sexta-feira, 2 de maio de 2008

Onde estiver o teu tesouro, aí também...

No dia 1º de maio, o dia do trabalho (por que não o do trabalhador?), pensei como expressar tanta coisa que alcancei em termos de experiência no conhecimento das relações humanas. E falo isso porque trabalhei onze anos com o atendimento ao público, mergulhando na privacidade de muitos clientes que procuravam não apenas o advogado, mas muito mais vezes o terapeuta. Teve muitas vezes que me senti o vigário, o pastor, sei lá, pois tudo o que fiz foi apenas ouvir e mostrar um pouco do que aprendi, mesmo não sendo tão maduro quando comparado ao Monte Everest e ao mesmo tempo nem tão novinho quanto a um pé de alface.

Estive por onze anos trabalhando numa organização não governamental. Hoje foi meu último dia de trabalho. Desde o início da semana reorganizei folhas e pastas com tantos documentos que, de tantos, somam-se a vários sonhos, desocupei gavetas como quem guarda os melhores momentos que outro não contaria e retirei muitas lembranças dos pequenos gestos. Porta-retratos foram fechados para descortinarem-se sob novos ares. Trinta fotografias foram delicadamente retiradas sob a tampa de vidro de minha mesa. Estavam ali há anos. Certo que aumentavam, ano a ano. Sei disso. Faziam parte de meus momentos e de minha história.

Hoje, por sinal, o dia do trabalho, presidi a comissão eleitoral que organizou o processo de transição para novos diretores da tal organização que falei no parágrafo anterior. Houve apuração de votos (porque se deu por eleição), palmas e felicitações para os que chegam a fim de contar a sua própria história naquele lugar. À noite, lá pelas dez e meia, voltava pra casa. Nas mãos, a ata que eu mesmo aprontei, uma caneta que esqueci de colocar dentro da mochila e um punhado de “flashes” – ou “insights” – sobre os melhores momentos que vivi. Se sorri ou se chorei, fato é que o trabalho não pára. Não é apenas o tempo de Cazuza, não! Hoje nem deu pra ir ao Tim Festival, em frente ao Copacabana Palace, na comemoração dos 50 anos (não vividos) do poeta. Mas o dia não permitiu àquele investimento. Meu tesouro estava em outra direção. E fui redescobrindo que, de fato, ladrões não podem escavar nem ferrugem corroer o valor de uma amizade sincera, do senso de justiça que faz da injustiça o caminho de morte para quem nele teime em andar, dos sorrisos felizes e soltos como fôlego depois de qualquer corrida, das pessoas cativantes que te olham nos olhos pra mostrar apenas que são luzeiros-aprendizes como eu e você, da vida que só é vida quando faz sentido pôr sentido nela (e quem me conhece sabe acerca de Quem falo), do amor que é maior que qualquer coisa, portanto, maior que a vida, pois ela sozinha não preenche o amor (e sim o amor que preenche todas as dimensões dela), entre tantos outros investimentos. Sim, investimentos. São tesouros. E dependendo aonde levarmos e para onde aplicarmos, creia você ou não na ‘lei do retorno’, será o melhor investimento.

“Mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam”, disse Jesus.

Sempre foi assim! Basta crer, tomar a iniciativa em investir e esperar – sem pressa - pelo extrato. Pode conferir!

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