domingo, 24 de janeiro de 2010

A dimensão virtual


Mergulhando um pouco na dimensão virtual sei que alguns a defendem com unhas e dentes. Sei dos avanços que nos facilitam a vida. O tempo urge [sobretudo o cotidiano nos grandes centros urbanos], sei disso. Eu mesmo já cansei de ser beneficiado, desde pagar contas e verificar extratos, a ler obras e pegar resultado de exames laboratoriais, sem contar no envio e no recebimento de documentos importantes pelo âmbito profissional da coisa, entre centenas de outras facilidades proporcionadas pelos caminhos virtuais. Mas, convenhamos: nada substitui a presença. Falo em todos os aspectos. Há sempre mais um que quando se está presente, quando se olha no olho. Se falarmos em termos de relacionamentos, então... putz! A virtualidade é mero aprendiz!

Não sou crítico da virtualidade, reconheço suas benesses. Só não sou entusiasta. Gosto de deixar minhas marcas no universo virtual; afinal, é inegável o alcance dele [ainda que comparado à realidade de um anúncio boca-a-boca]. Gosto de semear caracteres, mesmo duvidando de alguns ambientes receptivos. Mas não substituo alguns aspectos das dinâmicas do meu cotidiano pelo bom papo “live” e em “high definition” na realidade. É por essas e outras que o tal de eme-esse-ene [e similares] nunca me seduziram. No Brasil a Google está com tudo e não está prosa. Orkut é a maior rede de relacionamentos on line da pátria tupiniquim. Gasta-se [ou perde-se?] horas diante da telinha trocando impressões, montando álbuns da última balada, photoshopando uma olheira daqui e dali, um pneuzinho daqui e dali, enfim, maquiando o que pode [e o que não pode] a fim de aparentar o que não se é de fato.

Conteúdo? Até os que dizem gostar, rendem-se às seduções das aparências do que nunca foi. O processo de auto-engano é viciante na virtualidade. Tem gente que foge da realidade, literalmente. Outros tantos precisam – quase desesperadamente – dos sonhos projetados; do contrário, sobra a realidade do que se é. Mas será que o que se é é tão apavorante assim? Por que projetar é mais “divertido”? Aparência ,como já diz o termo, é apenas o que aparenta ser. Não é. Aparenta. E se apenas aparenta, tudo volta à estaca zero: não é. Ponto final. Agora, vá lá se entender porque “não ser” fascina tanto!...

7 comentários:

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Ei!
Passando pra te ler.
Lindo domingo!
Bjins entre sonhos e delírios

CONfeSSo disse...

Olá, sempre dou umas olhadelas aqui e não pude deixar de comentar seu texto pela simples coincidência com tudo o que tenho pensado a respeito do mundo virtual.

Concordo plenamente quando você diz que "nada substitui a presença" e não subistitui mesmo, mas às vezes acabamos nos contentando com a "presença virtual". Quando a solidão se abate o msn ajuda bastante.

Sobre o "não ser", acho ridículo as pessoas usarem de ferramentas, como o Photoshop e outros editores de imagem, para se mascararem, para mostrarem ao mundo o que gostariam de ser, porque é isso que elas fazem. Isso demonstra-me somente uma coisa: Falta de coragem para ir atrás dos objetivos.

Enfim, Parabéns.

Obrigado pelas contribuições virtuais que afetam diretemente algumas realidades inalcançáveis fisicamente.

Hugo de Oliveira disse...

Amigo...quanta saudade de passar por aqui. Muitas coisas aconteceram durante essa minha ausência por aqui.
Por pouco eu não desisto do blog...mas graças a força dos amigos...estou forte.

Dei uma mudada em meu blog..de pois passar lá pra conferir, ok.


Abraços em tua alma.

Hugo

[Farelos e Sílabas] disse...

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Reflexo:

Ups! Agradecendo com a mesma leveza de presença, tanto pelas palavras semeadas quanto pelo domingo...

Beijo entre versos de poesia!

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HSLO:

Oi, amigão!
Saudades recíprocas! (rs)
Tantas coisas aconteceram...
Contudo, restou a presença-presente!
Abraços com intensidade e fé!

P.S.: Vou passar lá, aguarde!

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[Farelos e Sílabas] disse...

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ConfeSSo:

Que bom te receber nas linhas do teu comentário! Fico feliz por vir e por deixar “marcas” da chegada...

Pois, então. Virtualidade acaba cansando apenas porque o que “não é” pode até ter seu momento de “aparência de ser”, mas logo logo se esvai com a realidade de que nunca foi de fato... O efeito acaba. A sobriedade é a realidade, não há como negar. Confesso todas essas realidades em mim apenas porque vivo o processo no seu momento final. Quero os sabores da presença, os cheiros exalados no convívio, os sons e os toques orquestrados por estar junto. É só o que desejo quando falo em “presença-presente”.

Ultimamente este alvo tenho buscado em meio a gente que se basta em ser gente cercada de humanidade!

Obrigado pelo carinho presente! Bom domingo!

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Mãezinha, Anna Maria disse...

Filho querido, vim dar uma lida correndo nos seus últimos artigos. Quando li este artigo, eu procurei entender e fiquei pensativa porque realmente a presença, o tocar no outro, o olhar, etc... é essencial em nossas vidas e eu concordo plenamente. Só que a distância geográfica torna impossível a gente se ver, se tocar, se olhar, não é mesmo?
Outra coisa, o tempo que às vezes a gente gasta em frente a esta telinha é talvez para sentir mais a presença daquele ou daquela pessoa que sentimos saudades, e apreciando uma foto, a lembrança é sempre frequente.
Bem, estou dizendo isto por mim, pois amo colocar minhas fotos para que as pessoas que me querem bem, se lembrem de mim e muitas vezes uma foto do perfil costuma traçar o sentimento ou de alegria ou tristeza. Daí surgem recadinhos que levantam o astral, nos faz refletir porque estamos assim...
Eu mesma, muitas vezes procuro me enfeitar, maquiar, ficar mais bonita, fazer coisas que gosto, talvez para aparentar um sonho que sempre tive na infância e na adolescência e que só agora aos "quase" 70 anos tenho realizado e o mais interessante é que foi através do meio "virtual" que um dia nos encontramos, lembra?
Era isto, meu filho, queria só colocar o meu ponto de vista quanto ao "virtual".

Um beijo grande no seu coração.
Mãezinha

Valmir disse...

Você tocou num tema muito interessante: a maquiagem eletrônica. Acontece muito esse tipo de tratamento, as vezes um desfoque ou a aplicação de algum filtro q impeça a real observação de uma imagem ou mesmo a escolha de um ângulo que reconhecidamente lhe caia melhor. Esses são alguns artifícios para se esconder ou para ocultar a real imagem, mas convenhamos que essas pessoas são geralmente as que não aparecem nunca, as que nunca vemos , que se escondem para que nunca possam ser “desmascaradas”. À essas cabe a virtualidade eletrônica e que sejam felizes. Aos que gostam de abraços apertados, toque, olho no olho, meu conselho é que procurem o amigo mais próximo.
Abraço, e saiba curto muito seus textos, sempre me fazem ficar com o olhar parado num ponto qualquer de onde quer que eu esteja.

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