segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Neste [singular] Dia dos Pais...




Hoje, domingo com céu pra lá de azul. Cores fortes contrastando com algumas pinceladas de muitas lembranças. Todas boas, deixo bem claro. Talvez por isso mesmo, vale salientar que as lembranças que mais permearam o firmamento no azul do [meu] pensamento foram as que meu pai deixou nos anos que desfrutei de sua presença-companhia. Hoje foi mais um daqueles exercícios para revisitar meu baú de [boas] lembranças dele. Senti falta dos sabores dos seus sorrisos e das palavras de gratidão quando lhe dava aquele abraço bastante filial, uma espécie de código sob cuja identificação nos reafirmávamos pelo carinho. O carinho a nosso modo. A aparente austeridade de meu pai revelava na intimidade dos mais chegados uma comicidade ímpar. De tudo fazia piada. Éramos bons amigos. Leais e ainda assim imperfeitos dentro de nossa construção de homens. Confesso, doeu um pouco lembrar tanta coisa. Saudade tem um que dessas coisas. Às vezes, dói, né?! Há quatro meses digo que sim. E muito.

Lembrei-me de meu pai até quando decidi comprar um bouquê de flores azuis um pouquinho antes da hora do almoço. Devocionalmente, ofereci à sua memória. Eu e meus pensamentos celebramos um ritual profundamente particular, tanto que só meu “eu” participou... O primeiro Dia dos Pais sem a presença física do pai a gente nunca esquece. Porém, mesmo sem esquecer, a gente caminha sob inspiração de quem soube ter sido por ele muito amado. Foi a partir daí que lembrei-me do poder da gratidão. É tal como água banhando o sorriso das flores do jardim. Sei o quanto sorriem. Torna-se evidente quando as cores se levantam para o brilho passar. Há um viço nisso tudo. Flores. Cores. Jardins vivos de lembranças. O saldo foi positivo. Toda boa lembrança é sempre positiva.

No decorrer do dia, uma palestra com o advogado Marcelo Turra para a qual tinha me agendado a assistir. Era o final da tarde. À noite, um aniversário. Não era de pessoa, mas de pessoas. Um grupo que milita em prol de um mundo mais justo. Estive em ambos os compromissos. Foi lindo encontrar e reencontrar tanta gente amada. Eram as minhas flores com sorriso de vida. Mais uma vez, percebi viço em tudo aquilo. Flores. Cores. Vidas. Pessoas. Histórias. Aqueles jardins!

Na volta, caminhando para pegar o metrô, meu amigo Pierre aponta o deslumbre com a vista. Olho correspondendo em reverente atenção. No alto do Corcovado, um Cristo cujo coração iluminado destoava na paisagem eternizada como cartão postal desta cidade. A iluminação em homenagem ao Dia dos Pais foi a atração para milhões de pessoas que avistaram o Cristo Redentor na noite deste domingo, 9 de agosto.

Com um azul no manto e um tom diferenciado no rosto, o monumento ganhou também um “coração” de luz. “A ideia era humanizar a estátua”, explicou o idealizador do projeto, Peter Gasper. O barato de tudo era que a luz vermelha simulava artisticamente os batimentos cardíacos. Eis nos detalhes as cores e o viço que compuseram o cenário do meu Dia dos Pais. Um jardim vivo de boas lembranças e com muitos aromas de saudades...





P.S.: O texto, ainda que escrito no domingo, acabou sendo publicado no primeiro minuto desta segunda-feira por alguns problemas técnicos com a internet. Eis a razão pela qual o tempo verbal no decorrer do texto faz menção ao [presente] domingo, o Dia dos Pais.

3 comentários:

Hugo de Oliveira disse...

Que lindo amigo...gostei viu.
Porque o senhor sumiu do meu espaço.

Abraços

Hugo

[Farelos e Sílabas] disse...

===

Hugo:

Rapaz, andei lendo seus posts.
Resolvi deixar umas pegadas por lá.
Depois, quando puder, observe as areias!

E pra que as reticências falem: abraços, amigo!

===

Mãezinha Anna Maria disse...

Filho querido, que mensagem mais linda... que carinho para aquele que não está mais presente fisicamente, mas está e estará sempre presente em sua memória e de muitos que realmente o conheceram.

Me lembrei do paizão (nica), pois todos os anos ele fazia questão de chamar os filhos casados para almoçarem junto com ele. Este ano, só eu e o Luiz ficamos lembrando da presença dele.

Outra coisa maravilhosa foi esse pequeno vídeo mostrando o jogo de luzes que colocaram.

Lindo demais!
Você sempre presente em tudo.
Obrigada pelas alegrias que você nos proporciona com seus escritos.
Beijos.
Mãezinha

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