto separávamos centenas e centenas de caixas de medicamentos com prazo vencido daquelas outras tantas centenas com validade ao longo deste e do próximo ano. Doações recebidas para o projeto “Farmácia Comunitária”. Tivemos ajuda de outros dois amigos. A oito mãos realizamos a tarefa.
Mas, pensava como existem pessoas que não entendem a vida senão na perspectiva pessoal, única e exclusivamente voltada pra si mesmas. Falo da individualidade egocêntrica. Cada um vê a vida de uma forma, isso é sabedoria milenar. Jesus dizia que tudo dependia do [como] olhar a vida. “Se teus olhos forem bons, todo o teu ser será luminoso”, afirma o evangelista Mateus acerca da lição aprendida [Mt.6]. Nosso olhar não pode ser de todo bom se não enxerga a necessidade de quem tá próximo. O canto à vida, neste caso, soa desafinado.
Olhos vendados para a dor e a aflição ou, quem sabe, para a necessidade dura e castigante do próximo, são olhos que ainda não aprenderam a “cantar, e cantar, e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz”. Aprendemos na vida-escola enquanto caminhamos-vivendo. Vida que se preze é vida que observa a própria luz, mesmo que alguns teimem em dizer acerca de alguém que tal não pode enxergar apenas pelo fato de ser cego. Meu Deus, quantos cegos caminham vendo e quantos não caminham achando que enxergam!
Viver é também olhar pra além de mim mesmo, além de meu próprio orgulho umbilical, e encontrar a certeza de que existem outras pessoas na vida-existência. Muitas das quais muito próximas. Algumas, necessitadas. Nem sempre necessidade física. Isto porque o alicerce do ser de qualquer pessoa não se constrói sem a emocionalidade como matéria-prima. Somos profundamente emocionais, mesmo que alguns se sintam no direito de dizer que são puramente racionais. E alguns aparentemente o são. Fato é que o alicerce será sempre emocional. Pra ser feliz é preciso caminhadas de léguas na estrada-vida, ultrapassando – e muito – a etapa que segue além do “estar feliz”. Viver feliz é pra quem sabe por que está aqui e, por isso mesmo, olha além de si. Quem olha desta forma, não olha, canta enquanto vive!
A vida não barganha, mas faz algumas “trocas” interessantes pra nosso próprio aprendizado. Quanto mais me dou ao próximo, mais recebo da vida. Quanto mais recebo da vida, maior a esperança que há em mim. Quanto maior a esperança, mais consciência há em mim acerca da fé. Disseram que ela remove montanhas. Eu acredito. Montanhas somem do mapa quando acreditamos que é possível. Assim é que canta a vida. Mesmo que nem todos tenhamos vozes pra acompanhar...
terça-feira, 25 de março de 2008
Acerca de uma união e minha oração
Ontem, 24 de março. Dia agitado. Trabalhei até perto de meia-noite. Cheguei em casa nesta terça-feira, isto considerando que ao chegar em casa já eram quase meia-noite e meia. Cansaço. Mas ontem também foi dia de louvores. Aos meus pais. Aniversário de casamento. Minha irmã me liga. Convida para a comemoração surpresa "en petite comitée” na casa dela. Não poderia. Ossos do ofício. Meus pais entenderam. O amor que sentimos uns pelos outros compensa qualquer formalidade.
Mais de 40 anos unidos. Pois é... Bodas de Jaspe. Segredo? Perguntarei a eles se um dia tiver vontade. Vaivéns e auto-conhecimento mútuo ao longo dos anos, mas tudo como alimento e solidez da união que os cerca. A imperfeição deles me fascina. Eles brincam com isso. Cresci feliz em meio a esta humanidade errante. Nunca se exigiu em família que quem quer que fosse tentasse ser perfeito. Nossos erros sempre foram expostos com brandura humanamente aceitável. Isso, ao menos pra eles (e pra nós), serviu de estímulo a um crescimento sadio e longe de disputas ou auto-afirmações de qualquer natureza. Entre eles o “esquisito” era tentar ser quem não se era. Daí vinham as lições. Eles sempre nos expuseram bom senso em todas as coisas, até quando nos diziam que alguma coisa era assim e ponto final. Sem discussões. No amor, a obediência não se confunde com servilismo mas sim com profundo respeito pelo significado da autoridade paternal (e maternal). Respeito porque o ambiente era profundamente amoroso. E ainda o é.
Lembrei de comentar algumas coisas por aqui pelo fato de ver neste momento as fotinhas que tiraram do evento. Faço minhas orações em agradecimento por eles, bem assim ao estilo oriental de ser. Questão de identificação, me entendam. Oração é suspirar com o coração as nossas verdades pra Deus. Às vezes, se ora falando. Mas isso já é hábito ocidental. O que eu queria mesmo era encontrar um motivo para me lembrar deles, só isso. A eles um beijo do filho-aprendiz.
Nota: Na imagem acima, “Jasper Heart” (Coração de Jaspe).
segunda-feira, 24 de março de 2008
“Ambientofetas”
Um grau a mais no aquecimento global e os campos da América secarão. Um grau a mais e os Estados Unidos se desertificam, enquanto a Inglaterra se torna fértil. Hoje. Já. Agora mesmo.
A Groenlândia está secando e se tornará um campo de pedras e terra seca.
Dois graus a mais e a Amazônia se torna um deserto, todas as cidades costeiras serão afundadas e centenas de ilhas desaparecerão. New York ficará debaixo dágua. A Flórida desaparecerá sob o mar e o Egito será inundado. O Rio Ganges estará quase seco e virá a secar com apenas mais dois graus de aumento da temperatura global. Todos os grandes rios do mundo ou secarão ou desapareceram sob águas imensas. A China terá frio e seco. Seus campos não a sustentarão. A vida no Japão ficará quase impossível.
Com três graus de aumento global da temperatura nós estaremos vivendo em tempos pós-civilizatórios. A humanidade já não suportará o conceito de fronteira. Milhões e milhões mudarão de lugar em lugar buscando sobrevivência. Os mares estarão morrendo. A vida submarina estará em franca extinção.
Com quatro graus de calor global já não é possível imaginar o nível de calamidade no meio ambiente e nas vidas das pessoas.
Cinco graus… Vale a pena?
Se chegarmos ao nível de seis graus de aquecimento global, o que se terá na Terra já não terá qualquer relação com o que um dia teria sido vida — mesmo no pior dia do mundo em qualquer passado.
Quem diz isso são os ambientalistas, e não um profeta apocalíptico.
Os interessados procurem no site do National Geographic Channel o documentário S.O.S. Aquecimento Global, exibido hoje, dia 14 de março de 2008, no Natgeo.
Somente um milagre de consciência humana simultânea e angustiadamente eficaz nas decisões em busca de minguadas soluções poderiam ainda nos salvar de tal futuro de gelo, calor, deserto, enchentes, fome, e retorno à idade das pedradas, conforme também profetizou Einstein.”
Caio Fábio 15/03/08 - Lago Norte - Brasília
Ainda sobre os “ambientofetas”: breve comentário

O pronome indefinido indefine apenas pra nós o que para Ele lhe é definido porque lhe pertence. Não é à toa que todas as coisas “estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas”, assegura a epístola aos Hebreus. Ele sabe. Nós, não. A natureza geme, mas também urge pela expectativa da libertação do cativeiro da destruição. É Paulo quem diz no capítulo 8 de Romanos. Os “ambientofetas” denunciam como nas “dores de parto”, conforme nos revela Paulo na mesma carta.
Como deter a destruição se não há quem sinta-se enviado por fé em Graça a denunciar o futuro caos? Assim como está escrito: “Quão formosos os pés dos que anunciam”. E anunciam que a Terra é pra ser amada, posto que toda a criação é boa! Onde estão os pés? Onde estão as vozes? Onde estamos para ouvir o que a profecia ecoa ainda hoje: “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos” [Is.45,18].
Quem viver, verá.
Mas eu sei que ainda é tempo!
Nele, que assim diz porque assim é dito no espírito dos Evangelhos,
Cardo
P.S.: Créditos para a imagem com o modelo Daniel Calumbi
domingo, 23 de março de 2008
A Páscoa, o Amor e a Vitória

Hoje despertei com mais algumas daquelas vontades místicas que, vez por outra, me acometem. Pensei na páscoa e no seu significado. Não me contive. Na hora em que liguei o PC pra rabiscar algumas palavras do que tô sentindo, telefone toca bem ao meu lado. Tocou por três vezes. Parentes desejando feliz páscoa. Aproveito e dou uma ligada para meu sobrinho em São Carlos. Neste ano se mudou de mala e cuia para o alojamento da Universidade Federal de São Carlos. Em seguida, ligação pra Beagá para uma segunda mãe. Papos encerrados, volto ao PC. Não consigo. Mais outra parada. Retorno ao fio da meada por pura inspiração. A família inspira.
Num tempo de pouca meditação (tudo bem, sei que não é um hábito culturalmente ocidental), pensa-se pouco no por que das celebrações que nos impomos (seja por fé, por hábito ou por força das circunstâncias de mercado). Minha consciência, que é despertada por fé em amor, me leva a considerar todas as coisas ao meu redor como algo aproveitável. Em se tratando de páscoa, um toque a mais me inspira nessa hora: a vitória sobre aquilo acerca do qual Paulo chama de “aguilhão da morte”. Não, não tentem me entender nesta hora sem perspectivas de consciência em fé. Não falo de morte como fim do ciclo biológico. Falo de morte como encerramento da consciência pela ausência do amor. “Eis por que há entre vós (...) muitos que dormem”, diz Paulo em Coríntios. O "não amar" algumas vezes pode ser "adormecer" na linguagem profética. Somente quando despertados em amor, agimos com amor. Nós não somos amor nem sabemos amar. Mas pra não dizer que não falei das flores, lembro de João e as fortes doses de amor na sua 1ª epístola: “Quem não ama, permanece na morte” [1 Jo.3,14]. Agora, ferrou tudo. Então, como é que o amor brota em nós? A coisa chega no ápice quando o mesmo João ensina: “Nós amamos, porque ele nos amou primeiro” [1 Jo.4,19]. Alguém nos amou primeiro! A vitória sobre a morte não veio daquela cena de crucificação do Cristo. Nem menos ainda na cena da ressurreição. Tudo aquilo serviu como fatos históricos-existenciais da pessoa de Jesus de Nazaré. A vitória foi antes de tudo isso. Hã? Tá complicado? Todo aquele cenário foi apenas marco visível de uma realidade já existente “antes que o mundo fosse criado”. Não sou eu o autor dessa parada tangivelmente transcendental (por isso mesmo só entendida por fé). Paulo [no capítulo 1 de Efésios], João [no capítulo 17] e Pedro [no capítulo 1 de sua primeira epístola] fizeram essa viagem muito antes de mim como revelação de Graça. E é dentro deste contexto - que se descortina apenas por fé como sinal de Graça agindo em mim - que eu celebro a vitória sobre a morte.
Atchins alérgicos pascais

sexta-feira, 21 de março de 2008
Meu resumo das sete palavras da cruz

Para os católicos, adoração do “Senhor crucificado” e procissão do “Senhor Morto”. Para os protestantes históricos, o culto das “sete palavras da cruz”. Ensinei e preguei sobre as sete palavras da cruz. Anos que se passaram. Nunca mudei de opinião. Pra mim, o resumo das sete palavras da cruz era simplesmente a sexta delas. “Está consumado” (Jo.19,30). “Consumatum est”, pra mim, é o auge do ministério de Jesus. “Está consumado” não pode ser entendido sem um mergulho no que seja o propósito da existência do Cristo. Seria apenas um mártir? Um profeta? Um sábio ermitão? Um destacado rabino fora de contexto? Não vem ao caso estabelecer juízos do que penso. O “está consumado” é a plenitude soteriológica acerca da qual Paulo, o apóstolo, tanto escreveu. Chega a dizer poeticamente como “reconciliar o mundo”. Em outras passagens, mais profético, refere-se a um pagamento no “escrito de dívida contra nós”.
E o que tudo isso tem a ver pra mim, pra seu Manoel das couves e pra dona Gracinha do salão de beleza na esquina? Em que o “está consumado” me atinge? Não é o que me atinge, mas como me atinge. Consumada ou concluída é a minha certeza que meu caminhar não pode ser a lugar nenhum e que, portanto, sabendo que “nada é por acaso”, sei ou sinto que a vida é uma semeadura rumo Àquele em quem todas as coisas são início e fim. Estou seguro na certeza, a mesma que me “lança fora todo o medo”. Medo de ser eu mesmo. Certeza que meus passos são guiados e seguidos de perto por Alguém que me ama sem que eu faça qualquer coisa pra incentivar, impedir ou desistir do que sente. Consumados, portanto, estão todos os meus dias ainda que eu esteja vivendo cada um deles como algo inédito apenas pra mim. Certeza que não preciso viver com vestes de desassossego no que me trará o ‘depois de hoje’. Saber e descansar. Não saber e ainda assim descansar. Uns chamam “viver por fé”. Eu chamo “viver com tempero de Graça”. Papo de doido, né? É que de vez em quando me faço de são apenas pra que os loucos me deixem em paz. Só os loucos.
O mosquito que mata a Rede de Saúde Pública
O que um mosquitinho listrado não faz!
Nota 1: Na imagem acima, créditos para Marco Gaiani.
O surpreendente empadão

Não, não esperem que comentem do meu empadão. Estava delicioso!
A Nigéria é bem aqui

quinta-feira, 20 de março de 2008
Em-contos do final do dia

P.S.: A única foto que tinha de minha amiga ao meu lado foi tirada há três anos atrás. Mais magro, sou eu mesmo ao centro.
O dia de hoje é quarta-feira

Comecei falando de uma quarta-feira incomum. Adjetivada. Quarta-feira santa. Quarta-feira, dia de São José, o esposo de Maria, aquela, aquela mesma que é a mulher mais adjetivada que conheço. Mas ela também não é uma simples mulher. Eu sou devoto das adjetivações. Sei dar importância a isso. Respeito Maria e José. Ambos santos. Parecidos com esta semana. Ambos incomuns. Mais cheios de significados que esta quarta-feira. Tenho certeza que, do jeito que viveram, qualquer dia carregava um quê de suma importância. Eles souberam viver por fé. Isto torna qualquer dia santo. E, neste caso, não há necessidade de uma semana de festejos pra que se comprove o que tô falando. Nós somos os dias que fazemos. Santos ou profanos, substantivados, adjetivados ou lá o que seja. Era isso o que queria dizer desde o início. São José foi só um pretexto, assim como o meu dia. Uma quarta-feira dessas, mas não uma qualquer...
Na imagem: Igreja de São José, uma das mais antigas do país. Localizada no Centro Histórico do Rio de Janeiro, bem próxima da antiga Sé (Igreja do Carmo), ao lado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
segunda-feira, 17 de março de 2008
O sóbrio e equilibrista
Ontem, à noite, ouvi de alguns amigos entre os quais estive várias histórias. Vi que alguns preferem ser reféns de si mesmos, de seu próprio medo de encarar os desafios. Vi que em outras histórias o que entendia era simplesmente a vontade de mostrar realidades não existentes, como força, coragem, vigor, enfim, mudanças que não aconteciam. Percebi que alguns viviam na corda bamba entre o virtual (aquilo aparentemente aconteceu) e o real (os fatos que qualquer um vê). Percebi que muitos de nós somos vítimas do próprio discurso, mas não somos equilibrados. Não buscamos o equilíbrio. Somos oito ou oitenta nas nossas relações. Viver assim é qualquer coisa menos o exercício do equilíbrio. Eis a razão porque colhemos frutos que nem sempre queremos. Tem a ver com a forma de semear a vida e cada uma de nossas relações com o próximo. Como a colheita seria diferente? Impossível!
Viver com sobriedade tem a ver com o equilíbrio que falei. Venhamos e convenhamos, nada é novo nestas palavras. Aprendi como fruto colhido em Graça que Jesus é um bom exemplo de vida equilibrada. Nas festas e nas bebedices, curtia e certamente apreciava excelentes gorós. Não se recolhia como ermitão, mas também não bebia a ponto de cair pelas vielas de Jerusalém tentando encontrar o caminho de volta. Diante daqueles rejeitados pelo preconceito social (e até moral), não dava as costas mas também não repetia em si mesmo qualquer des-significação pra sua vida. Não é porque batia altos papos com as putas que ele se prostituía. Promiscuía-se, em certo sentido, que é pela semântica pura "estar misturado, junto", mas não se prostituía. Não é porque jantava com coletores de impostos (raça filha da @#$ para a época), como aconteceu com Zaqueu, que entrava em negociatas, tentando não contribuir para o Fisco. Ele amava, mas, se não correspondido, não odiava nem muito menos agia com indiferença. Tem gente que ama e odeia com uma facilidade desumana. Tem gente que aproxima-se e afasta-se com velocidade medida na conveniência. Tem gente que pensa amar mas, na verdade, se o que sente não é algo leve e saudável. Não pode ser amor. Quando não há amor, estabelecem-se outras vertentes. O caminho fica sombrio e a alma desromancia aos poucos.
Tudo me parece ser uma questão de equilíbrio diante de nossas escolhas. Eu apenas ouvia e meditava durante aquele papo. Ri de algumas situações cômicas, confesso, mas não me afastei da meditação um só instante. Buscava sentido em alguns porquês, não em mim, mas na Graça que me instrui. Concluí que nem todos querem de fato equilíbrio em suas ações. E vão colhendo os frutos das plantinhas que não reconhecem que um dia semearam...
A semana santa, os santos e a santidade

Não tô perguntando nada que as apostilazinhas de catecismo não respondam. Não é sobre isso que pergunto. Nada de sistematizações. A questão é mais ligada ao cerne das coisas e do próprio ser. O que me torna santo? A raiz da palavra “santo” é a mesma para “separado”. O santo é o que se separa. Agora é que são elas. Do quê? Daquilo que carrega significado dentro de um sistema que impõe valores ao material, ao joguinho de aparências, aos toma-lá-dá-cás, às leis de causa e efeito, à moral cínica (vale enquanto não se é flagrado), às leis de Gérson, a toda perversidade travestida de “zelo” e “cuidado” mas que acontece pela via do desamor e da mera tolerância, aos ajuizamentos baratos contra o próximo (tenha o próximo o nome que for!), ao comportamentalismo como sinal de qualquer coisa de fora pra fora, às impostações, às maquiagens, ao estrelismo, à individualidade atroz e predadora e às barganhas de qualquer natureza. Este “sistema” está presente em todo o canto. São poucos os que não se permitem a absorvê-lo. São muitos aqueles nos quais se instalou como valor, fé ou costume. Pra não aderir é preciso contrapor. Pra contrapor, isto é, por-se em lado oposto, somente pela via da consciência. O caminho não chega a ser totalmente racional nem totalmente místico. É algo que só a fé que se desmancha em amor pela existência pode explicar. Não há conceituações. Santidade não se vê no rótulo como algo num “contém glúten”. Reconhece-se em alguém pela disposição em amar com amor que acolhe. Pra fazer tudo isso e não perder sua identidade tem que ser cabra santo!
Uma despedida virtual
sexta-feira, 14 de março de 2008
Pra que serve esse tal Jesus?
Será que ele é mais um desses que pede “não esqueçam de mim!”? Que insegurança! Deus que pede pra que dele nos lembremos é porque tem carência emocional. E se tem carência, é falho como um ser humano. Sendo assim, que Deus é esse? Acho que ele não me serve pra nada enquanto eu não encarar a realidade de que o nada pra ele é o começo de tudo. Mas tudo do quê? O de minha própria história. A minha história tem início num ato de Graça, que é amor sem que eu existisse. Ainda. Não sou devedor de nada nem a ninguém exceto Àquele que me amou e me aceitou antes que houvesse História. Só entende o que falo quem se desperta de sonos de incredulidade ou religiosidade pra acordar pra vida como ela é. Deus é! Eu estou sendo. Só quem é amor é, de fato. Eu não sou amor. Aprendo no amor e por todas as suas veredas. Persigo-o como bem-querer pra mim. Mas não sou amor. Amor é Deus. Chamem-no como quiser. Penso que Ele nem se preocupa com isso!
De fato, Jesus não quer que dele nos lembremos por mera lembrança. Não precisaria de marketing algum. É Deus. Ele é! Lendo um artigo do Caio intitulado “É pra obedecer ou esquecer!” fui levado à reflexão que se Jesus quisesse ser apenas lembrado teria pedido um busto numa praça. Ele não queria ser lembrado, mas obedecido em seu ensino e modos de amor. O articulista chega a dizer o que transcrevo: “Esqueça Jesus a menos que você deseje celebrá-Lo fazendo coisas em memória viva de amor por Ele. “Fazei”, diz Ele. Fazei o quê? Fazei o amor valer. Fazei a Graça prevalecer como perdão e misericórdia. Fazei a justiça ser reconhecida não como discurso, mas sim como ato da própria vida. Fazei da vida com Deus a vossa vida entre os homens.” Jesus, então, não serve pra ser lembrado e não ser obedecido. E pra obedecê-Lo, só pela via do amor. Pra amar tem que amar. Preconceitos, portanto, não servem pra quem quer saber de Jesus! Diga isso aos cristãos!
segunda-feira, 10 de março de 2008
Domingo sem dieta cultural
sábado, 8 de março de 2008
Pérolas pra bordar neste dia
Roberta Sá – “Janeiros”
A mulher e seus sabores
O homem está colocado onde termina a terra;
terça-feira, 4 de março de 2008
Apenas pra lembrar dos aniversários
Quaresma com cravo e canela
Converter-se é refazer o velho pensar a partir de um novo paradigma, encarando tudo por outro prisma. A partir da maneira pela qual repenso a vida (e o mundo ao meu redor), é também a forma com a qual construo minha identidade. A conversão imposta nestas letras me instiga a me encarar através de uma nova maneira de pensar. Quando repenso, analiso. Discirno. Eu me visto de novas idéias que se projetarão numa atitude diferente (ou inédita). O que antes era “in” passou a ser “out” apenas porque nem todas as coisas de antes me serviriam pra qualquer coisa neste meu “agora”.
sábado, 1 de março de 2008
443 abraços para o Rio
Águas de março para uma garotinha
Daqueles dias recém-nascidos até os atuais, convenhamos, a menina tá bem conservada. Verdade é que a mata nativa já foi escalpelada quase completamente. Resiste à modernidade, no entanto, a Floresta da Tijuca, a maior floresta em área urbana do mundo. Foi o que restou dos cenários daqueles primeiros anos de infância. Mas a vida tem seus viés. A cidade cresceu, ultrapassou mais de seis milhões de habitantes, foi capital de Reino unido (Portugal, Brasil e Algarves), capital de Reino do Brasil, capital de República, enfim, uma celebridade histórica! Hoje chove. A história assegura que no dia 1º de março de 1565 também chovia quando foi fundada no istmo entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar. Águas de março. Elas sempre se lembram quando é dia de comemoração. Fizeram naqueles idos. Revivem o “remake” 443 anos depois. Que comemoração, heim, Rio de Janeiro! Parabéns, menina!