domingo, 18 de março de 2012

Crônica dominical de final de verão


Cachorras, sexo e brioches – numa época de ofertas fáceis, amor é privilégio que poucos e poucas querem ter...



Estava procurando uma receita de bolo simples. Queria alguma coisa bem simples, porque de simplicidade é que a vida se torna rica (bela, quero dizer).


Daí, folheando uns artigos, encontrei uma história retratada no quadro de um psicanalista. “Por que as cachorras acabam se dando bem?”, perguntava a leitora. Aquilo me chamou a atenção. Viajei pra dentro daquele contexto e foi inevitável pensar nas letras de músicas que ouvi, aqui de casa, na noite de ontem, quando de alguma comemoração na vizinhança... Não, não enlouqueci nem soltei os meus cachorros! Souberam respeitar a lei do silêncio. Até lá, no entanto, ouvi várias vezes as letras enigmáticas sobre os seres-cachorros...


Mas o artigo me interessou neste momento de tanto protesto a que mergulhei. Protesto por perceber a ruína dos valores e da própria ética no dia a dia. E continuei lendo aqueles parágrafos até me deparar com uma letra de Gabriel, o Pensador, que na sua linguagem musical foi capaz de dizer “não inveje as cachorras...”. E por que disse isso? O articulista se adiantou em responder... “Elas ‘dão muito’... mas não levam nada... e envelhecem amarguradas.”


E prosseguiu: “Ora, até para ter plenitude de prazer sexual tem-se que ter mais do que um corpo de macho ou fêmea em atrito sexual sobre a pele. Gozo é privilegio do amor e da confiança; não do sexo.


A maioria das mulheres que conheço que ‘dão muito por aí...’, não sabem até hoje o que é prazer. Confundem a biologia animal do prazer com a plenitude dele. Aí é que tá: essa plenitude só vem do amor. Prazer sem amor existe, é verdade, mas não é profundo e nem realiza o ser.


Sexo sem amor enjoa como qualquer outra coisa...


O que faz do sexo algo sempre novo é o amor... Nunca desista do amor, pois um dia ele te achará! Portanto, cuide de você... investindo em você... se amando!”


Tenho que concordar: amor, esse ‘sentimento-dom-maior-que-meu-desejo’ está ficando cada vez mais raro, diz-se até que nestes dias tão egocêntricos a tendência é se esfriar de muitos corações. Até a Bíblia dos cristãos assegurou isso sem precisar conhecer a contemporaneidade. E eu creio. Por isso, pra mim, uma pergunta pertinente a se/me/nos fazer é a respeito do que sentimos fome.


A fome de quem almeja amar sem posse, sem controle, sem coisificar o ser que ama, mas deixando-a(o) livre pra ser com saúde emocional, deve ser a de construir caminhos de certeza. Quem se ama, por exemplo, não se angustia por ter sido esquecido(a). Quem se ama, sabe que o amor nunca nos deixará na mão, desnutridos. É desta certeza que falo. O amor existe. E a certeza de que ele existe é sempre um dos meus mais fortes alentos para viver neste mundo onde quase nada do que de fato é, é visto como sendo, pois, aqui, só vale o que parece ser. Porém, mesmo passando alguns dias ensimesmados (coisas minhas, reflexões, sonhos que mudam de cor, vontades não supridas, etc), não consigo deixar de crer no que está arraigado em mim como uma espécie de fome saciada: a certeza de que o amor é!


E quanto a fome das cachorras e dos cachorrões?


Tenho um amigo que responderia isso de uma maneira bem peculiar (sem deixar de ser sensata): que elas e que eles comam brioches já que não tem (porque não fazem questão de ter) pão-amor!


2 comentários:

Serginho Tavares disse...

mas que sexo é bom é bom demais
não enjoei ainda
rs

beijos meu amigo lindo carioca suingue sangue bom

[Farelos e Sílabas] disse...

De fato, Serginho, é algo____________________muito bom!

Agora, com amor, é o que há!

Né, não? {rs}

Beijão, meu amigo!

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