quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Crônicas do mundo virtual – I



Quero construir uma casa bem segura, mas não dispenso o conforto. Uma casa tão linda quanto firme, é o que preciso. Obviamente, beleza e conteúdo são decorações que dependerão apenas de meu olhar. As paredes precisam ser altas e ter bom prumo. O telhado não precisa ser clássico, mas experiência nas tempestades é uma virtude indispensável. Preciso de material para começar a tornar tudo realidade, dar forma e formosura ao sonho. Um amigo me indica coisas interessantes a bom preço. Só tem um probleminha: a quantidade de promessas “fakes” é enorme, o que exigirá paciência monástica e uma capacidade absurda de discernimento das propostas, das chantagens e até das apelações. Preocupado e ao mesmo tempo curioso, entrei. Vamos ver no que dá, pensei. Como há de tudo na vitrine indicada! Tem material que a gente jura ser sólido, mas se dissolve num simples gesto de contrariedade. Tem ainda aqueles materiais cujo mostruário é pura jura de tudo o que você estiver precisando. Eles juram que serão a melhor aquisição feita por você. Não agüentam um tranco, o produto quebra pela falta de consistência. É apenas ‘pra inglês ver’. Vi alguns outros querendo a todo custo ser peças de uma casinha feliz, bem estilo família. Pura malandragem, logo percebi. Só estão querendo sair da vitrine e contabilizar mais um 'consumidor' desatento. É, a lei do mercado não perdoa os desavisados... Pareço frio com o teor da palavra, mas ninguém duvida que para muitos pessoas são coisas. E coisas-pessoas se garantem em meras estatísticas de consumismo, coisa de gente diluída no próprio ser, sabemos. A regra é não ter regra. Se alguns não se importam em ser coisas-pessoas, tudo o mais se apequena. Rodando por todas as seções, caminhando por ‘ene’ corredores, dos mais simples aos luxuosos, a constatação é que um bom material rarissimamente se encontrará por aqui. Estoque esgotado. Sem previsão de reposição. Dei-me conta dos elementos encontrados nas esquinas da natureza, produtos que se podem olhar e até tocar por fora das vitrines. Madeira de lei, virtude que enobrece. Material sólido para uma casa firme. Elementos personalizados, únicos. Produto de incomparável qualidade. Estão lá. Às vezes, bem pertinho de nosso território. E é seguindo as setas de minha intuição que continuarei meu rumo. E meus sonhos. E minhas esperanças. E tantas certezas famintas de concretude. Tenho uma casa pra construir! Por aqui, só de passagem. E olhe lá!

Adeus, vitrines!


Nota de rodapé: estou voltando e farelando sílabas aos poucos, pegando tijolinhos e poeirinhas de pão de cada vez, montando o texto sobre meus sonhos, untando as letras com saudades e tantas outras coisas que nem sei... Há quantos meses não postava por aqui! Estou surpreso!...

8 comentários:

Wans disse...

Que bom que retornou, seu link no meu blog tava lá em baixo há séculos. Bom retorno e boa construção.

bjão!

[Farelos e Sílabas] disse...

Wans:

{risos}

{felicidade}

O retorno é sempre bom. É igualzinho a um recomeço consciente. A gente se dá pela esperança que virá!

Tô aqui nos tijolinhos, mas vamo que vamo!

Beijo + saudade + gratidão

Serginho Tavares disse...

Não postas há 5 meses mas vindo de você eu entendo, não aceito, mas entendo.
É que a saudade é grande queridão

Beijos

Anônimo disse...

Não sei se você se lembra de mim e do InterTextual. Você deixou algumas impressões interessantes por lá e eu também andei lendo o teu blogue antes de você se ausentar.

De vez em quando eu vinha aqui conferir se havia atualização. Feliz que tenha retomado a produção. Gostei da crônica, sobretudo por se tratar de uma auto-análise, uma revisão das posturas e uma tomada de atitude.

Se puder, depois dê uma olhada no que venho publicando no InterTextual.

Um abraço e bem vindo de volta.

[Farelos e Sílabas] disse...

Serginho:

Ô amigão! Saudades!

Estes meses não foram capazes de nos separar!

Estejas certo!

Grato pelo carinho!

Beijão!

[Farelos e Sílabas] disse...

Márcio:

Lembro sim, rapaz!

Estou gerundiando, diria.

Voltando aos poucos.

É que também ando postando idéias e pensamentos pelo face...

Mas cá estou e, confesso, saudoso de voltar lá no Inter Textual!

Abraços_______em retorno!

Daniel Savio disse...

Neste caso, só resta procurar a fama do produto a ser comprado e contar um pouco com a intuição...

Fique com Deus, menino.
Um abraço.

JACI FERREIRA disse...

Desde ontem estou encantada com seu blog, com a qualidade e sensibilidade dos textos. Por favor, volte a escrever, suas palavras enchem de poesia o cotidiano tão carente de belezas!
Sei como é construir, tenho uma chácara que foi feita com muito carinho e dedicação, anos de espera para solidificar meu sonho. Boa sorte, você é uma pessoa abençoada! escreva sempre! Grande abraço, JACI

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