O que eu quero? Melhor quando reflito sobre o que não quero. E o que não quero? A linha que não cabe palavra. A palavra que mal dita, agride. O que foge e leva o que não era seu. O que antes estava e não permaneceu porque sem amor. A idéia que, infecunda, não germinou em ação. A semente que mirrada não vingou plantinha alguma. A vingança que corrói a justiça. A ansiedade que intimida a fé. O calor que a chuva de verão não leva. O tempo que muda bruscamente com a nuvem. A palavra que fura versos num tapete de idéias ocas. Os buracos dos furos da agulha nos dedos de quem escreve. Os buracos dos furtos e das balas no peito de quem passa. As histórias que não queremos ouvir. A vida que nos conta mesmo assim. O abraço apressadamente desabraçado. O beijo insípido e incolor. O tempo fora de tempo. O homem pedrado que não sente. A incerteza atroz que rege o momento seguinte. O instante em que tudo de repente se foi. O susto. O grito. O “foi-se”. A falta de chão, qualquer um, até na realidade. E o que não quero mais não-querer. O que não dá mais pra querer. Estranho é o querer e o poder. Nem sempre somos enquanto temos. Ter-se-ia sem ser? Só o amor constrói o bem-querer. Mas a alma insiste sempre em querer ser mais. Eu disse mais. Ecoa o mais, mais e mais. Mas se não quisesse o que não quero? Dependeria de mim apenas. Vale à pena não querer algumas coisas que deixaram de ser coisas, idéias, atos e preparos. Não quero o que não for meu. Não quero o que foge com a paz. Não quero palavras furadas em papos igualmente furados. Não quero agulhas, furtos ou balas no peito. Sequer a violência eu quero, até a que acontece. Não quero saber pra não saber como proceder. Não quero estar onde minha consciência não se sinta bem. Nem se assente bem. Não quero querer o mal. Não quero o bem mal querido. Indiferença também não quero. O medo quero é lançado distante de mim. O perfeito amor lança fora todo o medo. Medo de querer ser simplesmente eu, muito prazer? O mundo tem muitos quereres. Eu apenas alguns poucos na minha imensidão-de-mim. Mas são legitimamente meus. Eu os germinei como quem quer desde sempre nas minhas terras. Alguns passei a querer depois de me sentir querido. Continuam meus quereres. Mas não quero a verdade-mentira ou a mentira-mentira. Assim como não quero a palavra que não semeia vida ou a mera aparência do bem. Aparência, aprendi, é o que aparenta mas não é. Querer o que não é? Que susto! O homem é o que é. Eis um grito de verdade! Se não me quiserem? É o “foi-se” uma resposta? Um certamente quererá! Caberá a você fazer a melhor leitura Daquele que me quer antes que eu O quisesse em mim!
quarta-feira, 23 de julho de 2008
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2 comentários:
eu quero muita coisa e todas de cada vez
pra não enjoar é claro
te amo
beijos
Puxa filhote, eu não havia comentado nada neste seu texto e achei maravilhoso.
Hoje tive mais tempo e vim nos seus farelos antigos, queria ver se tinha alguma homenagem prá mim, pelo meu "niver", mas dancei, que pena! Não tem importância, letras e palavras não tem muita importância para mim, o que mais me importa é a presença.
De qualquer maneira quero deixar a minha admiração pelo texto e pela sua linda foto. Você está cada vez mais lindo!
Um beijo da sua mãezinha que te ama muito, ANNINHA
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